segunda-feira, 13 de outubro de 2025

"Os Maias", dançado

  Pela primeira vez na forma de bailado, o romance de Eça de Queirós estreia-se no Teatro Camões a 16 de Outubro, estando previstas dez apresentações, até dia 26 do mesmo mês. É uma criação de Fernando Duarte, coreógrafo e director artístico da CNB, um bailado em três actos que conta a trágica história do amor incestuoso de Carlos da Maia e Maria Eduarda. 




Foi o que eu li e ouvi ontem. 

Também vi alguns passos na Tv2 o que aguçou a minha curiosidade. O romance de costumes de Eça de Queirós, em passos de dança, estreia absoluta. O que diria Eça perante tal representação artística, ele que tinha sempre uma palavra a dizer acerca do que se passava na sociedade lisboeta?

Senhor de uma Obra gigantesca, sendo "Os Maias" uma das mais conhecidas, publicada em 1888. Esta trata da história de três gerações da Família Maia, na qual vemos desenrolar a tragédia de Carlos e Maria Eduarda, irmãos, mas também temos contacto com personagens que agilizam a trama como o retórico João da Ega e o Eusebiozinho, representante da educação tradicional e retrógrada portuguesa.

O autor inicia o livro com a descrição d'o Ramalhete que nada tem de campestre e fresco, antes pelo contrário de ambiente bastante escuro e pouco apelativo. Apesar do tema delicado, vemos que ao longo da obra não perde a oportunidade de aplicar a sua fina ironia e crítica na leitura das situações que se apresentam nas reuniões burguesas da Lisboa do século XIX.

Vou aproveitar para reler "Os Maias".


Abraços, amigos.

Boa semana.

Olinda


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Imagem: daqui 

"Os Maias" - em PDF

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Ana Paula Tavares - Prémio Camões 2025

 




"A massambala cresce a olhos nus"

Vieram muitos
à procura de pasto
traziam olhos rasos da poeira e da sede
e o gado perdido.

Vieram muitos
à promessa de pasto
de capim gordo
das tranqüilas águas do lago.
Vieram de mãos vazias
mas olhos de sede
e sandálias gastas
da procura de pasto.

Ficaram pouco tempo
mas todo o pasto se gastou na sede
enquanto a massambala crescia
a olhos nus.

Partiram com olhos rasos de pasto
limpos de poeira
levaram o gado gordo e as raparigas.


 O lago da lua - 1999



 



De alguns dos excelentes poemas de Ana Paula Tavares que já publiquei, optei por republicar "Vieram muitos" por me lembrar a luta do povo Kuvale do sul de Angola, povo esse registado por Ruy Duarte de Carvalho, em "Vou lá visitar pastores". Também Pepetela dedica algumas páginas no seu livro "Yaka", ao drama desse povo. 

Ana Paula Tavares, angolana, escritora, historiadora, cuja biografia consta já no Xaile de Seda, conta com uma obra de respeito e já tive oportunidade de falar sobre ela e, como disse acima, de publicar poemas seus. Portanto, não me surpreendeu que o júri do Prémio Camões lhe tivesse atribuído o mais alto galardão de literatura em língua portuguesa. 

Aproveito para deixar aqui mais um dos seus poemas, que muito aprecio:


MUKAI

(2)


O ventre semeado

desagua cada ano

os frutos tenros

das mãos

(é feitiço)

nasce a manteiga

a casa

o penteado

o gesto

acorda a alma

a voz

olha para dentro

do silêncio milenar.

Ana Paula Tavares

(O lago da lua)




Welwitschia - Deserto do Namibe





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Ana Paula Tavares - aqui, no Xaile de Seda.

Buala: Três olhares sobre a etnia kuvale

AMOR

 




o teu rosto à minha espera, o teu rosto
a sorrir para os meus olhos, existe um
trovão de céu sobre a montanha.

as tuas mãos são finas e claras, vês-me
sorrir, brisas incendeiam o mundo,
respiro a luz sobre as folhas da olaia.

entro nos corredores de outubro para
encontrar um abraço nos teus olhos,
este dia será sempre hoje na memória.

hoje compreendo os rios. a idade das
rochas diz-me palavras profundas,
hoje tenho o teu rosto dentro de mim.

José Luís Peixoto
in "A Casa, A Escuridão"



José Luís Marques Peixoto ( 04/09/1974) é um escritor, dramaturgo e poeta português,
cuja primeira obra foi publicada em 2000. Com apenas 27 anos, José Luís Peixoto foi o mais jovem vencedor de sempre do Prémio Literário José Saramago. Desde esse reconhecimento, a sua obra tem recebido amplo destaque nacional e internacional. Os seus livros estão traduzidos e publicados em 26 idiomas. Foi o primeiro autor de língua portuguesa a ser traduzido e publicado na Arménia (Morreste-me, 2019), na Geórgia (Galveias, 2017) e na Mongólia (A Mãe que Chovia, 2016).aqui




Julio Iglesias
Amor, Amor






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Poema: citador
imagem: pixabay

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Tertúlia de Amor (3)



Convite da amiga Rosélia para esta 

Tertúlia de Amor

a decorrer até Dezembro

(Um post por mês)

BLOG: AMORAZUL


***


Livro da Vida


Entre conversas alegres e risos

Viu-a sentada, concentrada a ler

Um livro que parecia muito 

interessante


Alheia ao que se passava à sua volta

um ambiente de sonho promovido 

pela anfitriã, cheio de luz e de sabores

campestres 


A música soava como um convite ao

enamoramento, a que o perfume das flores

em jarras coloridas emprestava brilhos

 de Sonho


Aproximou-se enlaçou-a pela cintura

E espreitou por cima do seu ombro

Interrompeu-a perguntando-lhe o

que estás a ler?


Com um sorriso doce e encantado

disse: O Livro da Vida, que nos leva 

numa viagem maravilhosa e ensina

a doçura do amor


Uma experiência humana em que os mais 

belos sentimentos se aliam e fazem de nós

Os protagonistas de uma bela história

por demais desejada


SER FELIZ!


Olinda




Almir Sater

Tocando em Frente




Abraços, amigos.

Olinda




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O Livro da Vida, segundo Kahlil Gibran | e-cultura

Imagem: pixabay