No dizer de Pierre Goubert, as revoluções perturbam as próprias bases do governo e da legislação, reclassificam os grupos sociais, revelam homens novos e frequentemente jovens, deslocam pelo menos em parte a propriedade e renovam sensivelmente as ideias, as mentalidades e as paixões.
Isto dito num contexto de análise de uma outra revolução, num outro tempo e espaço geográfico, mas que vem ao encontro das especificidades do ambiente vivido na sequência da Revolução de Abril de 1974, durante o chamado Prec, processo revolucionário em curso, período conturbado com acções como a reforma agrária, nacionalizações, saneamentos, movimentos populares e que culminaria no golpe militar de 25 de Novembro de 1975. Nem sempre imperara o bom senso e sabemos que muitos acabariam por abandonar o país por terem ficado sem os seus bens e sofrido lamentáveis reveses.
Isto dito num contexto de análise de uma outra revolução, num outro tempo e espaço geográfico, mas que vem ao encontro das especificidades do ambiente vivido na sequência da Revolução de Abril de 1974, durante o chamado Prec, processo revolucionário em curso, período conturbado com acções como a reforma agrária, nacionalizações, saneamentos, movimentos populares e que culminaria no golpe militar de 25 de Novembro de 1975. Nem sempre imperara o bom senso e sabemos que muitos acabariam por abandonar o país por terem ficado sem os seus bens e sofrido lamentáveis reveses.
A calma foi voltando, entretanto. Em 1976 foi aprovada a nossa Lei Fundamental, a Constituição que veio substituir a de 1933, com uma nova visão sobre a sociedade. O Estado de direito afirmou-se, funcionando em pleno através das suas instituições.
Assim sendo, esbatido o inicial fulgor revolucionário e, tendo como referência as comemorações oficiais relativas à Revolução de Abril de 1974, estas já não acontecem nas ruas nem nas praças, nem em tribunas improvisadas, com vozes inflamadas e discursos apaixonados. É lá dentro, no hemi-ciclo parlamentar que tudo acontece, obedecendo a protocolos, através das vozes dos representantes que elegemos, na presença de auditório convidado para o efeito. Tudo muito direitinho e organizadinhho.
Neste momento, a geração sobreviva, perante a crise financeira e de valores que atravessamos, ainda procura a antiga chama de modo a alimentar rasgos de patriotismo. Ouvi um comentador dizer, num dos canais de tv, nas vésperas do dia 25: Nós, os que temos agora 40 anos, somos os filhos daquela madrugada... E gostei. Que esta geração e as vindouras, filhos dos filhos dos filhos daquela madrugada, possam receber em suas mãos, amorosamente, o testemunho em direcção à longa caminhada que está por fazer.
*****
Voltarei, na terça ou quarta, com o meu último post relacionado com a etiqueta Leituras de Abril. Desta feita trarei Almeida Santos, em Quase Memórias.
Tenham um bom fim de semana.
Abraço
Olinda
Nota: Por motivos técnicos não pude publicar este post no sábado. Então, os meus votos vão agora para um belíssimo início de semana. :)
*****
Ouvir: Filhos da madrugada, de Zeca Afonso
Referência a Pierre Goubert, in: História Concisa de França, Vol.II, pg.7
Imagens retiradas da internet