Uma viagem perene na busca da nossa essência. Uma caminhada que começa onde acaba e acaba onde começa, connosco a empurrar a rocha das nossas imperfeições, incessantemente, montanha acima qual Sísifo. Ciclos que se renovam nem sempre pelos melhores motivos. Insanidades. Desvios de personalidade. A descrença e o espanto instalam-se no mais recôndito do nosso ser. E o caminho que falta percorrer é estreito, íngreme e longo.
Hoje trago-vos Ana Hatherly, professora, escritora e artista plástica portuguesa, em A corrida em círculos, e um seu desenho constante de uma mostra realizada no âmbito do projecto Acervo de Desenho da Casa da
Cerca, em 2012.
O círculo é a forma eleita:
É ovo, é zero,
É ciclo, é ciência.
E toda a sapiência.
É o que está feito,
Perfeito e determinado,
É o que principia
No que está acabado.
II
A viagem que o meu ser empreende
Começa em mim,
E fora de mim,
Ainda a mim se prende.
A senda mais perigosa
Em nós se consumando,
Passamos a existência
Mil círculos concêntricos
Desenhando.
Ana Hatherly
"Passamos a existência mil círculos concêntricos desenhando".Será que o desenho e o poema se completam?
Desejo-vos uma óptima semana, meus amigos.
Os meus agradecimentos pela vossa presença e pelos vossos comentários.
====
Poema em:As aparências, 1959 - daqui
Imagem:Desenho de Ana Hatherley