Fala a língua de Camões com a desenvoltura necessária para se fazer entender, empregando os termos do dia a dia, e outros que as vendedoras das feiras usam, como querida, vizinha, o que cria empatia com a freguesia. A troca do erre pelo éle, e um certo enrolamento que dali advém, não estorva em nada a sua eficiência. O seu lugar é sempre em frente à máquina registadora. Não há multibanco. Sorridente, ela controla tudo, não só por vigilância electrónica como através dos seus olhos atentos.
Jia Li tem marido e dois filhos. A filha fez o secundário e tirou a carta de condução ainda não há muito tempo. O filho que, se não nasceu por cá pelo menos tem sido criado, está um rapagão, tratam-no por Zé, em termos práticos, deixando provavelmente o nome chinês para o recesso do lar.
Todos trabalham, excepto o rapaz que ainda anda na escola. Mas quem sabe se quando acabar o secundário não irá trabalhar no mesmo. Ou então, com outra mentalidade, já mais ocidentalizada, talvez queira continuar os estudos ou seguir outros caminhos.
O negócio tem-se expandido. De início numa loja onde tinha havido um negócio de ferragens, estendeu-se para um espaço a paredes meias com uma ourivesaria. Em frente, também ocupam uma casa térrea que parece servir de armazém. A rapariga toma conta, há algum tempo, de uma loja de roupas no quarteirão a seguir àquele onde se encontra a mãe.
Vemo-los sempre com o mesmo aspecto, sem luxos, trabalhadores que batalham todos os dias.
Olho para Jia Li na sua azáfama, na sua amabilidade contida, nos seus gestos precisos, sempre no seu posto de trabalho sem quebras e eu ponho-me a pensar: Quando é que ela terá tempo para pensar em si própria, mimar-se um pouco, nos seus desejos e sonhos? Quais serão os seus objectivos mais caros? Será apenas juntar um bom pecúlio e voltar para o torrão natal? Ou ficará por cá na sua labuta incessante?
Meus amigos, desejo-vos um bom fim de semana.
Abraço.
O negócio tem-se expandido. De início numa loja onde tinha havido um negócio de ferragens, estendeu-se para um espaço a paredes meias com uma ourivesaria. Em frente, também ocupam uma casa térrea que parece servir de armazém. A rapariga toma conta, há algum tempo, de uma loja de roupas no quarteirão a seguir àquele onde se encontra a mãe.
Vemo-los sempre com o mesmo aspecto, sem luxos, trabalhadores que batalham todos os dias.
Olho para Jia Li na sua azáfama, na sua amabilidade contida, nos seus gestos precisos, sempre no seu posto de trabalho sem quebras e eu ponho-me a pensar: Quando é que ela terá tempo para pensar em si própria, mimar-se um pouco, nos seus desejos e sonhos? Quais serão os seus objectivos mais caros? Será apenas juntar um bom pecúlio e voltar para o torrão natal? Ou ficará por cá na sua labuta incessante?
Meus amigos, desejo-vos um bom fim de semana.
Abraço.