domingo, 30 de outubro de 2022

Limões

 



De vestido de chita, cabelos ao vento, ela segue olhando ao seu redor com olhar curioso. Tudo lhe interessa: as pedras da calçada que fazem desenhos tão interessantes, talvez de tempos idos; admira essa arte e a paciência de quem, de cócoras, afaga os paralelepípedos até se encaixarem nos respectivos lugares; os azulejos que enfeitam as paredes de prédios de outrora, muitos deles, todos com motivos surpreendentes. Pega no telemóvel e vai registando alguns. Regra geral, prefere olhar, interiorizar, registar mentalmente. Dá outro sabor ao passeio. Sente-se apenas ela e os elementos que a envolvem. A um canto sob uma reentrância vários bocados de papelão a tapar pertences em sacos de plástico de alguém que estará algures, mas bem perto. Um abrigo quase permanente para passar a noite. Ela ouve um apito. Um barco-cruzeiro passa não muito longe. Leva dentro o sonho de uns dias bem passados, com passagem por vários portos. Sonho de uns dias, para depois se voltar ao rame-rame habitual e enquanto assim for tem-se de dar graças a Deus. Que o mundo não está para graças. Passa pelo mercado, uma obra de arte lá dentro, nas paredes painéis de azulejos retratando as várias actividades. Atenta, ouve queixas daqui e dali. Tudo caro. Tudo pela hora da morte. Em poucos dias, os artigos de primeira necessidade subiram de tal modo que quase se não lhes pode chegar. Então peixe e carne, um luxo. Na ansiedade e pânico das carências, quem pode enche os carrinhos, nos supermercados, com artigos de vária ordem, ou seja, açambarcando aquilo que pode fazer falta a outros de poucas posses. Ela olha à volta. Vislumbra uns belos limões. Era do que precisava.




A Rosinha dos Limões
Letra e música de Artur Ribeiro- aqui
Canção interpretada por Max




Bom domingo, amigos.

Abraços
Olinda


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Foto da filha- Alentejo

A Rosinha dos Limões-Letra e música de Artur Ribeiro- aqui
Canção interpretada por Max


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Que germinem rosas




Que germinem rosas. E as palavras sejam
Aquelas que o momento pede
E de tão puras se desfolhem
Pelas ruas.

E sejam eco
E cristal

Agora tombado sobre a mesa
E o vinho azedo.

Marginal a vida
Que outra glória busca o fogo.
Mais que arder
Alimentar
O cântico

In: Coreografia dos Sentidos, 2021
pg.80



Do Autor, assinalo ainda:

"Perfil dos Dias", editora Modocromia, 2019
"Do Amor e da Guerra - Fragmentos", editora Modocromia, 2018.
"Caligrafia Íntima", Poética Edições, 2017
"Do Esplendor das Coisas Possíveis", Poética Edições, 2016
"Notícias de Babilónia e Outras Metáforas", editora Modocromia, 2015.
"Poemas Cativos", Poética Editora, 2014.

Ver biografia aqui


O Blog: Relógio de Pêndulo

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Imagem: pixabay

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Cântico do pássaro azul em Sharpeville*




Os homens negros como eu
não pedem para nascer
nem para cantar.
Mas nascem e cantam
que a nossa voz é a voz incorruptível
dos momentos de angústia sem voz
e dos passos arrastados nas velhas machambas.

E se cantam e nascem
os homens magros de olheiras fundas como eu
não pediram a blasfémia
de um sol que não fosse o mesmo
para uma criança banto
e o menino africânder.

Mas homens somos
e com o mesmíssimo encanto magnífico
dos filhos que geramos
aqui estamos
na vontade viril de viver o canto que sabemos
e tornar também uma vida
a vida de voluntário que não pedimos
nem queremos
e odiamos na ganga africana que vestimos
e na ração de farinha que comemos.

E com as sementes rongas
as flores silvestres das montanhas zulos
e a dose de pólen das metralhadoras no ar de Sharpeville
um xitotonguana azul canta num braço de imbondeiro
e levanta no feitiço destes céus
a volúpia terrível do nosso voo.

José Craveirinha


(1922-2003)


José João Craveirinha nasceu em Maputo, em 28 de maio de 1922, e morreu na mesma cidade, em 6 de fevereiro de 2003. Foi jornalista, poeta e cronista. É o principal nome da poesia de Moçambique, ao lado de Rui de Noronha, Kalungano (Marcelino dos Santos), Sérgio Vieira, Orlando Mendes, Rui Nogar, Sebastião Alba e Noémia de Sousa, entre outros autores. 
Viveu a saga da resistência ao colonialismo português e participou ativamente do Movimento da Negritude. A resistência ao colonialismo e a sua participação nas ações da Frelimo motivaram a sua prisão, em 1965, pela polícia política portuguesa; julgado e condenado, cumpriu pena até 1969. 
Recebeu inúmeros e importantes prêmios, entre os quais se destaca o Prêmio Camões, em 1991. A Universidade Eduardo Mondlane concedeu-lhe, em 2002, o grau de Doutor Honoris Causa e, como parte da homenagem, lançou na ocasião a sua Obra Poética, com a inserção de vários poemas inéditos. Foi o primeiro presidente da Assembleia-Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos. Foi também presidente da Assembleia-Geral da Associação Moçambicana de Língua Portuguesa. Escreveu os seguintes livros de poemas: Xigubo (1964), Karingana ua Karingana (1974), Maria (1980), Babalaze das Hienas (1997) e Poemas da Prisão (2003). Ver mais aqui



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*(Sharpeville: Lugar de África do Sul onde em 
20 de março de 1960 ocorreu uma repressão sangrenta 
aos trabalhadores negros das minas)



quinta-feira, 20 de outubro de 2022

E ela que não vem ...




Hummm... 

O velho homem perscruta o horizonte. O Sol caminha para o ocaso, já com raios difusos a tingirem-se de cores de fogo. Mais um pouco e mergulharia atrás das rochas. O céu nessa parte tomaria então cores de malva, rosa, lilás, numa profusão de encantamento. Mas esses milagres não descerrariam o cenho ao velho homem. A sua procura era outra.

Cheirava o ar. Tomava a direcção do vento. Observava o voo dos pássaros. Em cada manifestação tentava adivinhar se a brisa vinha de norte ou de sul, dando a isso a respectiva significação. 

Beem... 

Cruzando as mãos atrás das costas encaminha-se pensativo para a beira-mar. Senta-se no antigo cais que vai mar adentro, mar inchado de vento, mostrando em toda a sua extensão várias cristas brancas. No céu começam a amontoar-se belas nuvens cinzentas, talvez prenhes de água. Mas a desconfiança toma conta do seu coração. Para quê apresentarem-se assim se o danado do vento as tomaria para si, levando-as para longe? 

No lusco-fusco, hora mágica, pensamentos de bonança invadem a sua cabeça cansada de várias estiagens. A noite vai caindo e deixa-se estar. Despontam estrelas e consegue já ver a lua. Lua cheia. Afogada em água. Mas há um circulo alaranjado à volta dela que o preocupa. Talvez não seja nada. A Via Láctea está de feição. 

As ondas embalam-no na sua cadência. Deixa descair os ombros e concentra-se nos anos da sua juventude nessa espera tantas vezes infrutífera. Quanto tempo teria ficado assim? De repente, sente uma carícia nesses mesmos ombros extenuados. Depois outra e outra e outra. Muitas. Frescas e cantantes. 

Abre os olhos. Levanta-se. 

Ei-la, bela e majestosa!!!

Num amplo abraço abarca o mundo.

E ri, ri, ri.






Boa quinta-feira, amigos.

Abraços

Olinda

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Se me quiseres conhecer




Se me quiseres conhecer,
estuda com olhos de bem ver
esse pedaço de pau preto
que um desconhecido irmão maconde*
de mãos inspiradas
talhou e trabalhou
em terras distantes lá do Norte.

Ah, essa sou eu:
órbitas vazias no desespero de possuir a vida.
boca rasgada em feridas de angústia,
mãos enormes espalmadas,
erguendo-se em jeito de quem implora e ameaça,
corpo tatuado de feridas visíveis e invisíveis
pelos chicotes da escravatura...
Torturada e magnífica.
Altiva e mística.
Africa da cabeça aos pés
— Ah, essa sou eu!

Se quiseres compreender-me
vem debruçar-te sobre minha alma de Africa,
nos gemidos dos negros no cais
nos batuques frenéticos dos muchopes
na rebeldia dos machanganas
na estranha melancolia se evolando...
duma canção nativa, noite dentro...

E nada mais me perguntes,
se é que me queres conhecer...
Que eu não sou mais que um búzio de carne
onde a revolta de África congelou
seu grito inchado de esperança.

   (1926-2002)



De volta às Literaturas Africanas de Língua Portuguesa

Desta vez trago Noémia de Sousa (Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares), considerada a Mãe da Literatura Moçambicana talvez por os seus poemas terem despertado consciências e acendido o diálogo com outras vontades e com o movimento da negritude, valendo-lhe ser presa e deportada para Portugal, juntamente com outros intelectuais moçambicanos. Viria a falecer em Cascais (2002).
 
É autora de um único livro de poemas, intitulado Sangue Negro, publicado apenas em 2001 pela Associação dos Escritores Moçambicanos, em homenagem ao seu 75º aniversário. O livro condensa a sua produção poética de 1948 a 1951. Os seus textos tinham sido publicados em jornais, como O Brado Africano, e em revistas, como a brasileira Sul. Mais aqui



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Poema - daqui


* Maconde — uma das etnias de Moçambique.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Tempo - essa entidade mal-amada



Caminhamos desde o princípio dos tempos para o abismo. A nossa evolução tem andado a par e passo com a descoberta e apuramento de armas para nos defendermos. De quê? De quem? Obviamente de nós próprios, de seres iguais a nós. Só que também com o intuito de atacar o outro.

E essas armas tomaram tantos nomes que não será necessário nomeá-las, dizer da sua utilidade, das suas características... Sabemos a resposta. Mesmo que não saibamos construir uma, intuímos e receamos a sua acção: podem tirar-nos a vida num instante

Já vivemos um tempo denominado "Guerra Fria", em que o mundo parecia suspenso de cabeças que podiam de um momento para o outro fazê-lo explodir. Criou-se a já estafada Teoria dos Mundos, uma teia de primeiro, segundo e terceiro mundos, supostamente de conformidade com o desenvolvimento económico e tecnológico mas que, na realidade, tinha a ver com a adesão a um dos blocos: EUA e URSS. 

E nessa adesão desenvolviam-se guerras em que o poderio militar e as ideologias se confrontavam noutros terrenos. Hoje vemos delinear-se a ameaça que dantes tanto se temeu: a guerra nuclear. Não muito longe de nós temos exemplos que, ao fim e ao cabo, não nos servem de nada, porque a nossa capacidade de raciocínio é obliterada pelo egoísmo e preferimos viver na ilusão de que o que se passa ao nosso lado não nos diz respeito. E muito menos ainda se for noutro continente, em outros mares mesmo sendo o Mediterrâneo ou o Egeu. 

E, em relação a pessoas de outras culturas, de outros costumes, de outras visões, lançamos a partir do conforto do nosso sofá laivos de solidariedade, cortamos os cabelos, rasgamos as vestes. Tudo no calor do momento, que se vai arrefecendo paulatinamente até nada mais restar. 

Contudo, o tempo, essa entidade que leva com as culpas das nossas indecisões até chegarmos a um ponto de não-retorno, está a nosso favor. Todos os dias dá-nos a oportunidade de olharmos à volta a fim de procurarmos consertar o que está mal. 

Mas não nos iludamos: ele acabará por nos faltar, infelizmente.



Il mondo

Jimmy Fontana

Gira, il mondo giraNello spazio senza fineCon gli amori appena natiCon gli amori già finitiCon la gioia e col doloreDella gente come me
...

Boa semana, amigos.

Abraços

Olinda

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Irene Lisboa - a "desafiadora de todas as ordens estabelecidas"

Irene Lisboa (1892 - 1958) não viveu nem escreveu à margem do regime político vigente em Portugal. Tendo começado a publicar em volume, para o público adulto, em 1936 (Um dia e outro dia…, poesia, sob o pseudónimo João Falco) e no ano seguinte, além de nova obra poética, o ensaio de carácter pedagógico, Froebel e Montessori (sob o pseudónimo Manuel Soares), não foi ignorada pela vigilância do Estado Novo. 

Investigam-se as formas de controlo e repressão de que foi vítima Irene Lisboa, fazendo dela um caso exemplar de subtil silenciamento e cercear de liberdades. Apesar de nunca ter desistido da sua escrita nem da sua actividade intelectual e cívica, o isolamento, a impossibilidade de ensinar e a escassez material com que se debateu até ao final da vida, vendo-lhe sempre negados quaisquer apoios, foram o preço a pagar pela independência do seu pensamento e da sua escrita e pela não-conformidade às funções e atitudes que o salazarismo exigia ao género feminino.



Assim começa o estudo dedicado a Irene do Céu Vieira Lisboa, escritora, pedagoga, professora, portuguesa. Nele tomamos contacto com o seu baptismo de fogo quando cria o jornal Educação Feminina (1913), altura em que inicia a sua intervenção cívica, literária e pedagógica e em que começam os confrontos da jovem escritora com os poderes instituídos. Veja mais aqui.

Entretanto, leiamos um dos seus poemas. À forma como os escrevia, introduzindo por vezes, frases longas, a própria diz:

 "Ao que vos parecer verso chamai verso e ao resto chamai prosa"


Jeito de Escrever

Não sei que diga.
E a quem o dizer?
Não sei que pense.
Nada jamais soube.

Nem de mim, nem dos outros.
Nem do tempo, do céu e da terra, das coisas...
Seja do que for ou do que fosse.
Não sei que diga, não sei que pense.

Oiço os ralos queixosos, arrastados.
Ralos serão?
Horas da noite.
Noite começada ou adiantada, noite.
Como é bonito escrever!

Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto - o jeito.
Ao acaso, sem âncora, vago no tempo.
No tempo vago...
Ele vago e eu sem amparo.
Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das horas. 
Mortas!

E por mais não ter que relatar me cerro.
Expressão antiga, epistolar: me cerro.
Tão grato é o velho, inopinado e novo.
Me cerro!

Assim: uma das mãos no papel, dedos fincados,
solta a outra, de pena expectante.
Uma que agarra, a outra que espera...

Ó ilusão!
E tudo acabou, acaba.
Para quê a busca das coisas novas, à toa e à roda?

Silêncio.
Nem pássaros já, noite morta.
Me cerro.
Ó minha derradeira composição! Do não, do nem, do nada, da ausência e
solidão.

Da indiferença.
Quero eu que o seja! da indiferença ilimitada.
Noite vasta e contínua, caminha, caminha.
Alonga-te.
A ribeira acordou.

in 'Antologia Poética'




A obra de Irene Lisboa é extensa, dividindo-se pela poesia, pelo conto, pela crónica e pela novela. Usou pseudónimos masculinos em algumas das suas publicações, como se refere acima: "João Falco" e "Manuel Soares". Era comum as mulheres usarem esse estratagema para que os seus escritos fossem aceites. 
De referir, por exemplo, de entre outras, George Eliot, de seu nome Mary Ann Evans, romancista britânica (1819-1880).

Muito caminho percorrido e a percorrer para que a Mulher encontre o seu lugar no Mundo e nas sociedades a que pertence.


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Irene Lisboa, por
Sara Marina Barbosa-aqui.
Carta de José Régio a Irene Lisboa - aqui
Imagem: aqui
Poema: Citador

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

O simbolismo das espadas

Um dia destes passava eu pela Praça Duque de Saldanha, em Lisboa, olhei para a estátua entretanto vista em outras ocasiões, mas desta vez deu-me para me perguntar o porquê do braço estendido a apontar em frente, todo decidido. Claro que sabemos que Saldanha era tido como homem de grandes decisões. E fiz um sorriso seguindo a direcção do braço que ia precisamente para a avenida dedicada a Fontes Pereira de Melo, Praça Marquês de Pombal, indo talvez até ao Tejo, se baníssemos todas aquelas construções que tapam a sua visão.

Avancemos mais uns anos, em relação a Saldanha:




E volto* a António Machado Santos, o Herói da Rotunda, como é conhecido, mercê da sua acção na Implantação da República, 5 de Outubro de 1910, e que continuou na vida política na defesa do regime republicano. Como sabemos, morreu ingloriamente abatido pelos ocupantes da camioneta fantasma na noite de 19 de Outubro de 1921, entre outros, como o primeiro-ministro, António Granjo e Carlos da Maia. 

Machado Santos toma parte na insurreição militar de 25 de Janeiro de 1915,- o Movimento das Espadas - que leva à demissão do governo provisório em vigência e que daria posteriormente lugar à instauração da primeira ditadura do republicanismo português. Em causa estavam transferências de militares por motivos políticos e a política do governo favorável à adesão à Primeira Grande Guerra.

A ideia dos insurrectos era entregar as espadas ao Presidente da República, Manuel de Arriaga, e Machado Santos dirige-se ao Palácio de Belém para entregar a espada utilizada na Revolução de 5 de Outubro de 1910. Como se vê, com muito simbolismo à mistura.

É do conhecimento geral a turbulência havida desde a Implantação da República, assunções e quedas contínuas de governos, intrigas várias, obstrução física do Parlamento aos parlamentares, como neste caso que teve de se transferir para o Tojal. De referir que durante esse período tivemos: 7 Parlamentos, 39 Governos, 8 Presidências da República.

A Primeira República encontrará o seu trágico fim com a Revolução de 28 de Maio de 1926, tendo como consequência o regime ditatorial chamado Estado Novo. Mas não nos devemos esquecer das benesses e direitos que a sua implantação trouxe aos portugueses que - ultrapassada a ditadura de 41 anos, interregno em que os ideais da República foram obliterados - terão a oportunidade de verificar a sua consecução real na Revolução de Abril de 1974.




De novo com o Duque de Saldanha (1790-1876),- portador de um pomposo nome, tal como a figura, João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun,- que se destacara como chefe militar na sua participação nas guerras napoleónicas e nas Lutas Liberais. 

Por outro lado, a sua vida política fora bem recheada de cargos ministeriais em vários governos. Com a Revolta dos Marechais, em 1837, tivera de se exilar, sendo reintegrado em 1838 e contando então com o cargo de Embaixador em vários países.

Porquê referir o Duque de Saldanha, hoje, em que se comemora o 5 de Outubro de 1910? Poderia aduzir vários motivos como, por exemplo, que as sementes que levariam ao Partido Republicano já fermentavam no espírito revolucionário de várias individualidades. 

Mas há um outro... 

É que:

À designação dada ao movimento ecoa outro Movimento das Espadas, ocorrido a 5 de Dezembro de 1869, quando um grupo de oficiais generais se manifestaram a favor do Marechal Saldanha após o seu regresso do exílio.


Como diz Antoine-Laurent Lavoisier, cientista de primeira água, infelizmente guilhotinado durante os desvarios da Revolução Francesa: 

Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma...
isto, num sistema fechado, físico ou químico. 

Logo, tudo que existe provém de matéria preexistente, só que em outra forma, assim como tudo o que se consome apenas perde a forma original, 
passando a adoptar uma outra.

Donde se poderá concluir que
a tábua rasa é um sofisma.
Será?


 

Desejo-vos uma óptima quarta-feira, meus amigos.

Abraços
Olinda


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*Veja no Xaile, aqui e aqui:

Leia, aqui
O movimento das Espadas