Chuvoso maio!
Deste lado oiço gotejar
sobre as pedras.
Som da cidade ...
Do outro via a chuva no ar.
Perpendicular, fina,
Tomava cor,
distinguia-se
contra o fundo das trepadeiras
do jardim.
No chão, quando caía,
abria círculos
nas pocinhas brilhantes,
já formadas?
Há lá coisa mais linda
que este bater de água
na outra água?
Um pingo cai
E forma uma rosa...
um movimento circular,
que se espraia.
Vem outro pingo
E nasce outra rosa...
e sempre assim!
Os nossos olhos desconsolados,
sem alegria nem tristeza,
tranquilamente
vão vendo formar-se as rosas,
brilhar
e mover-se a água.
Estamos em Maio? Com certeza que não. Mas gostei tanto deste poema de Irene Lisboa que não resisto em publicá-lo agora, mesmo estando nós em Novembro...
Zeca Afonso
Maio maduro Maio
Veja Irene Lisboa, aqui, no Xaile de Seda
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Imagem-desenho digital: pixabay
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