Grande ousadia esta de associar a minha pessoa a Clarice, não acham? Eu explico. Em devido tempo falei aqui da homenagem a Clarice Lispector, sob o título A Hora da Estrela, homónimo de uma das suas obras. A referida homenagem ocorria entre 5 de Abril e 23 de Junho deste ano e eu disse na altura aos meus queridos leitores que pensava lá ir e que depois expressaria aqui as minhas impressões.
Na realidade, fui à Fundação Gulbenkian fazer a visita logo em Abril. Quando entrei deparei-me com um ambiente intimista, à média luz, talvez demasiado média, que, todavia, convidava ao recolhimento. Sem pressas ia lendo as frases escritas nas paredes e em todo o lado. Havia uma divisão em que se projectava um filme com a própria Clarice a falar de si e da sua vida. Entrei num outro compartimento, todo forrado de gavetas, de cima a baixo, algumas com chaves pendentes. Estas é que eram funcionais. Delas saíam feixes de luz e dentro encontravam-se pedaços da vida da escritora: cartas, requerimentos ou petições, algumas das suas obras ou referências a elas, fotos suas e dos filhos...
Devo dizer que não sou apologista de que se traga a público tudo o que diz respeito à vida particular dos autores. Não sei se o aprovariam ou então dever-se-ia ter a certeza disso. Lembro-me, por exemplo, das cartas de Fernando Pessoa a Ofélia: por mim, estas cartas, pelo seu cariz que desnuda a alma e mostra as suas fragilidades, não teriam sido publicadas ou então só parte delas.
Devo dizer que não sou apologista de que se traga a público tudo o que diz respeito à vida particular dos autores. Não sei se o aprovariam ou então dever-se-ia ter a certeza disso. Lembro-me, por exemplo, das cartas de Fernando Pessoa a Ofélia: por mim, estas cartas, pelo seu cariz que desnuda a alma e mostra as suas fragilidades, não teriam sido publicadas ou então só parte delas.
Mas, voltando à exposição, apesar das minhas reservas em relação ao detalhe acima mencionado, estava completamente concentrada a admirar Clarice numa fotografia com os filhos pequeninos quando sinto o telemóvel a tremer. Vi que era uma chamada a que não podia deixar de atender e saí apressadamente do recinto, à procura de uma porta para o exterior. Ali atendi a chamada e, ao rodar o corpo para voltar a entrar, tropecei no tapete da entrada que estava mal colocado e caí redonda no chão.
Bem. Seguiu-se a atenção das pessoas presentes querendo saber se me tinha magoado, fui ao pronto-socorro, fiz a participação da ocorrência... Felizmente não parti nada mas tive um dos joelhos com hematomas durante um bom tempo.
Como é natural, tive de dar a visita por terminada mas penso que, por aquilo que me foi dado apreciar, consegui apreender um pouco mais da essência de Clarice Lispector. A minha admiração por ela continua viva e procurarei conhecê-la mais e melhor através da sua obra.
Assim, não vou perder a oportunidade de enriquecer este post com as palavras do comentário da autora de Canto da Boca, aquando da publicação de A Hora da Estrela. Verão como ela é uma profunda conhecedora da obra desta grande autora e sinto-me honrada pela sua presença aqui no Xaile de Seda.
Ora apreciem e não deixem de ver o filme cujo endereço se encontra mais abaixo:
Estou feliz demais por sua publicação!
Deixo aqui o link do filme: e: http://www.youtube.com/watch?v=376JgN-2cEc
Beijo, obrigada e depois nos diga sua impressão acerca da exposição?
Assim, não vou perder a oportunidade de enriquecer este post com as palavras do comentário da autora de Canto da Boca, aquando da publicação de A Hora da Estrela. Verão como ela é uma profunda conhecedora da obra desta grande autora e sinto-me honrada pela sua presença aqui no Xaile de Seda.
Ora apreciem e não deixem de ver o filme cujo endereço se encontra mais abaixo:
Canto da Boca
Olinda, Olinda, minha tão querida amiga, Olinda, nem imaginas como exulto de alegria ao ler este poste... Clarice tem em mim o mesmo lugar que ocupa João Cabral! E A Hora da Estrela, me é tão familiar (como toda a sua obra, que tenho o privilégio de ter e de ter lido quase toda, quase!) conta um pouco da Macabea que há em toda mulher nordestina, brasileira, sonhadora (como eu), e que nos convida a buscarmos e não desistirmos dos nossos sonhos, do nosso protagonismo, de sermos senhoras do que queremos e desejamos. Clarice nos sacode para a vida, para não deixarmos de viver nenhum momento, e não pensarmos que apenas no tapete vermelho da fama, do estrelismo, podemos ser estrelas, somos estrelas todos os dias, nessa grande labuta e ofício que é viver num mundo cheio de padrões e temos a coragem de rompê-los, transformá-los! Salvo engano foi seu último romance publicado em vida, virou filme e a Marcela Cartaxo, uma atriz paraibana, incorporou fantasticamente a personagem da trama, inclusive ganhadora do prêmio, Urso de Prata, no Festival de Cinema de Berlim, por esse filme... Desejo que todas nós mulheres brasileiras, portuguesas, do mundo todo, tenhamos todos os dias, horas e horas de estrelas, porque merecemos, por todo nosso legado à história da humanidade...
Estou feliz demais por sua publicação!
Deixo aqui o link do filme: e: http://www.youtube.com/watch?v=376JgN-2cEc
Beijo, obrigada e depois nos diga sua impressão acerca da exposição?
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Tenham uma excelente semana.
Abraço
Olinda