Um homem que morre de repente sem tempo para arrumar os seus assuntos. O seu espírito continua a pairar dentro de casa e vê com espanto todas as expressões dos preparativos para as suas próprias exéquias e o comportamento dos familiares, dos amigos, das antigas namoradas. Cada uma das pessoas que chega para apresentar condolências traz-lhe um mundo de recordações e, claro, o falecido na sua forma etérea, tece as suas considerações e confidencia ao leitor as variadas experiências que teve em vida. O leitor (ou seja, eu) sorri agradado perante a ironia, a crítica velada dos costumes e...a brejeirice.
Mas, "As Memórias de um Espírito" não foi o primeiro livro que li de Germano de Almeida. O primeiro contacto estabelecido com ele foi através de "Estórias de dentro de casa". Seguiram-se outros: "O Testamento do Sr Napumoceno da Silva Araújo", "Os dois irmãos", "O Mar na Lajinha". E o interessante é que são livros que me foram oferecidos por familiares e amigos, tendo tomado, desta forma, conhecimento da pujança da obra deste excelente e carismático escritor cabo-verdiano.
Isto, para assinalar, aqui, que o Prémio Camões deste ano lhe foi atribuído e devo dizer que o mesmo não poderia estar em melhores mãos, na minha óptica. Germano de Almeida não só prestigia a Língua Portuguesa como também lhe introduz palavras, termos, expressões de sabor crioulo que a enriquecem enormemente. Sei dar o devido valor a esse facto porquanto conheço como falante a dinâmica dessa língua, designada crioulo cabo-verdiano, especialmente na vertente das ilhas do Barlavento.
Insiro, a propósito, este pequeno apontamento sobre o assunto:
Apesar da pequenez territorial, a situação de insularidade fez com que cada uma das nove ilhas desenvolvesse uma forma própria de falar crioulo. Cada uma dessas nove formas é justificadamente um dialecto diferente, mas os académicos em Cabo Verde costumam chamá-las de «variantes», que é o termo que passaremos a empregar neste artigo.
E PARABÉNS A GERMANO DE ALMEIDA.
VENHAM MAIS LIVROS!
Insiro, a propósito, este pequeno apontamento sobre o assunto:
Apesar da pequenez territorial, a situação de insularidade fez com que cada uma das nove ilhas desenvolvesse uma forma própria de falar crioulo. Cada uma dessas nove formas é justificadamente um dialecto diferente, mas os académicos em Cabo Verde costumam chamá-las de «variantes», que é o termo que passaremos a empregar neste artigo.
Essas variantes podem ser agrupadas em duas grandes variedades. A Sul temos a dos crioulos de Sotavento que engloba as variantes de Brava, Fogo, Crioulo de Santiago e Maio. A Norte temos a dos crioulos de Barlavento que engloba as variantes de Boa Vista, Sal, São Nicolau, São Vicente e Santo Antão. Aqui
Os linguistas têm muito trabalho pela frente, no sentido de conciliar todas as variantes e fazer nascer regras gramaticais para que o crioulo cabo-verdiano venha a ser representado uniformemente, tanto em termos fonéticos como ortográficos.
VENHAM MAIS LIVROS!
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Ouçamos a LURA, uma força da natureza, em NA Ri Na:
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* Escolhi esse título para o post devido à preferência que tenho pelo livro:"As Memórias de um Espírito".