Marco, hoje, presença com o lindíssimo poema de Florbela Espanca, Ser Poeta, o qual acabei de ouvir ler num encontro de promoção da leitura dos nossos poetas e prosadores. Penso que a magnitude deste poema é tal que Florbela Espanca poderia não ter escrito mais nada. Este poema seria o suficiente para que ela fosse recordada para sempre. Apreciemo-lo:
Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
1894-1930
Na maravilhosa voz de Luís Represas e com o instrumental dos Trovante, acessível no Youtube, o conjunto, poema, voz e música, oferece-nos momentos de puro enlevamento.