Todos os anos temos aqui, no Xaile de Seda, esta Celebração do Amor. Os que me seguem sabem das várias formas como isso acontece, falando-se não só do amor romântico como também do amor nas suas várias facetas. Para isso, temos recorrido à poesia e à prosa por pesquisa própria ou pedindo aos leitores o seu contributo com autores da sua preferência ou facultando textos da sua autoria.
No ano passado aconteceu uma apoteose, todos os leitores solicitados aderiram, e a nossa Quinzena saiu das margens e inaugurou-se uma nova forma de contar ou deixámos de saber contar e ela viu-se com trinta e dois dias, e ainda com um remanescente de quatro poemas de autores que quiseram enviar dois textos.* O contributo de todos foi de uma beleza extraordinária e aqui se fez a Festa da Poesia. A época de caça ao amor, no dizer bem-humorado de pessoa amiga, foi um sucesso.
Em 2024 voltamos a ser disciplinados e a cumprir as regras do calendário, mas prometendo reincidir daqui a três anos data dos 15 anos deste blog. Mas isso não quer dizer que não possamos voltar atrás nesta decisão que apenas se prende, neste momento, com circunstâncias alheias à minha vontade como, por exemplo: o equipamento tecnológico nem sempre me assiste.
Começaremos a Quinzena no próximo dia 01 de Fevereiro a qual terá o seu terminus a 15 do mesmo mês, como mandam as boas contas. Privilegiaremos desta vez autores das nossas pesquisas.
Para já, temos aqui Manuel Maria Barbosa l'Hedois du Bocage a dar início, ou melhor, a anunciar este acontecimento de que o Xaile de Seda muito se orgulha:
Nascemos para amar
Nascemos para amar; a Humanidade
Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura.
Tu és doce atractivo, ó Formosura,
Que encanta, que seduz, que persuade.
Enleia-se por gosto a liberdade;
E depois que a paixão na alma se apura,
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhe alguns então felicidade.
Qual se abisma nas lôbregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na ideia acesas.
Amor ou desfalece, ou pára, ou corre:
E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este esquece, aquele morre.
BOCAGE
in 'Sonetos'