Aqui d'el rei que ele não pára. Hoje está aqui, amanhã no norte, depois de
amanhã no sul. Come da marmita, abraça e beija a plebe, fala de tudo,
opina em tudo, dá notícias em primeira mão, dá entrevistas, fala e justifica
medidas como se fosse governo, enfim, por esse andar não vai aguentar o ritmo e, mais, está a sair da sua esfera.
E agora? Fazer o quê? Lançar-lhe um anátema, um impeachement? Não podem. Ele está lá por direito próprio. Sendo um homem de leis, isto é, com a sua
formação jurídica saberá até onde ir sem extravasar as suas competências, tendo sempre em conta a
importância e independência dos três poderes: legislativo, executivo, judicial. A sua forma de estar poderá
colidir com o establishment, mas quem, em boa consciência, não gosta de uma
lufada de ar fresco, de uma pedrada no charco? Incomoda? Pois, incomoda a muita gente essa disponibilidade toda, essa maneira diferente de estar e de fazer.
Em tempos, nos tempos da troika,
cheguei a referir aqui, retiradas da Constituição, as competências do Presidente da República que, além do veto suspensivo que servirá para mostrar o seu desacordo por determinada medida, tem ao seu dispor outros instrumentos de gestão de crise. Será preciso esperar por crises, sejam institucionais, económico-financeiras ou outras para ele se manifestar? Mais vale pôr o dedo na ferida enquanto é tempo e dizer pura e simplesmente: Está morto, este assunto está morto. Vamos avançar. O futuro é que interessa.
Continue assim, Presidente, seja o homem do leme.
Seja sempre o homem dos afectos que abraça o Universo.
=====
Imagem:Pixabey