João de Deus, o poeta que cresci a ouvir, de tal modo que me admiro de não o ter trazido ao "Xaile de Seda", há mais tempo. A verdade é que este e outros poemas de autores do Sec. XIX fazem parte do meu imaginário. E a sua cadência ainda me soa aos ouvidos, recordando-me a voz da minha Mãe.
Talvez por este Natal ser tão diferente - num tempo em que tudo parece em desequilíbrio - eu sinta uma certa propensão para lembrar momentos da minha infância, recriando intimamente
esse ambiente familiar.
AVÉ MARIA!
Amira Willighagen
A TODOS UM BOM NATAL!
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Poema - Citador
João de Deus de Nogueira Ramos (1830 -1896), mais conhecido por João de Deus, foi um eminente poeta lírico e pedagogo, considerado à época o primeiro do seu tempo, e o proponente de um método de ensino da leitura, assente numa Cartilha Maternal por ele escrita, que teve grande aceitação popular, sendo ainda utilizado. Gozou de extraordinária popularidade, foi quase um culto, sendo ainda em vida objecto das mais variadas homenagens. Foi considerado o poeta do amor e encontra-se sepultado no Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa...aqui
David de Jesus Mourão-Ferreira, (1927-1996) foi um escritor e poeta português. Tem uma biblioteca com o seu nome em Lisboa no Parque das Nações.
Tal como no ano passado, participo da bela iniciativa da Amiga Rosélia, a Confraternização natalícia que reúne vários amigos bloggers.
E é de Alegria que se trata perante as coisas simples da vida, como tudo o que deve envolver o Natal. No "Prelúdio de Natal" de David Mourão-Ferreira nos preparamos para receber e perceber a beleza da tradição, dos cheiros e dos afectos.
O símbolo que a nossa amiga enviou, a poinsétia, a chamada Flor de Natal, entre outras designações, lembrou-me que num Natal dediquei-lhe uma publicação transcrevendo a lenda que lhe é dedicada. Se quiserem lê-la procurem-na aqui. :)
li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas: tinha paixão? quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão: se tinha paixão pelas coisas gerais, água, música, pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos, pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória, paixão pela paixão, tinha? e então indago de mim se eu próprio tenho paixão, se posso morrer gregamente, que paixão? os grandes animais selvagens extinguem-se na terra, os grandes poemas desaparecem nas grandes línguas que desaparecem, homens e mulheres perdem a aura na usura, na política, no comércio, na indústria, dedos conexos, há dedos que se inspiram nos objectos à espera, trémulos objectos entrando e saindo dos dez tão poucos dedos para tantos objectos do mundo ¿e o que há assim no mundo que responda à pergunta grega, pode manter-se a paixão com fruta comida ainda viva, e fazer depois com sal grosso uma canção curtida pelas cicatrizes, palavra soprada a que forno com que fôlego, que alguém perguntasse: tinha paixão? afastem de mim a pimenta-do-reino, o gengibre, o cravo-da-índia, ponham muito alto a música e que eu dance, fluido, infindável, apanhado por toda a luz antiga e moderna, os cegos, os temperados, ah não, que ao menos me encontrasse a paixão e eu me perdesse nela, a paixão grega
Herberto Helder de Oliveira (1930 – 2015) foi um poeta português, considerado por alguns o "maior poeta português da segunda metade do século XX" e um dos mentores da Poesia Experimental Portuguesa. aqui
Um dos mais belos e emocionantes Poemas de Manuel Veiga, no Perfil dos Dias, "Livro sem Máscara e sem Mácula", no dizer de Isabel Mendes Ferreira. Encontra-se dividido em três secções:
Solfejo de Emoções, p. 15/60
Da Inocência das Coisas, p. 63/78
Da Caligrafia do Mundo, p. 81/117
Por ele caminhamos sem pressa mas querendo avançar, na ânsia de passar ao Poema seguinte, adivinhando todo um mundo de sentimentos e emoções com que nos identificamos.
Pedra Filosofal
António Gedeão/ Manuel Freire
Menina dos olhos de água
Pedro Barroso
Boas leituras nestes dias de confinamentos vários.