Andam Palavras na Noite
Andam palavras na noite
Cansadas de me chamar.
Trago os meus lábios salgados
E algas no paladar.
Cansadas de me chamar.
Trago os meus lábios salgados
E algas no paladar.
Eu sou um grande oceano
Que só fala a voz do mar!
Mas já sinto o mar cansado
De pedir o luar ao céu
Que a Noite não lhe quer dar!
Que só fala a voz do mar!
Mas já sinto o mar cansado
De pedir o luar ao céu
Que a Noite não lhe quer dar!
Mãe Ilha
Foi isto outrora na ilha das fadas
Embrumada em hortênsias. Não sonhei.
Sobre as lagoas de águas encantadas
Dormiam os feios e não havia lei.
Embrumada em hortênsias. Não sonhei.
Sobre as lagoas de águas encantadas
Dormiam os feios e não havia lei.
As vacas, nas colinas esfumadas
Ruminavam o eterno. Ali folguei
Na festa das crianças coroadas.
Reinava o Amor e não havia lei.
Ruminavam o eterno. Ali folguei
Na festa das crianças coroadas.
Reinava o Amor e não havia lei.
Dentro da música a casa repousava.
Minha mãe docemente penteava
Os meus cabelos e caíam pérolas.
Minha mãe docemente penteava
Os meus cabelos e caíam pérolas.
Rumores longínquos da infância oclusa,
Que num desvão da alma ainda debruça
Uma varanda sobre um mar de auréolas
Que num desvão da alma ainda debruça
Uma varanda sobre um mar de auréolas
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Hoje acordei com estes versos no pensamento. Também com uma ponta de nostalgia a envolver-me a alma. Mas olho lá para fora e vejo que o dia está convidativo, a chamar-me para um passeio refrescante.
A quem por aqui passar desejo qualquer coisa como a paz que estas palavras transmitem:
Dentro da música a casa repousava.
Minha mãe docemente penteava
Os meus cabelos e caíam pérolas.
Minha mãe docemente penteava
Os meus cabelos e caíam pérolas.
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Imagem: pixabay