Entre nós tem-se visto governos que parecem absurdamente apostados em errar, errar de propósito, errar sempre, errar em tudo, errar por frio sistema. Há períodos em que um erro mais ou um erro menos realmente pouco conta. No momento histórico a que chegámos, porém, cada erro, por mais pequeno, é um novo golpe de camartelo friamente atirado ao edifício das instituições; mas ao mesmo tempo tal é a inquietação que todos temos do futuro e do desconhecido que cada acerto, cada bom acerto é uma estaca mais, sólida e duradoura, para esteiar as instituições. Toda a dúvida está em saber se ainda há ou se já não há, em Portugal, um governo capaz de sinceramente se compenetrar desta grande, desta irrecusável verdade.
Uma nação vive, próspera, é respeitada, não pelo seu corpo diplomático, não pelo seu aparato de secretarias, não pelas recepções oficiais, não pelos banquetes cerimoniosos de camarilhas: isto nada vale, nada constrói, nada sustenta; isto faz reduzir as comendas e assoalhar o pano das fardas - mais nada. Uma nação vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, pelos seus génios, pela sua literatura, pelos seus exploradores científicos, pelos seus artistas. Hoje, a superioridade é de quem mais pensa; antigamente era de quem mais podia: ensaiavam-se então os músculos como já se ensaiam as ideias.
Acho que a grande revolução, e o livro «Ensaio sobre a Cegueira» fala disso, seria a revolução da bondade. Se nós, de um dia para o outro, nos descobríssemos bons, os problemas do mundo estariam resolvidos. Claro que isso nem é uma utopia, é um disparate. Mas a consciência de que isso não acontecerá, não nos deve impedir, cada um consigo mesmo, de fazer tudo o que pode para reger-se por princípios éticos. Pelo menos a sua passagem por este mundo não terá sido inútil e, mesmo que não seja extremamente útil, não terá sido perniciosa. Quando nós olhamos para o estado em que o mundo se encontra, damo-nos conta de que há milhares e milhares de seres humanos que fizeram da sua vida uma sistemática acção perniciosa contra o resto da humanidade. Nem é preciso dar-lhes nomes.
José Saramago, in " Folha de S. Paulo, Outubro 1995"
Não é à toa que entendo os que buscam caminho. Como busquei arduamente o meu! E como hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser, o meu atalho, já que não ouso mais falar em caminho. Eu que tinha querido. O Caminho, com letra maiúscula, hoje me agarro ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde eu seja finalmente eu, isso não encontrei. Mas sei de uma coisa: meu caminho não sou eu, é outro, é os outros. Quando eu puder sentir plenamente o outro estarei salva e pensarei: eis o meu porto de chegada.
Iniciaram-se as "Correntes d'Escrita", na Póvoa de Varzim, festival de diálogo e intercâmbio cultural entre autores de expressão ibérica e de várias geografias das línguas portuguesa e castelhana.
Muita coisa está a acontecer e vai acontecer por lá...
Aleluiapor termos chegado ao dia de hoje, com relativa saúde, com os nossos familiares por perto ou mesmo longe, mas em contacto. Tomara que todos possamos beneficiar do necessário para viver e de dar graças à vida por aquilo que temos.
Mas sabemos que nem sempre é assim.
O tema desta canção, originalmente da autoria de Leonard Cohen, já conheceu variadíssimas versões. Nesta, que Il Divo interpreta, as palavras vêm ao encontro daquilo que desejamos a nós próprios e aos nossos semelhantes:
que o soldado regresse a casa, que o menino doente encontre a cura, que alguém com fome consiga alimento, que a guerra acabe, que a paz volte, e todas as coisas boas que fazem a vida digna de ser vivida.
E dizendo isto, preconizamos um amor universal, com o desejo imenso de que traga a todo o ser humano motivos para ser feliz.
Concorreram com os seus poemas, nesta "Quinzena do amor" de 2024, os seguintes poetas:
Dia dos Namorados ou Valentine's Day como já é conhecido, seguindo a aculturação anglo-saxónica.
E este é o mote que dá valor a esta maratona anual, de 15 dias, pelo que amanhã ainda diremos algumas palavras para encerrar esta torrente...por agora.
Agradeço aos leitores que aqui vieram, ajudando assim a manter viva esta espécie de tradição do "Xaile de Seda".
António Vítor Ramos Rosa (1924-2013), foi um poeta, tradutor e desenhistaportuguês.
A 10 de Junho de 1992 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 9 de Junho de 1997 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2003, a Universidade do Algarve, atribui-lhe o grau de DoutorHonoris Causa.aqui
Poema enviado por uma irmã minha. Obrigada, mana :)
Manuel António Pina (1943-2012) foi um jornalista e escritor português, premiado em 2011 com o Prémio Camões. A obra de Manuel António Pina incidiu principalmente na poesia e na literatura infanto-juvenil embora tenha escrito também diversas peças de teatro e de obras de ficção e crónica. Algumas dessas obras foram adaptadas ao cinema e televisão e editadas em disco. aqui
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores o maior nome da literatura brasileira.Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Testemunhou a Abolição da escravatura e a mudança política no país quando a República substituiu o Império, além das mais diversas reviravoltas pelo mundo em finais do século XIX e início do XX, tendo sido grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época. aqui
Poema enviado pela minha amiga Joana. Muito obrigada :)
Poema : citador
Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões (1924-1986) foi um importante poeta do movimento surrealista português. Era descendente de irlandeses. Tem uma biblioteca com o seu nome em Constância...
As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua acção à publicidade. aqui
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi um poeta, farmacêutico, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. Drummond foi um dos principais poetas da segunda geração do modernismo brasileiro, embora sua obra não se restrinja a formas e temáticas de movimentos específicos..aqui