terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Noite de Natal

 


Desde que começaram a fazer mercadinhos de Natal que me desloco ao Rossio para andar por lá e respirar aquele ar que parece unir toda a gente.

Neste ano também fui e pude ver várias tendas com produtos nacionais, e outros, de lembranças, de coisinhas que lembram a nossa infância.

Havia também a casinha do Pai Natal, com artigos próprios da época, imagens do Menino Jesus, presépios, renas, sacos e saquinhos enfeitados com fitas, enfim um sem-número de pequenos mimos.

Gostei muito da janela da casinha e também da figura do Pai Natal à entrada, como mostro neste post.

Sendo que o Natal é mais dedicado às crianças, as seguintes palavras vão para o meu netinho que neste ano está a tomar consciência destas festividades com uma grande curiosidade e interesse:



Menino lindo que olha para o mundo

de olhos abertos admirando tudo

descobre belezas escondidas, mágicas

e logo lhes dá a sua interpretação


Do Natal a árvore enfeitada com bolas

brilhantes de todas as cores e feitios

ajuda nos enfeites e quer saber o que

fazem ali e o significado de cada coisa


Mal sabe que o mundo muda todos os

dias, hoje é uma realidade e amanhã 

outra, dependendo da cabeça de cada

qual, mas é assim a vida fazer o quê?


É seguir o teu coração, meu menino, o

melhor conselheiro que pode haver

acreditar que no ser humano existe um 

manancial escondido de amor.

Vovó Linda

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Vamos ter a família reunida.

Aproveito para desejar a todos Feliz Natal, bem como a 

todos os amigos.




Abraços a todos.

Olinda


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Fotos nossas

Ultima imagem: pixabay


sábado, 21 de dezembro de 2024

Encontro






Visito esse lugar.
Procuro-te nesse recanto habitual.

Sei que não estarás lá,
mas finjo ignorá-lo,
procuro pensar que saíste,
que saíste há pouco,
numa ausência breve,
como se tivesses saído
para logo regressares.

Quando chegasses, se tu chegasses,
dir-te-ia: Tu lembras-te?
E o verbo acordaria ecos,
nostalgias distantes,
velhos mitos privados.

Sei que não virás,
conjecturo até, por vezes
teus distantes, inúteis
diálogos numa praça gris
que imagino em tarde de invernia.

Então disfarço, ponho-me
a inventar, por exemplo,
uma longilínea praia deserta,
uma fina, fria, nebulosa
praia
muito silenciosa e deserta.

Pensando nela fito de novo
este lugar e digo para mim
que apenas partiste
por um breve instante.

E sigo. 
E de novo protelo
este encontro impossível.


Rui Knopfli,
Reino Submarino, 1962



Rui Manuel Correia Knopfli (InhambaneMoçambique10 de agosto de 1932 — Lisboa25 de dezembro de 1997) foi um poetadiplomata e crítico literário e de cinema português. (...)
Publicou uma obra que cruza as tradições literárias portuguesa e anglo-americana. Integrou o grupo de intelectuais moçambicanos que se opôs ao regime colonial. Foi diretor do vespertino A Tribuna (1974-1975).
Ver mais aqui







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Poema daqui
Imagem: pixabay


quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Nascemos, imensamente

 



POEMA DE NATAL

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.




Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes (Rio de Janeiro19 de outubro de 1913 – Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980), mais conhecido como Vinicius de Moraes, foi um poetadramaturgojornalistadiplomatacantor e compositor brasileiro.
Mais aqui... 


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Poema daqui
imagem: pixabay

sábado, 14 de dezembro de 2024

"Um Poema de Natal"

4º Encontro Temático

Convite do amigo Juvenal Nunes

 



O Milagre de Greccio
O Primeiro Presépio

Giovanni vivia a sua vida 
de rapaz, divertindo- se e fazendo
aquilo que os outros da sua idade
apreciavam

De França veio-lhe a vontade
de mudar o nome para Francisco
e de Assis sua terra natal
o seu apelido

No meio dos divertimentos ouviu
uma voz que lhe perguntava o que
tu preferes: o senhor ou o servo?
meditar era preciso

Passado tempo abandonou tudo
vestes e riqueza e entretenimentos
mundanos, professando o amor de
Cristo e a sua fé

Mas Cristo é o Deus do amor. Eu
vejo Deus em cada flor, em cada
pedra, em cada animal: Dizia nas
suas prédicas

Inspirando outros a deixar os bens
terrenos, Francisco criou a Ordem
deu o exemplo querendo renovar
a crença e a esperança

Para concretizar essa fé idealizou
uma demonstração do Nascimento
de Jesus com a Mãe, Maria, José e os
animais na manjedoura

Em Greccio deu-se o milagre, diz Tomás
de Celano, a manjedoura vazia foi preenchida 
com a
figura do Menino Jesus,
que teria aparecido de forma visível para
todos os presentes.


Olinda


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FELIZ NATAL, MEUS AMIGOS

 


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imagem: pixabay
Referência: O primeiro Presépio


domingo, 8 de dezembro de 2024

"XV Interação Fraterna de Natal"


Convite da amiga Rosélia Bezerra para

a Festa do Advento, de

08 a 15/12/24


Tema:

SE O MENINO DEUS NASCESSE NO LITORAL
 

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MILAGRE DE NATAL

Dia de sol brilhante
não corria sequer uma aragem
o céu azul com milhentas nuvens
brancas de um algodão macio
a terra ressequida abria
gretas clamando aos céus
e as aves surgiam em 
inquietas revoadas

O mar parecia feito
de azeite doce, e ao longe
uma falua remansa vogava
num mar de calmaria prenhe de 
maus presságios, contraste com
a placidez do lugar, enquanto a
natureza parecia rolar
mansamente

De súbito pérolas de todos
os tamanhos, gotas preciosas
atingem os miúdos que corriam
nas brincadeiras de roda
e de senhor barqueiro deixe-me
passar tenho filhos pequeninos
que preciso sustentar, passarás
mas um deles deixarás

Num cesto de vime, frágil
vislumbra-se uma cabecinha
mimosa e sorridente que
seguindo a viva correnteza
semeava de esperança os anos
de seca extrema que grassava
e distribuía belas e perfumadas
flores, prenúncio de 
bonança

Atrás seguiam, uma mulher
e um homem com o seu cajado que
abria passagem por entre as
pedras que, obedientes e graciosas,
como nenúfares, se fastavam e 
davam passagem
a tão bela carga, e ouvia-se
num coro celestial e harmonioso
que inundava o ar

GLORIA IN 
EXCELSIS DEO!

Olinda

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Desejo a todos um Santo Natal.


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IMAGEM DE PARTICIPAÇÃO NO DESAFIO.
(Fui buscá-la à Chica.:) Não consegui copiá-la do blog da Rosélia)



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Imagem: Nossa Senhora e o Menino - Antonello da Messina


quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Álvaro de Campos e a "necessidade de sentir tudo exageradamente"


Quero voar e cair de muito alto!
Ser arremessado como uma granada!
Ir parar a... Ser levado até...
Abstracto auge no fim de mim e de tudo!

Clímax a ferro e motores!
Escadaria pela velocidade acima, sem degraus!
Bomba hidráulica desancorando-me as entranhas sentidas!
Ponham-me grilhetas só para eu as partir!

(Álvaro de Campos, “Saudação a Walt Whitman”, v. 30-37)






Noutros poemas, também notamos esta necessidade extrema de sentir tudo exageradamente e, assim, alcançar uma comunhão com o universo, textos claramente sensacionistas, portanto:

No poema Passagem das Horas:

Ser a mesma cousa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.

(Álvaro de Campos, “A Passagem das Horas b”, v. 3-5)




O Álvaro de Campos é o Pessoa que Pessoa gostaria de ter sido. Uma espécie de Alice do outro lado do espelho que ele inventou para reciclar tudo o que era mau, regurgitado como qualquer coisa de belo. aqui


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imagem: daqui
Poemas in:
Fernando Pessoa
Obra completa de Álvaro de Campos
edição de Jerónimo Pizarro e Antonio Cardiello