A bela Europa era filha do rei da Fenícia, Agenor. Foi raptada por Zeus que se disfarçou de touro para que sua ciumenta mulher, Hera, não percebesse. Ele levou Europa para a ilha de Creta, o que levou Cadmo, seu irmão, a procurá-la e, na jornada, fundar a cidade de Tebas. Em Creta, Europa teve três filhos: Minos, Radamanto e Sarpedão.
Mitologias à parte, há referências pré-históricas da sua existência desde os primeiros humanos. Os relatos mais antigos colocam o Homo sapiens no continente em 35000 anos a.C. Mas muito antes já andavam por cá o Homo erectus e o Neanderthalis. Por aqui se vê que a sua evolução até aos dias de hoje é de monta.
Tenho especial predilecção académica pela Formação da Europa Medieval, depois da Queda do Império romano, por aquela condição de dependência de homem a homem, escravidão quase. Por aquela divisão de trabalhos e de classe - nobreza, clero, povo. Claro que não se pode falar de classe, nessa altura. E povo? Também não. Só depois da Revolução Francesa se poderá empregar tal palavra com propriedade.
Da Europa Medieval, de mil anos, ao Renascimento um salto qualitativo.
Europa, desenhada pelo cartógrafo antuérpio Abraham Ortelius em 1595
Tanto caminho percorrido, não? Penso que é onde se poderá ir buscar os fundamentos da Europa de hoje, com todas as alterações de mentalidade, com a novidade do Renascimento que coloca no homem a medida de todas as coisas, tendo como pilar a recuperação da cultura clássica, que em muito devemos à preocupação árabe de a trazer para a Peninsula, transcrevendo-a e comentando-a. Um exemplo, Averróis, (Córdova), "O Comentador".
Toda a produção de pensamento do período que ficou conhecido como Iluminismo, é onde vamos sempre beber ideias. E na própria asserção de Liberdade, Igualdade, Fraternidade, tão boa para citar, de que a Europa tanto se orgulha.
Voltando um pouco atrás, o século XVII também me atrai. É donde sai toda aquela gente de alta estirpe nas areas filosófica e científica. E desembocará no século XVIII, como bem sabemos, e no século XIX com revoluções políticas de renome e com todas as invenções que vêm alterar para sempre a nossa vida.
Trazemos no nosso íntimo a perturbar-nos as duas grandes guerras, do século XX. A segunda guerra mundial mais perto de nós. Da devastação da Europa surgiriam homens com visão e dinamismo. Jean Monet, um dos da ideia, posta em prática, da União Europeia. Marshall e Shuman e muitos outros, com planos económicos e solidários que deram os seus frutos. Durante mais de 70 anos, exceptuando-se a Guerra Fria,(EUA vs. URSS) viveu-se, de um modo geral, em paz e desenvolvimento social e económico, com altos e baixos como é natural.
Hoje, aqui estamos. Dia da Europa, diz-se. Repetindo-se as mesmas palavras gastas. Ansiando-se por um golpe de asa de algum ser iluminado. Mas não há. O tempo dos heróis passou. Somos só nós. A Europa não será raptada indo reafirmar-se num outro lado. Agora só temos um repto que lançamos a nós próprios. É agir ou soçobrar.
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Orquestra Geração- Hino da Alegria
A Orquestra Geração é um projeto de intervenção social através da prática orquestral. Foi criada em 2007 na Escola Básica Miguel Torga no Casal de S. Brás na Amadora e encontra-se actualmente instalada em 22 escolas básicas e secundárias nos municípios de Almada, Amadora, Lisboa, Loures, Oeiras, Sesimbra, Vila Franca de Xira (Orquestra de Vialonga) e em Coimbra.
Imagens: Net
excerto transcrito em itálico - aqui
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