Salve, Aquiles. Não nos faltou o repasto onde todos são iguais, nem na tenda de Agamémnon, o Atrida, nem, agora, aqui: pois vós nos servistes os manjares apropriados, com abundância. Mas as refeições agradáveis não nos importam. Uma enorme desgraça, ó criatura de Zeus, atrai os nossos olhares e assusta-nos; não sabemos se salvaremos ou se perderemos os navios bem carpinteirados, a não ser que tu revistas a sua valentia. Porquanto os Troianos fogosos, e os seus aliados dos países longínquos, estabeleceram o seu acampamento perto dos navios e do baluarte; eles acenderam muitas fogueiras nas suas linhas, e afirmam que já não os deteremos, e que atacarão as negras naus. Zeus, filho de Crono, fez aparecer sinais, relâmpagos, à direita deles. Heitor, muito orgulhoso da sua força, assolou furiosamente, confiante em Zeus, e deixou de respeitar homens e deuses. Alimenta-o uma raiva potente. Ele ora para que surja o mais depressa possível a divina Aurora; na varanda, diz-se capaz de cortar a ponta extrema dos nossos navios, de lhes abrasar os cascos num fogo ardente; e de degolar os Aqueus junto dos seus barcos, enlouquecidos pelo fumo.Temo terrivelmente, em minha alma, que estas ameaças sejam consumadas pelos deuses, e que seja nosso destino perecer em Tróade, longe de Argos, nutridora de cavalos.
Ilíada - Homero
Excerto, pg. 128,
Palavras do divino e prudente Ulisses