terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Quinzena do Amor


Não sei bem quando comecei isto. Em dado momento, tomando como referência o Dia dos Namorados, resolvi publicar poemas de amor ou prosa poética, de 01 a 15 de Fevereiro. Já falei dos amores de Pedro e Inês, de Tristão e Isolda, de Romeu e Julieta. 

Tenho publicado poemas de autores conhecidos e desconhecidos, cartas de amor de grandes personalidades literárias e não só. Já tive o prazer de publicar poemas vossos ou de autores da vossa preferência. 

E como não podia deixar de ser, volto a convidar-vos para esta maratona do amor e aqui fico a aguardar escritos da vossa autoria ou de quem gostais para abrilhantar este espaço durante o tempo acima referido. Bastará que depositeis o vosso contributo no espaço destinado aos comentários. Irei ali buscá-lo e publicá-lo-ei... 



Portanto, declaro aberta a Quinzena do Amor, aqui, no "Xaile de Seda" (a partir de 01/02).

Abraços


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Imagem: Net

E o Voto electrónico, Senhores?

Desde quando temos vindo a lutar contra este vírus? Primeiro foi o espanto, a desorientação, os confinamentos, as máscaras, as desinfecções, o distanciamento físico, a procura da vacina, o sacrifício dos profissionais da saúde, a perda de empregos, de pequenos negócios... e o mais importante, a perda de tantas vidas ceifadas pela doença. Penso que é um balanço difícil de se fazer tantas e tão graves as sequelas com que somos e seremos confrontados.

E então, temos eleições daqui a uns dias. Coloca-se o problema da votação dos doentes com o Covid-19, em confinamento, e contactos de risco. E aqui se vê como o dito vírus é mais inteligente que nós. Sabemo-lo, constatamo-lo a cada passo. Se não ataca de uma maneira ataca de outra. Adapta-se. E é nisso que reside a nossa ignorância e as nossas fragilidades. Vamos dar-lhe mais uma oportunidade para fazer estragos. Vamos alargar às salas de voto o acesso a pessoas que deviam estar em suas casas, quietinhas, cumprindo disposições sanitárias.

Se esta não é a melhor altura para que o voto electrónico fosse accionado, não sei o que terá de acontecer para que os responsáveis acordem e cumpram as suas obrigações. Mas não, deixa-se para amanhã o que devia ser feito hoje. O que já devia ter sido previsto, estudado, analisado, legislado se não há legislação afim.

Com todas as ferramentas comunicacionais que existem hoje em dia e que, na maior parte dos casos, apenas servem de espaço privilegiado para dar pasto à má língua...




Boa terça-feira, meus amigos.

Abraços

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Desde a Aurora




Como um sol de polpa escura
para levar à boca,
eis as mãos:
procuram-te desde o chão,

entre os veios do sono
e da memória procuram-te:
à vertigem do ar
abrem as portas:

vai entrar o vento ou o violento
aroma de uma candeia,
e subitamente a ferida
recomeça a sangrar:

é tempo de colher: a noite
iluminou-se bago a bago: vais surgir
para beber de um trago
como um grito contra o muro.

Sou eu, desde a aurora,
eu — a terra — que te procuro.

   (1923-2005)


José Fontinhas de seu nome, Eugénio de Andrade privou de perto e travou amizade com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como se lê na sua biografia. Sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana. De entre  as diversas distinções com que foi agraciado sobressai o Prémio Camões, em 2001.
Já estão a ser pensadas várias iniciativas para a 
comemoração do Centenário do seu nascimento, 
a 19 de Janeiro de 2023.



-Jon Batiste-



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Poema: in Citador
Imagem:pixabay

sábado, 22 de janeiro de 2022

Vai um cafezinho?





Ou um brunch. Já lá vamos... :)

Pouco tenho falado de Cesária Évora, grande intérprete cabo-verdiana. Quando canta o seu rosto quase que não mostra emoções. Talvez se veja nele a concentração do grande sentimento que a música e as palavras transmitem. Mas é na sua voz que se encontram todas as modulações, com uma simplicidade e intensidade que desarmam.

Hoje peço-lhe a sua companhia e a vossa para festejar o 11º aniversário do Xaile de Seda, blog criado sem pretensões, apenas com o intuito de nele inserir autores que admiro, com algumas palavras minhas de apreço, à mistura.

De quando em vez faço uma ou outra derivação e expresso opiniões sobre o que se passa na nossa sociedade. Ou do que vem de trás e que poderá influenciar-nos no presente. Mas não demasiadas. Muito se ouve e se lê por aí e nem sempre as pessoas têm tempo para se dedicarem a muitas leituras.

Com efeito, nunca se escreveu tanto ou se disse tanto. Penso que já expressei algures o meu espanto por tanto comentário na comunicação social, a tal ponto que, quando um ou outro assunto chega até nós estamos já completamente obliterados e sem capacidade para pensar ou optar. Os comentadores fazem as notícias, as fundamentações e as conclusões. E acabamos por, inconscientemente, aceitar aquele brouhaha todo...

O que acontece é que vêm aí as Eleições Legislativas. A nossa responsabilidade é enorme. Teremos de votar em consciência e escolher com quem vamos assinar o nosso pacto social.
Possamos nós separar o trigo do joio
Tudo dependerá das nossas escolhas.




LUA NHA TESTEMUNHA

Bô ka ta pensâ
Nha kretxeu
Nen bô ka t'imajinâ
O k'lonj di bó m ten sofridu

Preguntâ
Lua na séu
Lua nha kompanhêira
Di solidão

Lua vagabundo di ispasu
Ki ta konxê tud d'nha vida
Nha disventura
El ê k' ta konta-bu
Nha kretxeu
Tud k'um ten sofridu
Na ausênsia
Y na distânsia

Mundu, bô ten roladu ku mi
Num jogu di kabra-séga
Sempri ta persigi-m
Pa kada volta ki mundu da
El ta traze-m un dor
Pa m txiga más pa Déuz

Autoria: B.Léza (Francisco Xavier da Cruz), 
um dos melhores compositores cabo-verdianos. Veja aqui




Bom fim de semana, meus amigos.

Abraços
Olinda

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Crioulo cabo-verdiano grafado segundo o Alupec, ao que parece.
Imagens - Net

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Por um triz




Foi por um triz que a Carolina Deslandes não ganhou o Festival da Canção de 2021. Segundo a minha óptica, claro. 

Palavras com sentido. 
Música linda. 
Voz suave.

Deixo-vos com ela, desejando um bom fim-de-semana.

Abraços.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Vida Adiada



Uma vida adiada.

Uma estrada batida.

Um pedaço de nada.

Uma sorte bandida.

Uma sorte arrastada.

Uma lágrima caída.

Uma alma algemada.

Uma prece perdida.

Uma porta fechada.

Uma luz escondida.

Uma sombra vergada.

Uma jura esquecida.

Uma crença frustrada.

Uma essência perdida.

Uma pergunta entalada.

-Qual será a saída?

Fernanda Maria

-FÊ-


Só escrevo o que me dita o coração, diz-nos a Fê
no seu livro recentemente editado e intitulado "Só te peço 5 minutos". E é com o coração que vemos desenvolver-se este poema e todos os outros em que, nas suas 113 páginas, nos dá conta dos vários momentos que decidiu partilhar connosco.

Neste poema, perante as vicissitudes da vida, a autora destaca esta pergunta: "Qual será a saída?".
A resposta estará dentro de cada um de nós, de conformidade com as próprias vivências.

Vou adiantando que, a meu ver, talvez o Amor nos possa salvar.
E quando acontece a sensação de que o amor nem sempre é suficiente?



Entretanto, fiquemos com mais este pensamento da nossa amiga poetisa:

Num mundo cada vez mais problemático são as palavras
que me dão a força necessária para continuar seguindo em frente.
 

O blog: Só te peço 5 minutos



Carlos Marín
 - E a fragilidade da vida -


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Meus amigos, desejo-vos uma boa semana.

Abraços 



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O Poema: in "Só te peço 5 minutos"
pg. 35

Imagem: pixabay

domingo, 2 de janeiro de 2022

Namoro




Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com a letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar 
e dando calor ao sumo das mangas.

sua pele macia - era sumaúma...
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
tão rijo e tão doce - como o maboque...
Seu seios laranjas - laranjas do Loge
seus dentes... - marfim...
Mandei-lhe uma carta
e ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
que o Maninjo tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou.

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.

Levei à avó Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.

Esperei-a de tarde, à porta da fábrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficamos num banco do largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos...
falei-lhe de amor... e ela disse que não.

Andei barbado, sujo, e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
" - Não viu...(ai, não viu...?) Não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.
E para me distrair
levaram-me ao baile do sô Januário
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso às moças mais lindas do Bairro Operário

Tocaram uma rumba dancei com ela
e num passo maluco voamos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim!"
Olhei-a nos olhos - sorriu para mim
pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim.

(1928-1973)

Viriato Francisco Clemente da Cruz nasceu em Kikuvo, Porto Amboim, Angola.
Considerado um dos mais importantes impulsionadores de uma poesia regionalista angolana nas décadas de 40 e 50, caracterizando-se a sua obra pelo apego aos valores africanos, quer quanto à temática, quer quanto à forma. A sua produção está dispersa por publicações periódicas e representada em várias antologias, das quais uma - No Reino de Caliban - reúne a sua obra poética.

Foi um principais mentores do Movimento dos 
Novos Intelectuais de Angola (1948) e da 
revista Mensagem (1951-1952).
Saíu de Angola em 1957 e em Paris foi juntar-se a 
Mário Pinto de Andrade, tendo desenvolvido 
intensa actividade política e cultural.




Sérgio Godinho
-O Namoro -


Tenham uma boa semana, meus amigos.

Abraços.


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Poema - Site de António Miranda aqui

Imagem: pixabay