Não sei bem quando comecei isto. Em dado momento, tomando como referência o Dia dos Namorados, resolvi publicar poemas de amor ou prosa poética, de 01 a 15 de Fevereiro. Já falei dos amores de Pedro e Inês, de Tristão e Isolda, de Romeu e Julieta.
Tenho publicado poemas de autores conhecidos e desconhecidos, cartas de amor de grandes personalidades literárias e não só. Já tive o prazer de publicar poemas vossos ou de autores da vossa preferência.
E como não podia deixar de ser, volto a convidar-vos para esta maratona do amor e aqui fico a aguardar escritos da vossa autoria ou de quem gostais para abrilhantar este espaço durante o tempo acima referido. Bastará que depositeis o vosso contributo no espaço destinado aos comentários. Irei ali buscá-lo e publicá-lo-ei...
Portanto, declaro aberta a Quinzena do Amor, aqui, no "Xaile de Seda" (a partir de 01/02).
Desde quando temos vindo a lutar contra este vírus? Primeiro foi o espanto, a desorientação, os confinamentos, as máscaras, as desinfecções, o distanciamento físico, a procura da vacina, o sacrifício dos profissionais da saúde, a perda de empregos, de pequenos negócios... e o mais importante, a perda de tantas vidas ceifadas pela doença. Penso que é um balanço difícil de se fazer tantas e tão graves as sequelas com que somos e seremos confrontados.
E então, temos eleições daqui a uns dias. Coloca-se o problema da votação dos doentes com o Covid-19, em confinamento, e contactos de risco. E aqui se vê como o dito vírus é mais inteligente que nós. Sabemo-lo, constatamo-lo a cada passo. Se não ataca de uma maneira ataca de outra. Adapta-se. E é nisso que reside a nossa ignorância e as nossas fragilidades. Vamos dar-lhe mais uma oportunidade para fazer estragos. Vamos alargar às salas de voto o acesso a pessoas que deviam estar em suas casas, quietinhas, cumprindo disposições sanitárias.
Se esta não é a melhor altura para que o voto electrónico fosse accionado, não sei o que terá de acontecer para que os responsáveis acordem e cumpram as suas obrigações. Mas não, deixa-se para amanhã o que devia ser feito hoje. O que já devia ter sido previsto, estudado, analisado, legislado se não há legislação afim.
Com todas as ferramentas comunicacionais que existem hoje em dia e que, na maior parte dos casos, apenas servem de espaço privilegiado para dar pasto à má língua...
José Fontinhas de seu nome, Eugénio de Andrade privou de perto e travou amizade com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como se lê na sua biografia. Sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana. De entre as diversas distinções com que foi agraciado sobressai o Prémio Camões, em 2001.
Pouco tenho falado de Cesária Évora, grande intérprete cabo-verdiana. Quando canta o seu rosto quase que não mostra emoções. Talvez se veja nele a concentração do grande sentimento que a música e as palavras transmitem. Mas é na sua voz que se encontram todas as modulações, com uma simplicidade e intensidade que desarmam.
Hoje peço-lhe a sua companhia e a vossa para festejar o 11º aniversário do Xaile de Seda, blog criado sem pretensões, apenas com o intuito de nele inserir autores que admiro, com algumas palavras minhas de apreço, à mistura.
De quando em vez faço uma ou outra derivação e expresso opiniões sobre o que se passa na nossa sociedade. Ou do que vem de trás e que poderá influenciar-nos no presente. Mas não demasiadas. Muito se ouve e se lê por aí e nem sempre as pessoas têm tempo para se dedicarem a muitas leituras.
Com efeito, nunca se escreveu tanto ou se disse tanto. Penso que já expressei algures o meu espanto por tanto comentário na comunicação social, a tal ponto que, quando um ou outro assunto chega até nós estamos já completamente obliterados e sem capacidade para pensar ou optar. Os comentadores fazem as notícias, as fundamentações e as conclusões. E acabamos por, inconscientemente, aceitar aquele brouhaha todo...
O que acontece é que vêm aí as Eleições Legislativas. A nossa responsabilidade é enorme. Teremos de votar em consciência e escolher com quem vamos assinar o nosso pacto social.
Possamos nós separar o trigo do joio.
Tudo dependerá das nossas escolhas.
LUA NHA TESTEMUNHA
Bô ka ta pensâ
Nha kretxeu
Nen bô ka t'imajinâ
O k'lonj di bó m ten sofridu
Preguntâ
Lua na séu
Lua nha kompanhêira
Di solidão
Lua vagabundo di ispasu
Ki ta konxê tud d'nha vida
Nha disventura
El ê k' ta konta-bu
Nha kretxeu
Tud k'um ten sofridu
Na ausênsia
Y na distânsia
Mundu, bô ten roladu ku mi
Num jogu di kabra-séga
Sempri ta persigi-m
Pa kada volta ki mundu da
El ta traze-m un dor
Pa m txiga más pa Déuz
Autoria: B.Léza (Francisco Xavier da Cruz),
um dos melhores compositores cabo-verdianos. Veja aqui
Bom fim de semana, meus amigos.
Abraços
Olinda
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Crioulo cabo-verdiano grafado segundo o Alupec, ao que parece.
no seu livro recentemente editado e intitulado "Só te peço 5 minutos". E é com o coração que vemos desenvolver-se este poema e todos os outros em que, nas suas 113 páginas, nos dá conta dos vários momentos que decidiu partilhar connosco.
Neste poema, perante as vicissitudes da vida, a autora destaca esta pergunta: "Qual será a saída?". A resposta estará dentro de cada um de nós, de conformidade com as próprias vivências.
Vou adiantando que, a meu ver, talvez o Amor nos possa salvar. E quando acontece a sensação de que o amor nem sempre é suficiente?
Entretanto, fiquemos com mais este pensamento da nossa amiga poetisa:
Num mundo cada vez mais problemático são as palavras
que me dão a força necessária para continuar seguindo em frente.
Mandei-lhe uma carta em papel perfumado e com a letra bonita eu disse ela tinha um sorrir luminoso tão quente e gaiato como o sol de Novembro brincando de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas.
sua pele macia - era sumaúma... Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas tão rijo e tão doce - como o maboque... Seu seios laranjas - laranjas do Loge seus dentes... - marfim... Mandei-lhe uma carta e ela disse que não.
Mandei-lhe um cartão que o Maninjo tipografou: "Por ti sofre o meu coração" Num canto - SIM, noutro canto - NÃO E ela o canto do NÃO dobrou.
Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete pedindo rogando de joelhos no chão pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia, me desse a ventura do seu namoro... E ela disse que não.
Levei à avó Chica, quimbanda de fama a areia da marca que o seu pé deixou para que fizesse um feitiço forte e seguro que nela nascesse um amor como o meu... E o feitiço falhou.
Esperei-a de tarde, à porta da fábrica, ofertei-lhe um colar e um anel e um broche, paguei-lhe doces na calçada da Missão, ficamos num banco do largo da Estátua, afaguei-lhe as mãos... falei-lhe de amor... e ela disse que não.
Andei barbado, sujo, e descalço, como um mona-ngamba. Procuraram por mim " - Não viu...(ai, não viu...?) Não viu Benjamim?" E perdido me deram no morro da Samba. E para me distrair levaram-me ao baile do sô Januário mas ela lá estava num canto a rir contando o meu caso às moças mais lindas do Bairro Operário
Tocaram uma rumba dancei com ela e num passo maluco voamos na sala qual uma estrela riscando o céu! E a malta gritou: "Aí Benjamim!" Olhei-a nos olhos - sorriu para mim pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim.
Viriato Francisco Clemente da Cruz nasceu em Kikuvo, Porto Amboim, Angola.
Considerado um dos mais importantes impulsionadores de uma poesia regionalista angolana nas décadas de 40 e 50, caracterizando-se a sua obra pelo apego aos valores africanos, quer quanto à temática, quer quanto à forma. A sua produção está dispersa por publicações periódicas e representada em várias antologias, das quais uma - No Reino de Caliban - reúne a sua obra poética.