Deixai que a vida sobre
vós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
a que é do tempo a ideada formosura,
a que se encontra se se não procura.
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
a que é do tempo a ideada formosura,
a que se encontra se se não procura.
in: As Evidências
(1919-1978)
Jorge de Sena é considerado um dos grandes poetas de língua portuguesa e uma das figuras centrais da cultura do nosso século XX.
Jorge de Sena é considerado um dos grandes poetas de língua portuguesa e uma das figuras centrais da cultura do nosso século XX.
A sua obra,
vasta e multifacetada, compreende mais de vinte coletâneas de poesia, uma
tragédia em verso, uma dezena de peças em um ato, mais de trinta contos, uma
novela e um romance, e cerca de quarenta volumes dedicados à crítica e ao ensaio
(com destaque para os estudos sobre Camões e Pessoa, poetas com os quais a sua
poesia estabelece um importante diálogo), à história e à teoria literária e
cultural (os seus trabalhos sobre o Maneirismo foram pioneiros, tal como a sua
história da literatura inglesa, e a sua visão comparatista e interdisciplinar
das literaturas e das culturas foi extremamente fecunda), ao teatro, ao cinema
e às artes plásticas, de Portugal, do Brasil, da Espanha, da Itália, da França,
da Alemanha, da Inglaterra ou dos Estados Unidos, sem esquecer as traduções de
poesia (duas antologias gerais, da Antiguidade Clássica aos Modernismos do
século XX, num total de 225 poetas e 985 poemas, e antologias de Kavafis e
Emily Dickinson, dois poetas que deu a conhecer em Portugal), as traduções de
ficção (Faulkner, Hemingway, Graham Greene, entre 18 autores), de teatro (com
destaque para Eugene O’Neill) e ensaio (Chestov). Ler mais...
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Poema: Citador
Imagem: Pixabay
Tão bom seria que a capacidade de contornar as serranias da vida, não fosse mais que um passeio no sopé do monte. Adiantamos as pre-ocupações às ocupações do dia. Irremediavelmente apressados.
ResponderEliminarMaravilhoso poema, Olinda!
beijinho
Ler Jorge de Sena é sempre maravilhoso.
ResponderEliminarUm beijo.
Excelente escolha, belíssimo poema.
ResponderEliminarBoa semana
Beijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco