'Em que língua escrever
As declarações de amor?
Em que língua cantar
As histórias que ouvi contar?
Em que língua escrever
Contando os feitos das mulheres
E dos homens do meu chão?
Como falar dos velhos
Das passadas e cantigas?
Falarei em crioulo?
Mas que sinais deixar
Aos netos deste século?
Ou terei de falar
Nesta língua lusa
E eu sem arte nem musa
Mas assim terei palavras para deixar
Aos herdeiros do nosso século
Em crioulo gritarei
A minha mensagem
Que de boca em boca
Fará a sua viagem
Deixarei o recado
Num pergaminho
Nesta língua lusa
Que mal entendo
Ou terei de falar
Nesta língua lusa
E eu sem arte nem musa
Mas assim terei palavras para deixar
Aos herdeiros do nosso século
Em crioulo gritarei
A minha mensagem
Que de boca em boca
Fará a sua viagem
Deixarei o recado
Num pergaminho
Nesta língua lusa
Que mal entendo
E ao longo dos séculos
No caminho da vida
Os netos e herdeiros
Saberão quem fomos
Apesar de ter nascido solta e desenvolta, livre, ainda há quem pense ser dela o dono policiando no escuro a língua, não vá um mal-intencionado beliscar um acento ou acrescentar uma abertura em lugar incerto ou, ainda, quem sabe?, virgular o que deve ser pontofinalizado.
Mas a língua não se importa que a façam voar em vozes e falas, que a enrolem em pergaminhos, folhas simples ou papel reciclado; o certo é que em silêncio ela grita e mesmo quando, inseguros, nela deitamos a mão... questionando... a língua é sempre testemunha.
Canta Tchuba
Eneida Marta
Odete Semedo -aqui no Xaile de Seda
Olá, amiga Olinda.
ResponderEliminarNão conhecia esta autora. Odete Semedo.
É de certeza uma excelente escritora/poetisa, este poema é a prova desta minha afirmação.
Excelente sem dúvida. Gostei bastante do poema e da música.
Uma ótima partilha, estimada amiga.
Deixo os votos de uma feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
O importante é que os outros percebam o que escrevemos. A língua é secundária, embora seja a nossa pátria...
ResponderEliminarMagnífico poema. Não conhecia, obrigado pela partilha.
Boa semana.
Um abraço.
Gostei muito da poesia ebom conhecer a poetisa!
ResponderEliminarNão importa a lingua, basta que sejam escritas ou faladas as palavras...
beijos, linda semana! chica
O crioulo é filho do português.
ResponderEliminarBelo poema!
Abraço
Um bonito poema o que importa é escrever para os herdeiros do futuro. Olinda boa semana bjs.
ResponderEliminarBonito poema. Boa semana!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Estive vendo as obas da escritora, seguindo seus links , vale muito voltar e conhecer mais das suas obras. Me identifico muito com a escrita dela , a preocupação com o social e ainda do que viveu em Guiné Bissou, tão distante da nossa realidade. Ler mais sobre a língua mais falada por lá _ o crioulo guineense. Obrigada, Olinda ,suas escolhas são sempre excelentes.
ResponderEliminarUm abraço e já vamos de julho - o ano indo ... Beijinhos
Olá, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarEstou ouvindo o vídeo, sabe que gosto do ritmo que você escolheu para postar.
A preocupação que ela tem com o idioma que vai morrendo e não tem como deixar na integralidade... temos também com a modificação em códigos que assassinam nosso idioma pátrio a cada dia deixando um legado aos descendentes bem escasso. Poucos leem os clássicos e a introdução de códigos em forma de imagens detonam qualquer idioma.
Vamos ter fé que alguns salvarão qualquer idioma com sua insistência fervorosa em salvaguardar à boa literatura.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos
Todas as línguas tem sua beleza e encantamento.
ResponderEliminarBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Na nossa língua nos entendemos, na nossa língua somos irmãos.
ResponderEliminarUm abraço
Oi, Olinda! Que potente essa reflexão, minha querida! Como estamos precisando de momentos assim! Fico sempre feliz de vir aqui e aprender um pouquinho contigo!
ResponderEliminarGrande abraço!