Real Barraca ou Paço de Madeira. Perturbado com a violência do terramoto (1755) que destruira o sumptuoso Paço da Ribeira, D. José I não quis arriscar. Preferiu mandar construir um Palácio em que não entrasse pedra e cal, o qual viria a servir de residência da Corte por três décadas, até à data da sua completa destruição por via de incêndio, já no reinado de D. Maria I. O interessante é que no rescaldo descobriu-se que afinal havia alvenaria a suportar o segundo andar.
Pormenor da Real Barraca
O Palácio Nacional da Ajuda ou de Nossa Senhora da Ajuda seria construído em substituição da referida Real Barraca, com início em 1795. O projecto inicial de estética barroca tivera profunda alteração em 1802, de inspiração neo-clássica, da autoria dos arquitectos Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva. Funcionou como Paço Real com o rei D. Luis I (1838-1889), que aí se instalou definitivamente a partir de 1861. No vestíbulo, merecem destaque as 47 estátuas assinadas por artistas portugueses.
É hoje, em grande parte, um museu, estando instalados no restante edifício a Biblioteca Nacional da Ajuda, o Ministério da Cultura, a Galeria de Pintura do rei D. Luís I e a Direção Geral do Património Cultural. O Palácio e o Museu são geridos pela Direção Geral do Património Cultural e pela Presidência da República.
Lembro-me de, em 2008/09, ter lugar na Galeria do Rei D. Luís a exposição "Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage, de Pedro o Grande a Nicolau II", exposição essa que tive o prazer visitar e apreciar.
O Palácio foi sujeito a obras de requalificação, contando com nova Ala, inaugurada a 7 de Junho deste ano, pronta a acolher o futuro Museu do Tesouro Real que abrirá ao público em Novembro próximo futuro. Uma requalificação que incluiu a Calçada da Ajuda, totalizando 31 milhões de euros, a maior parte viabilizada pelo Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa. Previstos ainda a recuperação do pátio, das fachadas e dos espaços exteriores.
Diz-se que foi posto um ponto final na maldição relacionada com várias interrupções, redução das suas dimensões originais, várias tentativas de remate ao longo de 200 anos:
Citado pela Lusa, aquando da cerimónia de inauguração da nova Ala do Palácio Nacional da Ajuda, o arquiteto João Carlos Santos comentou, desta forma, a conclusão da obra: “Após mais de dois séculos do lançamento da primeira pedra, em novembro de 1795, pelo príncipe regente, D. João, e depois de várias vicissitudes na história trágica da construção do palácio, finalmente deu-se a coincidência de um grupo de personalidades ter tido a coragem de acabar com a maldição que sobre ele se abatia”. aqui
E como não há bela sem senão na semana passada veio a público, como sabemos, uma notícia insólita. Contrastando com a pompa e circunstância da inauguração da referida Ala do Palácio, temos na Calçada da Ajuda portas a metro e meio do chão, para gaúdio de nacionais e turistas... aqui e aqui
Mas diga-se, em abono da verdade: Consta que as casas estão desabitadas e que a GNR que as utiliza pontualmente entra pelas traseiras e que as respectivas portas vão ter a devida atenção até Novembro, de modo a poderem ser galgadas devidamente...para não se transformarem, permanentemente, numa real barraca, ou seja, numa grande anedota arquitectónica.
Há quem diga em relação ao Palácio e, já agora, à area envolvente: O que torto nasce, tarde ou nunca se endireita.
Penso que não será o caso.
Bom fim de semana, meus amigos.
Abraços
Muitos parabéns por partilhar este texto. Didático, instrutivo, maravilhoso de ler..
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Feliz fim-de-semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Boa tarde de sábado, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarGostei muito de conhecer o Palácio da Ajuda aí.
Por dentro, tem um retrato da realeza que gosto de ver e não me canso. A porta num dos aposentos onde o imperador escapulia quando queria se ocultar por motivos excusos foi uma curiosidade.
Senti-me uma princesa lá dentro e tão perto do centro de Lisboa
Tenho uma amiga que mora bem perto e passamos uma tarde muito agradável por lá. Os pinheiros na entrada são belos.
Como estive há cinco anos, imagino como não esteja mais lindo por lá.
Gostei muito de vê-lo por aqui.
Você alimenta minha saudade.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos com carinho e gratidão
Bah! É lindo o palácio e tomara não se transforme em anedora,virando barraca novamente,rs...beijos, lindo fim de semana! chica
ResponderEliminarQuerida Olinda, o Começar de novo continua de férias, mas eu não! O bichinho maldito ainda anda por aí e, apesar de vacinada, os cuidados continuam os mesmos. Passei uns dias com os filhos e netos, mas todos com cautelas. Já estou em casa há uma semana. Muito interessante este teu post e, apesar de ter ido muitas vezes a Lisboa, algumas delaa para mostrar essa linda cidade a amigos brasileiros, nunca fui ao palácio da Ajuda, o que considero lamentável. Prometo...para a próxima, não escapará. Quando será a próxima? Com esta maldição, não sei....
ResponderEliminarImagina, pela primeira vez, em tantos anos, não terei cá o meu irmão que costumava vir duas vezes por ano e isso causa-me uma grande tristeza. Embora, agora sem os meus pais, não seja a mesma coisa a nossa ida ao Brasil, o certo é que gosto de ir lá e o meu marido também para relembrar os negócios onde trabalhou durante tantos anos. Não sei quando poderemos voktar fazer essa viagem, querida Amiga...
Mas o melhor que temos a fazer é aceitar e agradecer à vida por nos ter poupado o " encontro com o virus "; o meu irmão teve covid leve e nem precisou de hospital, mas, nunca mais foi o mesmo; tudo lhe aparece!
Estarmos vivos e saudáveis é uma benção. Obrigada, auerida Amiga pelas informações que nos dás sobre o Palácio da Ajuda, a tal barraca Real e agora com essa calçada ridicula com as portas acima 1,5 metros. Espero que resolvam isso, pois parece uma " anedota " Beijinhos, amiga! Uma boa semana e votos de que estejam todos de boa saúde
Emilia 🌻 🌞
Olá, querida Olinda, já tinha lido antes de hoje, nunca comento na primeira leitura, e achei ótimo, muito didático, bem mostrado essa parte da história, desde o triste terremoto de 1755, um horror.
ResponderEliminarUm texto de fôlego e conhecimento e que adorei saber de tudo. Salve Portugal!
Um beijinho, querida amiga, e uma feliz semana.
Cuide-se.
Só visitei este palácio uma vez e gostei muito.
ResponderEliminarAgradeço toda a informação sobre ele.
A Calçada da Ajuda ficou com uma atração turística!
Abraço
É um luxo passar aqui e aprender aquilo que desconhecia. Obrigada minha Amiga Olinda. Que tenha muita saúde e uma boa semana.
ResponderEliminarUm beijo.
Great blog
ResponderEliminarUm pedaço de arte que convém cuidar. Gostei de conhecer o historial do edifício. Grata.
ResponderEliminarSaúde e um grande abraço, querida Olinda.
Uma maravilha que não conhecia. Fui adiando sempre uma visita.
ResponderEliminarAgora, depois de ler a sua excelente descrição, posso dizer que já conheço um pouquinho, mas pode crer que não vou mais adiar uma visita!!
Um abraço, Olinda!
Lindo patrimônio, Olinda!
ResponderEliminarLinda é a arquitetura,
Mas importante é à cultura
Ser destinado e ainda
Ser atual como linda
Lembrança de um reinado
Pujante, cujo passado
Será lição ao futuro
Dado primor e o apuro
De tenta arte em legado!
Parabéns, pela substanciosa informação, texto poético e beleza da postagem! Gratidão pela partilha. Abraço fraterno. Laerte.