A manhã é uma coisa abstracta, está, não é uma coisa.
Começamos a ver o sol, a esta hora, aqui.
Se o sol matutino dando nas árvores é belo,
É tão belo se chamarmos à manhã «Começarmos a ver o sol»
Como o é se lhe chamarmos a manhã,
Por isso se não há vantagem em pôr nomes errados às coisas,
Lá está. Fernando Pessoa não é de modas. Nada de pôr nomes errados às coisas. Nem sei se o nome estará errado. Se é o país da manhã calma, quererá dizer que todas as manhãs são calmas? Os missionários que inventaram essa designação, no Sec. XIX, lá teriam as suas razões. E parece que sim. Mas, vejamos os países entre os quais teria de escolher: Coreia do Sul, China, Coreia do Norte, Japão.
Para mim, qualquer deles poderia ser menos um, mais por causa da actualidade. Mas, preferi ficar expectante até que a resposta veio do próprio jogo. E a resposta certa era: Coreia do Sul.
Contudo, debato-me aqui com uma dúvida. Parece que a designação se referia a toda a Coreia, o Reino de Chosón, tradução literal - o país da manhã calma, e teria sido atribuída pelos missionários acima referidos, baseando-se na sua geografia, nas suas gentes e na sua cultura. Num período da ocupação japonesa, de 1921 a 1927, Chosón significaria manhã fresca**, sabe-se lá porquê.
Contudo, debato-me aqui com uma dúvida. Parece que a designação se referia a toda a Coreia, o Reino de Chosón, tradução literal - o país da manhã calma, e teria sido atribuída pelos missionários acima referidos, baseando-se na sua geografia, nas suas gentes e na sua cultura. Num período da ocupação japonesa, de 1921 a 1927, Chosón significaria manhã fresca**, sabe-se lá porquê.
Aliás, a península da Coreia fora anexada pelo Japão até 1945, fim da segunda guerra mundial, altura em que foi dividida em Norte e Sul sob a égide da União Soviética e os Estados Unidos. Segue-se a guerra conhecida como Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953, e que cessou com um armistício apenas, continuando latente a tensão entre esses dois países.
Começam hoje os Jogos Olímpicos de Inverno 2018, com sede na Coreia do Sul. Por via disso, as duas Coreias, tecnicamente em guerra fria, acederam a dar tréguas às suas diferenças, que muitos vêem como uma aproximação. A Coreia do Norte participa nelas com uma vertente musical. As conversações para essa participação decorreram na fronteira, num espaço exíguo previamente delineado. Essa fronteira, chamada de zona desmilitarizada, é guardada com soldados armados até aos dentes, tanto dum lado como doutro.
Entretanto, na véspera da abertura dos Jogos, a Coreia do Norte numa demonstração de força, faz um desfile mostrando ao mundo o seu poderio militar, numa comemoração antecipada dos 70 anos do exército coreano. Do lado ocidental, onde o juízo parece não prevalecer, o líder dos USA, perante a parada militar em França, na comemoração da Tomada da Bastilha, terá dito que terão de superar isso e fazer muito melhor, estando a ser pensada uma data para o efeito.
Meninos a brincar aos cowboys. E assim vai o mundo.
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Ler: Coreia, Divisão da Coreia
* Le pays du matin calme
** matin frais
ironicamente também significa "custos"
Imagens: Net
Manhã calma em tempo de perturbação e preocupação; talvez manhã fresca antes que aqueça. Quem sabe? Os homens apenas estão preocupados com as influências que possam exercer sobre outros homens, mesmo querendo demonstrar superioridade que, veramente, não têm.
ResponderEliminarUm belo trabalho adequado a(os) Jogos que começaram.
Beijo
SOL
Confesso que me agradou esta trégua das Coreias. Mas...
ResponderEliminarGostei imenso de a ler.
Um bom fim de semana.
Um beijo.
Olá, estimada Olinda!
ResponderEliminarSerá mesmo a terra das manhãs calmas? A História conta-nos tanto!
Acho que será sol de pouca dura este falso comportamento da Coreia do Norte em relação à do Sul.
"E assim vai o mundo", como muito bem escreveu, mas o que não tem estruturas, cai.
Beijos e bom resto de noite.
SUL
ResponderEliminarFoi no Sul do meu olhar
que deste, aliviado
a palavra sémen
com que fizeste a fecundação
do nosso poema.
Vieste acordar-me o silêncio
com letras adormecidas
há tanto tempo
nas minhas entranhas
e, embevecido
mesclaste de branco
as minhas mãos
repletas de ternura.
Foi no Sul dos meus sentidos
que fizeste a luta solta
dos meus cabelos
e, ternamente, proferiste
a cantiga das palavras
qual novelo de emoções!
Chegaste, entusiasmado
aconchegando a tua boca
aos meus ouvidos
como se a Sul
a felicidade me rondasse
em jeito de borboleta
e me estimulasse a magia
do pólen presente nas rimas
do tempo já perdido.
Foi no Sul, no meu Sul
que abriste de par em par
a janela emoldurada
no limbo do nosso amor
onde mostraste a diferença
quando fizeste do meu colo
o ninho do nosso querer.
CÉU
Olá, querida Céu
EliminarGostei muito do poema. É lindo!
Vou publicá-lo daqui a pouco.
Beijinhos
Olinda
Bom dia, Querida Céu
ResponderEliminarCiente da sua mensagem. Desejo que tudo corra bem. Muito obrigada pela sua atenção.
Beijinhos
Olinda
Expetantes estamos com os desatinos de quem pretende governar o mundo e com os que nele apostaram.
ResponderEliminarUm texto relexivo, que me deu muito prazer ler. Agrada-me sobremaneira esta relação entre a história e a poesia.
Beijinho, Olinda.