terça-feira, 15 de maio de 2012

Vós que ocupais a nossa terra


E preciso não perder
de vista as crianças que brincam:
a cobra preta passeia fardada
à porta das nossas casas.
Derrubam as árvores fruta-pão
para que passemos fome
e vigiam as estradas
receando a fuga do cacau.
A tragédia já a conhecemos:
a cubata incendiada,
o telhado de andala flamejando
e o cheiro do fumo misturando-se
ao cheiro do andu
e ao cheiro da morte.
Nos nós conhecemos e sabemos,
tomamos chá do gabão,
arrancamos a casca do cajueiro.
E vós, apenas desbotadas
máscaras do homem,
apenas esvaziados fantasmas do homem?
Vós que ocupais a nossa terra?


Manuela Margarido
São Tomé e Príncipe


Poema retirado de:

Imagem: Internet

4 comentários:

  1. Obrigada por me dar a cinhecer rão belo poema.

    Abraço-a, Olinda

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    1. Sim, um belo poema, cheio de força e pleno de significados.

      Beijo

      Olinda

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  2. Olinda,
    É digno de nota o trabalho que está a desenvolver na divulgação de outros sentires, de outros olhares.
    Espero que continue.

    Beijo :)

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    1. Obrigada, AC, pelo seu apreço e incentivo. :)

      Abraço

      Olinda

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