segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Os cinco Solas da Reforma* - Somente : A Fé, a Escritura, Cristo, a Graça, a Glória de Deus

Os dogmas do catolicismo romano, a venda de indulgências são apenas alguns dos motivos que levaram Martinho Lutero a publicar as suas 95 teses, em 1517 como protesto. A salvação através da fé e não centrada em obras e méritos humanos era o que ele defendia, segundo a sua interpretação das Sagradas Escrituras. 

Sabemos que essa contestação foi o princípio de um grande abalo para a Igreja Católica e que a coisa tomou proporções inimagináveis. Mas, embora ele quisesse que esse estado de coisas se alterasse no fundo não queria ser afastado. Ao negar-se a retractar-se foi excomungado.

A partir de então um mundo imenso se abria. Era a Reforma Protestante que se iniciava com tudo de novo e inesperado que trazia. Uma reviravolta do mundo ocidental, um movimento socio-político e de renovação espiritual de repercussões monumentais, desde a queda do Império Romano. Tudo isso se encontra escrito e documentado e cada passo sugere-nos reflexões interessantes e vitais para a compreensão da nossa própria realidade.

O que me interessa frisar aqui, neste momento, é a tradução da Bíblia em línguas vernáculas e a sua difusão a que a imprensa de Guttenberg viria a dar o maior impulso. Promover o acesso à leitura da Bíblia era fundamental para os reformadores. Só assim seria possível implementar os princípios fundamentais de uma nova forma de estar no mundo e de alcançar a salvação: sola fide, sola scriptura, solus Christus, sola gratia, soli Deo gratia. Sem intermediários. 

Desejo-vos uma boa semana.

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Imagem: 
95 Teses de Lutero, 31 de Outubro de 1517- Wiki
*Os cinco solas da Reforma  

domingo, 23 de outubro de 2016

É isto o amor






Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: «Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

in 'Pedro, Lembrando Inês'

Assim falou o Poeta. E muito bem.

Votos de um dia agradável a todos os que por aqui passarem.

Abraço.

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Poema:Citador
Imagem: Pixabay 

sábado, 8 de outubro de 2016

DIÓGENES de Sinope - Nada na vida progride sem exercício

Tenho por hábito percorrer feiras do livro que estão abertas todo ano à cata de livros baratos que me dizem alguma coisa. Muitas vezes estão a 2€, 5€, 7.50€, 10€, enfim uma panóplia grande de ofertas em conta. Não há muito tempo peguei num com o título: "História da Filosofia", de Manuel dos Santos Alves. Abri-o agora e, na página 39, surgiu-me este apontamento sobre Diógenes de Sinope (413-329 a.C.), que partilho convosco:

Com o rato, e sobretudo com o cão, aprendeu a viver segundo a natureza. Por isso, vivia dentro de uma pipa. Pregava sempre contra a ambição e a imoralidade, desprendido de tudo. Sem casa e sem família, podia ver-se na rua, por vezes de lanterna acesa, em pleno dia, à procura dum "homem".
Os documentos definem-no, em geral, como filósofo severo e asceta, defendendo que "nada na vida progride sem exercício". Certo dia, quando Alexandre lhe perguntou se precisava de alguma coisa, teria respondido que de nada; apenas do sol, que ele estava a tapar, posto na sua frente.

Vou deixar um pouco de lado, neste post, a lanterna acesa à procura de um homem, pois é um pensamento que já comentámos em algumas situações por aqui, neste Xaile. Mas "nada na vida progride sem exercício" talvez seja de reter. Entre tentar, errar e voltar a tentar até acertar, mesmo que não seja no todo mas na maior parte, faz de nós seres sempre em evolução. Assim, se me taxarem o sol que me entra pela janela, neste país rico de sol, poderá ser tapar o sol com a peneira mas em todo o caso um exercício que merece ser acompanhado, a ver em que é que dá. Também me ocorre que poderá haver outras formas de explorar este manancial. Melhor organização quanto ao Turismo? Ou dá muito trabalho?

Desejo-vos um bom fim de semana, com muito sol.

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Imagem - aqui
Livro citado - História da filosofia, de Manuel dos Santos Alves, pg 39
Nota inserta na mesma página: Cinismo - Doutrina da Escola de Antístenes (a que Diógenes pertencia). (...) Desde cedo, o termo "cínico" aplicou-se ao género de vida destes filósofos (...) Eticamente, atacavam a moral convencional, numa oposição radical a toda a lei tradicional, pois que advogavam o regresso à natureza. O sentido da palavra fixou-se depois num aspecto pejorativo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Um rosto da República

Aos que me vêm visitar de outros quadrantes, e possam não conhecer a nossa História, devo dizer que hoje é feriado nacional, dia da Implantação da República. É um feriado que, apesar da importância do que aconteceu em 5 de Outubro de 1910, foi eliminado ou suspenso em 2012 tendo sido reposto neste ano de 2016.

No ano passado teci, aqui, algumas considerações sobre esse dia - um dia não muito longínquo, pois o que são cento e seis anos para um povo com tão longa História?- e da situação de desequilíbrio que se lhe seguiu, levando a atrocidades que se arrastaram por dezasseis anos. Isto não quer dizer que depois foi um mar de rosas, tendo em conta que a partir de 28 de Maio de 1926 veio um outro período de má memória, o Estado Novo.

Mas, atentemos na definição da República Portuguesa tal como vem na Constituição de 1976 (VII versão, 12 de Agosto de 2005): 

A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.

Lendo isto estamos bem conversados, não há lugar para dúvidas, não acham? A Revolução de 25 de Abril de 1974 trouxe-nos estas certezas que, no entanto, ainda baralham muitas cabecinhas. Mas não vou fazer uma resenha, hoje, dos últimos quarenta e dois anos, vou continuar no passado, pelo menos no menos recente, um lugar muito mais seguro para um historiador, que não sou. Não há surpresas e se as houver, essas serão objecto de nova análise.



Hoje, prefiro trazer-vos a história de um Rosto, o rosto escolhido para representar a República, não aquele que consta da capa do livro de História de Portugal que utilizei no meu post do ano passado, mas de um outro de que se não fala muito: o de Hilda Puga ou Ilda Pulga*. Ora, acedam a este sítio, também a estee saibam de quem se trata, se é que não sabem já.

Desejo a todos um dia muito bem passado.


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!ª imagem e história - aqui
*De notar que o nome aparece escrito de duas maneiras, nas referências que aqui trago: Hilda Puga e Ilda Pulga.