quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Noite bem dormida e bom pequeno-almoço

Dois elementos fundamentais para um dia de sucesso, dizem-nos. É ponto assente que o pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia. Nesta linha, a revista Maxi desta semana dá-nos algumas dicas:

Les starters du matin

On dit que le petit-déjeuner est le repas le plus important de la journée
Il permet de commencer et de faire le plein d'énergie. Mais que manger pour ne manquer rien?

Mode d'emploi : une boisson chaude pour hydrater, des tartines avec du pain au levain (c'est mieux que le pain blanc), un laitage ou du jambon ou un oeuf apportant les protéines, un fruit frais (pas de jus industriel trop vite assimilé) pour les vitamines et les fibres, des amandes ou des noix pour les lipides.



Confesso que a minha noite não foi famosa. Nadinha mesmo. Não tinha perguntas urgentes a colocar ao travesseiro, apenas divagações. Assim, dormi mal porque sim. Para me compensar levantei-me e fui caminhar. Com a mudança da hora o dia nasce claro, para mais tendo a nosso favor este maravilhoso Verão de São Martinho antecipado. Depois da rotina matinal, fui à cozinha proceder a um inventário sobre o que teria para um pequeno-almoço mais ou menos saudável. Encontrei algumas coisas. Optei por comer metade de uma papaia pequena, uma fatia de pão de Mafra barrada com queijo fundido (marca branca), uma chávena de café com leite, um pouco de mel. Tenho tido nozes em casa, mas hoje já não havia...




Ontem foi o dia dedicado à prevenção do acidente vascular cerebral, AVC. Um dia que deveria ser todos os dias do ano. Um dia em que devia ter medido a tensão e não o fiz. Não me lembrei. Ouvi um médico no programa da manhã da RTP a falar dos riscos associados à tensão arterial alta. Obesidade, diabetes, problemas cardíacos... Em relação às arritmias, ele falou na necessidade de procurarmos ser felizes para que esse problema se minimize. E gostei. Gostei dessa perspectiva.

Parafraseando Raúl Solnado, diria:

                        Façamos os possíveis por ser felizes.
                     
                        Desejo a todos uma excelente quinta-feira. :)   



1ª imagem: daqui
2ª imagem:daqui 
Os meus agradecimentos às pessoas que postaram as imagens. 
De Raúl Solnado: Façam o favor de ser felizes.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Correm turvas as águas deste rio

Rio da vida. Com altos e baixos, correndo por entre pedras e resíduos. Mas também há momentos em que se filtra e surge água cristalina. Neste nosso mundo conturbado há que procurá-la nos interstícios mais escondidos, tal como Diógenes com a sua lamparina, em pleno dia, à procura de um homem. Cá para nós, a reencarnação de D. Sebastião, desaparecido para sempre em Alcácer-Quibir. Mas, nada feito. A cada candidato, que na nossa extrema necessidade enfeitamos com inúmeras qualidades, corresponde uma decepção, renovada, como a que tivemos de engolir há quatrocentos e trinta e seis anos.

Na verdade:  

Correm turvas as águas deste rio,
Que as do céu e as do monte as enturbaram;
Os campos florescidos se secaram,
Intratável se fez o vale, e frio.


Passou o Verão, passou o ardente Estio,
Ũas cousas por outras se trocaram;
Os fementidos Fados já deixaram
Do mundo o regimento, ou desvario.


Tem o tempo sua ordem já sabida;
O mundo, não; mas anda tão confuso,
Que parece que dele Deus se esquece.


Casos, opiniões, natura e uso
Fazem que nos pareça desta vida
Que não há nela mais que o que parece.


Luís Vaz de Camões
         SEC.XVI


Camões deixou-nos, para nosso deleite, não somente sonetos e endechas como também Os Lusíadas, obra épica dedicada ao rei-menino sem juízo ou mal aconselhado, na qual glorifica o povo luso. Embora na actualidade se façam outras leituras desta obra à luz de valores que nós, ocidentais, adquirimos depois de várias revoluções, não há dúvida que, mito que seja, continua a ser uma referência neste nosso vale de lágrimas. Todos os povos têm os seus mitos, não é verdade?

Um pouco ausente deste local nos últimos dias, daqui vos saúdo, meus caros, desejando-vos um óptimo fim de semana. :)

Poema retirado de: Banco de Poesia Fernando Pessoa

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Ferreira Gullar - Novo ocupante da cadeira 37

Aqui no Xaile, Ferreira Gullar tem marcado presença com Não há Vagas, poema que recebe quase todos os dias inúmeras visitas. De seu verdadeiro nome, José Ribamar Ferreira, o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras tem 84 anos e ao ser eleito para ocupar a cadeira nº 37 declara-se muito feliz. A referida cadeira era ocupada pelo poeta e tradutor Ivan Junqueira, falecido em Julho passado.

Em jeito de felicitação, insiro este poema:

Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?


Uma bela forma de se definir, com arte, Ferreira Gullar.

Poema retirado de- aqui

domingo, 5 de outubro de 2014

Desaires da 1ª República

Sempre me impressionou o facto de o Almirante Cândido dos Reis, o militar principal e um dos cérebros da chamada insurreição, se ter suicidado a 4 de Outubro, na véspera da proclamação da República. Diz-se que à notícia de que a Infantaria 16 teria saído para a rua e começado a fuzilar o povo e que ao rebate "Está tudo perdido...Está tudo perdido!", o nosso homem não resiste à pressão. Ele é depois encontrado morto na Azinhaga das Freiras. Mas, não teria ele a obrigação de fazer uma avaliação criteriosa e corajosa da situação? Que pânico aquele que o leva a pôr fim à vida? Ou não se trata de nada disso? 

E que dizer de Miguel Bombarda, médico, chefe civil da causa revolucionária, que é morto por um doido, seu antigo doente, como ele próprio ainda consegue dizer, no dia 3 de Outubro? Pela cidade corre a notícia de "Lá o mataram!". E várias especulações ainda vigoram. Machado Santos consegue segurar a coisa e ele e o seu grupo transformam-se nos "doidos" da Rotunda, pela eficiente resistência no Alto da Avenida da Liberdade, com pouquíssimos recursos.




Desde esse dia 5 de Outubro até ao golpe de 28 de Maio de 1926 decorre um período conturbado de dezasseis anos, pleno de convulsões sociais e desmandos políticos. Sucedem-se de forma alucinante, parlamentos (7), governos (39), presidências da república (8), e outras instituições.

Um dos exemplos desses desvarios é Sidónio Pais que em 1917 detinha o cargo de presidente do ministério (actual primeiro-ministro), acumulando-o com as pastas da Guerra e dos N. Estrangeiros, e que também toma para si o lugar de presidente da república, destituindo sumariamente Bernardino Ribeiro. Através de decretos altera a Constituição de 1911, governa de forma ditatorial, e a República passa a ser conhecida como a República Nova. Sidónio Pais é assassinado em Dezembro de 1918.

A situação criada por Sidónio é, no entender de alguns, precursora do Estado Novo. Com o golpe de 28 de Maio de 1926 pretender-se-ia sanar os problemas criados durante estes atribulados anos como, por exemplo, equilibrar as contas públicas. Para isso, são solicitados os serviços de António de Oliveira Salazar. 

Mas antes de Salazar e do Estado Novo temos a noite de 19 de Outubro de 1921, conhecida por noite sangrenta*, trágicaem que uma camioneta fantasma com pessoas dentro anda pela noite ceifando vidas, as vidas de António Granjo, então presidente do Ministério, Machado Santos e José Carlos da Maia, dois históricos da proclamação da República, o comandante Freitas da Silva, secretário do ministro da Marinha, o coronel Botelho de Vasconcelos, entre outros. 

É este o nosso país, o tal de brandos costumes
         
          Meus amigos desejo-vos um excelente dia.


====

*Tomei contacto, pela primeira vez, com a realidade dessa noite trágica através de um jornal da época, quando, em tempos, pesquisava para um trabalho. Depois disso li A Noite Sangrenta, de José Brandão, de 1991, e outros escritos sobre a matéria.

-Imagem retirada da Net. 
Consta também da capa do Vol. XI da História de Portugal de Joaquim Veríssimo Serrão, sobre a 1ª República (1910-1926), mas um pouco mais recortada. Não é das minhas imagens preferidas. 

sábado, 4 de outubro de 2014

Música nas praças

Dia de concertos promenade, do início da tarde até ao final da noite, na Baixa e no Chiado, Lisboa. Mais...






E eis o que pode ser o 


suporte da música

o suporte da música pode ser a relação 
entre um homem e uma mulher, a pauta
dos seus gestos tocando-se, ou dos seus
olhares encontrando-se, ou das suas

vogais adivinhando-se abertas e recíprocas,
ou dos seus obscuros sinais de entendimento,
crescendo como trepadeiras entre eles.
o suporte da música pode ser uma apetência

dos seus ouvidos e do olfacto, de tudo o que se
ramifica entre os timbres, os perfumes,
mas é também um ritmo interior, uma parcela
do cosmos, e eles sabem-no, perpassando

por uns frágeis momentos, concentrado
num ponto minúsculo, intensamente luminoso,
que a música, desvendando-se, desdobra,
entre conhecimento e cúmplice harmonia.

Vasco Graça Moura

      1942-2014


Poema in "Antologia dos Sessenta Anos"
Citador

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Dia Mundial da Música - Acordai

Uma manifestação original à porta do Ministério da Educação contra a falta de colocação de 48 professores na Escola de Música do Conservatório Nacional. Então, foi mesmo com as ferramentas, os utensílios - os instrumentos musicais e as vozes. Embora por motivos que não devem repetir-se, i.e., falhas na gestão deste ano lectivo, tivemos o ensejo de ouvir Acordai, de Fernando Lopes Graça, que já no ano passado tinha sido entoado pela cantora lírica, Ana Maria Pinto, frente à Assembleia da República, também em protesto. 

ACORDAI!



Do mesmo modo, o grupo interpretou o Hino Nacional, um dos símbolos da República, que anda muito esquecido. Lembremo-nos que o dia 5 de Outubro, Implantação da República, foi um dos feriados eliminados pelo governo, em 2012.