sábado, 8 de fevereiro de 2025

FLORA


A terra escondeu nas estranhas
as suas lágrimas de sangue
para que ninguém as pudesse ver
Jorge Sousa Braga 



Dias de cinza...

Espalham-se ao vento,

Alojam-se na seiva.


Rumor silencioso,

Tão breves sussurros...


Erguer-te-ás todavia!

Que a lonjura te acolhe,

Lá onde germina o dia.


Olharás o horizonte,

Perseguirás outra fonte

Ousarás o verão!


Vigorosos, os homens

Serão multidão...


Dias na brisa

Frementes florescem,

E da ruína,

Da secreta esperança,

Brotará tua sina.


Não cisnes agora

Que Flora se esconde

Nos ares tristes,

Na cinza infesta,

Nos braços nus

De uma floresta!

Não tombes

Não caias, 

Não tombes,

Vai,

Voa,

O vento atroa,

Não saias,

Não zombes,

Vai, 

Voa,

O tempo é sério,

o grito etéreo,

Não tombes,

Vai,

Voa,

Não caias!

Ana Tapadas


***


O lamento da natureza neste lindo poema.
O nosso amor pelo meio ambiente deve ser forte e interventivo.
Tomara que todos nós tomemos consciência dessa realidade.



Sara Tavares

Voá Borboleta



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In: Sul Sereno, de Ana Tapadas

Pgs.65 e 66

Citação- in: O poeta nu - Poemário Assírio e Alvim,2012

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