Arde no ar um gosto antigo de alfazema
E o fio dos dias suspenso agora. Apenas
A festiva alfazema. E o corredor do tempo.
E as maçãs emolduradas. E as uvas
Bago a bago. E o riso em bocas pregoeiras...
Outonais os dias embalsamados em colcha
Domingueira. E a linha do teu corpo
Debruada por meus dedos no vazio dessa ausência.
E os seios tão tenros - que ainda queimam.
Açucenas sobre o feno...
A saia é vórtice. Esplendor na relva.
Voando. Que corpo se inflama ainda.
E o mar é teu joelho. E absoluto barco
Singrando em meus olhos. Cavaleiro imaculado
Na chama dessa aurora pioneira.
Chama e flor. Pois que em ti declino o lume
Dos dias e o tempo de outras margens:
Miragem sobre mim descendo.
Chama e flor. E o cheiro a alfazema e
toda a natureza em festa.
Assim, o amor.
Marcus Viana
Sinfonia dos Sonhos
O blog: Relógio de Pêndulo
Quinzena do Amor
Post 1-Só o amor; Post 2-Alastrar Paz e Amor; Post 3-Ouça as vozes; Post 4-Estética da Vida; Post 5-Quando o Amor chora de sede
===
In: Do esplendor das coisas possíveis, de Manuel Veiga
Pg. 32
Sem comentários:
Enviar um comentário