domingo, 17 de dezembro de 2017

Caligrafia Íntima

Eis então o outro livro referido aqui, obra poética intitulada Caligrafia Íntima, de Manuel Veiga, homem de rasgos poéticos cimentados tanto na cultura clássica como na cultura moderna e ainda na contemporânea. Com ele viajamos, nomeadamente, pelas obras de Homero, Camões, Fernando Pessoa. E, ao referir-se a "mulheres de Atenas", não podemos deixar de recordar Chico Buarque de Holanda.

Ora, leiam este poema:  


Urgência de teus olhos


                              Para Cândida, Minha Mulher

Urgência de teus olhos assim tão fogo
Que tão líquidos se derramam e mil silêncios
Os consomem. E mil fios. E mil teares e enredos.
E mil anos os dizem. E mil helenas e mil tróias.
E mil penélopes os resguardam.

E mil "mulheres de Atenas" - verbenas!
E mil cantos. E mil rezas. E mil lágrimas colhidas.

Sou o pórtico desse fogo. Sou o sonho
Sou o rumo e ancoragem. Sou abrigo.
Sou o brado. Sou o grito. Sou incêndio
Das pontes. E as águas que correm no rio.

Sou a carne insubmissa. Sou a miragem!
Sou a memória perdida. Sou a fonte.
Sou origem. Sou quase tudo
No olhar em que sou cativo.

Meu amor, meu amor, sou o poema
Em que te digo. 

In: Caligrafia Íntima
Pg. 31



cento e dois sinais

cento e dois sinais neste livro de poesia a comunicar a grande possibilidade do verbo sensível culto
e às vezes irónico mas sempre livre mas sempre persistente no caminho da perfeição e se ela existir desarrumada e cúmplice o Manuel Veiga ensina-nos o caminho através de uma sobriedade enorme.(...)

é a memória antiga a ser futuro neste presente que nos grita ao perto o grito do poeta. "verso e reverso" da sua fala que nos revisita como se uma pluma fosse e nós leitores acompanhamos o gráfico grito sossegado e intimista de quem não ousa desistir de si.


Algumas das palavras de Isabel Mendes Ferreira no início do livro - pg 6


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Obra referenciada:
Caligrafia Íntima, de Manuel Veiga -
Poesia - Ed. Poética Edições - Maio 2017

1ª imagem: daqui

14 comentários:

  1. Não conhecia, mas vou tomar nota!


    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  2. Gostei muito de encontrar aqui O Manuel Veiga, poeta que admiro desde que ele se resolveu a tirar da gaveta o que tinha escrito. E ainda lá tem imensas coisas, creio eu...
    Um beijo e desejos de um bom Natal e de um Ano Novo com tudo o que mais quer.

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  3. Querida Olinda
    A minha visita de hoje tem apenas como finalidade desejar BOAS FESTAS.
    E, para isso, nada melhor do que fazer-me acompanhar de Mahatma Gandhi (Mahatma – “A grande Alma”), e suas sábias palavras:

    “Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos.
    A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora.
    Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.
    A capacidade de escolher novos rumos.
    Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável:
    Além do pão, o trabalho.
    Além do trabalho, a acção.
    E, quando tudo mais faltasse, um segredo:
    O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída."
    (Gandhi)

    UM SANTO E FELIZ NATAL!

    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  4. Já conheço alguma coisa deste nosso amigo, Manuel Veiga e foi muito bom vê-lo aqui, como um homenagedo do Xaile de Seda. Um Bom Natal para os dois. Um beijinho
    Emilia

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  5. Adorei esse autor. Nao conhecia!! Te segui aqui <3 Entao, meu primeiro cover saiu no youtube! Gostaria de te convidar para vê-lo e se inscrever no canal se gostar e falar pros migos <3 Essa ajuda seria ótima!!! Beijinhos https://www.youtube.com/watch?v=XOjBLK7UMb0&

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    1. Olá, Alice

      Fui ouvi-la e gostei muito.
      Levarei o link aos @migos, convidando-os a lá irem também.

      Sucesso.

      Bj

      Olinda

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  6. A passar por cá para desejar um ótimo Natal e um Ano novo Fantástico!


    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  7. Boa partilha de um estimado poeta e amigo

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  8. Olinda, minha amiga

    Fico verdadeiramente sensibilizado com a publicação do poema e as referências elogiosas à poesia que tenho vindo a publicar, bem como ao próprio autor. Agradeço a amável gentileza, que me é muito grata, não apenas pelas palavras, mas também pela pessoa, por quem tenho a maior consideração.

    É para mim muito caloroso ter publicado as palavras da minha amiga Isabel Mendes Ferreira, poetisa, escritora e artista plástica, enorme em qualquer destas expressões artísticas. Outro fora o panorama cultural português e a Isabel Mendes Ferreira seria uma referência obrigatória na moderna literatura portuguesa.

    Permita-me ainda, que englobe na mesma referência de qualidade, a minha amiga Graça Pires e o meu amigo Eufrázio Filipe, que tiveram a gentileza de exprimir a sua amizade e o seu apreço.

    Grato, Olinda Melo. Bem-haja.

    Votos de Boas Festas

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    1. Amigo Manuel Veiga

      Sinto-me encantada com as palavras de apreço que aqui me trouxe. Agradeço a sua generosidade pelos belos poemas e textos com que nos brinda no seu blogue e, ainda mais, pela publicação do seu livro "Caligrafia Íntima", um manancial de cultura, de talento e de muita sensibilidade.

      Quando vi o texto que abre o seu livro fui ver quem é Isabel Mendes Ferreira e gostei muito do que li a seu respeito. E, tem razão, merece uma maior visibilidade no nosso panorama literário. Da minha parte, procurarei publicitar a sua obra dentro das minhas fracas possibilidades, isto é, aqui neste espaço.

      Também referiu Graça Pires e Eufrázio Filipe escritores que eu frequento na blogosfera e que muito aprecio.

      Grande abraço.

      Olinda

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    2. e MAIS... :)
      Desejo-lhe um BOM NATAL E FELIZ ANO NOVO.

      Abraço

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  9. Trouxe-me a curiosidade de conhecer a escolha de Olinda Melo, em Caligrafia Íntima. Possuo o livro e devo dizer que o meu apreço pela poesia de Manuel Veiga vai em crescendo. Também considero este poema MARCANTE. É a felicidade e a arte de dizê-la.

    Abraço os dois e deixo os meus votos de BOAS FESTAS.

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  10. Santo e feliz Natal para si e sua família.
    AG

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  11. Lá estive, no Porto, para o abraçar. E assegurar trazer comigo um bom punhado de fresca poesia.

    jorge

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