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terça-feira, 25 de julho de 2023

Fê e Rosélia

 

FERNANDA MARIA E ROSÉLIA BEZERRA


São duas boas amigas - portuguesa e brasileira - que, em parceria, lançaram hoje o seu segundo livro de poemas intitulado, ENTRE NÓS II. 

Sabemos da qualidade da sua escrita porquanto elas têm-nos facultado no blog, "Entre Nós", a leitura da bela Poesia que produzem.

Também hoje é Dia do Escritor no Brasil que aqui fica assinalado por este evento que muita alegria nos trouxe.





Muitos Parabéns, minhas queridas.

Desejo-vos muito sucesso.

Beijinhos
Olinda

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Em 26/07/2023

VOTOS DE MUITAS FELICIDADES



Simone de Oliveira


Música no Coração



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Imagens:
1ª - Blog "Entre Nós"
2ª - Pixabay
3ª - Pensador 


sábado, 5 de fevereiro de 2022

PARA TI




Porque

"Mais do que nunca, eu lamento,
a metade que não vivo e não conheço"

me armo de resistência
e te procuro
combatendo a escassez do tempo.

Conceição Banza
-São-


Quem não anseia pela outra metade, pela sua alma gémea? 
Nem que se gaste a vida inteira nessa procura. 

Mas o Tempo...
Ah, o Tempo nem sempre é amigo. 
Por vezes, acaba por escassear.




Toi, tu es mon autre
Moi, je suis ton autre
Si nous n'étions pas ici
Nous serions l'infini



Um dos Blogues da Autora - SÃO


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Quinzena do Amor:

Post 1 - Doe seu TudoPost 2 - Sobre o Amor
Post 3 -   Areais de Além-Mar; Post 4 - Meu Amor

Imagem: Pixabay

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

DOE SEU TUDO

 


O que é importante: Amar,

Cada um só dá o que tem,
Ninguém dá além.
Doe seu tudo...
O que vale é se doar,
Cada um sabe como su-portar,
Na vida, 💙 grande faz festa.
Doe seu tudo...
O que alegra é a sinceridade,
Meu 💙 sempre atesta,
Ser ninho de bondade.
Doe seu  tudo...
O que mais pesa é a doação,
Humilde apoio de estimação,
Só vale se for verdadeiro.
Doe seu tudo...
O que tem grandeza
Não ilude, conserva, tem leveza,
Apoia sem engano, é afirmação.
Doe seu tudo...
O que nos levanta a alma,
É como recuperar o outro e até acalma,
Define nossa vitória com alegria.
Doe seu tudo...

Rosélia Bezerra

Um dos Blogues da Autora


Doar o que se tem. E nessa doação comungamos com os outros o pouco ou o muito de que dispomos. É um acto de altruísmo e generosidade a que nem sempre nós próprios damos valor. A nossa amiga Rosélia mostra-nos que não precisamos inventar ou fazer milagres... 



Beethoven - 5ª Sinfonia

Aos 26 anos começa a sua tragédia, a surdez, que o obriga a isolar-se. Deixa no seu testamento estas palavras:
Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas acções; porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a triste enfermidade, agravada pela ignorância dos médicos.
— Ludwig van Beethoven, 
no Testamento de Heilingenstadt,
a 6 de Outubro de 1802

A Música -  o seu Legado à Humanidade.



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Quinzena do Amor
Post 1


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Altruísmo e Generosidade - 
Temas tratados, nos últimos dias, pelas amigas Fê e Emília.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

CriaPOESIA - Encontro juvenil do Atlântico

Lembram-se dos arquipélagos da Macaronésia de que falámos em tempos, das suas características comuns e que, cientes disso, procuram cooperar e desenvolver actividades em vários sectores da sociedade? Pois bem, eles são: Açores, Madeira, Canárias, Cabo Verde (neste conjunto há um pequeno enclave no continente africano que, para o caso presente, não interessa). Vem isto a propósito de um Concurso de Poesia e Poesia Visual para jovens estudantes, dessa Região, como abaixo se refere:




A CRIAMAR – Associação de Solidariedade Social para o Desenvolvimento e Apoio a Crianças e Jovens, sediada no Funchal, promove a 5ª Edição do Encontro Juvenil do Atlântico, cujas inscrições terminaram a 09.01.2019, que pretende ser uma forma de dar voz aos jovens poetas-artistas que residem no território da Macaronésia. É um Concurso de Poesia e Poesia Visual destinado a alunos, até aos 23 anos de idade, que frequentem desde o 7.º até ao 12.º ano de escolaridade, nos arquipélagos referidos.

A entrega dos prémios ocorrerá amanhã, 11 de Maio.

Veja mais aqui sobre CriaPOESIA.

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Imagem - daqui 

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Quase acreditámos na luz rodopiando as sombras



Quase acreditámos na luz rodopiando as sombras
para tornar transparente a maciez do húmus
preso à torrente das chuvas.
Pressentíamos que qualquer coisa de comovente
se alojava no brilho da folhagem atravessada
pelo perfil das aves migratórias.
Sempre soubemos que há rosas
que se desfolham antes de alguém as ver
derramando um leve aroma sobre o delírio da cor
para deslumbramento das borboletas.
Nunca se repete, sempre soubemos,
a curva do tempo na concha do olhar.

Graça Pires
in: Uma vara de medir o sol
pg.48

Querida Graça

Mais uma vez na sua seara, onde gosto de descansar a vista e alimentar o espírito. Obrigada.

Bj

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Título do post - retirado do primeiro verso
Ortografia do olhar - Blogue da autora
Imagem - daqui

sábado, 28 de novembro de 2015

Adequadas palpitações...

De vez em quando pego num poemário que aqui tenho, edição de 2012, e abro-o ao acaso. Fi-lo agora e apareceu-me este poema que partilho convosco, transcrevendo-o mais abaixo:





Os meus olhos estavam dispostos a conhecer-te, e o meu coração
A amar-te. Fui teu imediatamente
Por inteiro, para sempre, teu
Honradamente, com pura intenção,
Com excessivo amor e alegre cuidado:
Assim fui, assim sou, assim serei.
Conheci a tua generosidade, a tua verdade, conheci-te
E aos piedosos companheiros: ouvi-te falar
Com adequadas palpitações. Sobre a corrente, 
Profunda, rápida e clara, os lírios flutuavam; os peixes
Corriam através das sombras. Aí, tu e eu
Líamos a Bondade nos nossos olhos e assim nos unimos.


Este poema é de Robert Louis Stevenson (1850-1894). Ele tinha uma saúde frágil o que o fazia viajar muito em busca de climas quentes. Talvez a instabilidade daí decorrente o levasse a desenvolver uma constante preocupação com a morte e a internar-se no lado mais escuro da natureza humana. Ele é, por sinal, o autor de O estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde...

Contudo, veja-se quanta harmonia contida neste poema, em que os olhos e o coração nos falam de honradez, de generosidade, de amor.

Desejo a todos um bom fim de semana.

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Poema do: 
Poemário, Assírio & Alvim, 2012
*O título do post não corresponde ao título do poema que, no livro, é a repetição do primeiro verso, quase na íntegra.
(A tradução e selecção é de José Agostinho Baptista)
Imagem: Pixabay 

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Elegia da lembrança possível





O que não daria eu pela memória
De uma rua de terra com baixos taipais
E de um alto ginete enchendo a alba
(Com o poncho grande e coçado)
Num dos dias da planície,
Num dia sem data.


O que não daria eu pela memória
Da minha mãe a olhar a manhã
Na fazenda de Santa Irene,
Sem saber que o seu nome ia ser Borges.


O que não daria eu pela memória
De ter lutado em Cepeda
E de ter visto Estanislao del Campo
Saudando a primeira bala
Com a alegria da coragem.


O que não daria eu pela memória
Dos barcos de Hengisto,
Zarpando do areal da Dinamarca
Para devastar uma ilha
Que ainda não era a Inglaterra.


O que não daria eu pela memória
(Tive-a e já a perdi)
De uma tela de ouro de Turner,
Tão vasta como a música.


O que não daria eu pela memória
De ter sido um ouvinte daquele Sócrates
Que, na tarde da cicuta,
Examinou serenamente o problema
Da imortalidade,
Alternando os mitos e as razões
Enquanto a morte azul ia subindo
Dos seus pés já tão frios.


O que não daria eu pela memória
De que tu me dissesses que me amavas
E de não ter dormido até à aurora,
Dissoluto e feliz.


Jorge Luís Borges
  1899-1986


Argentino. Escritor, tradutor, crítico literário, ensaísta.
Um homem que reúne no seu âmago a memória do mundo, através de milhentas leituras e análises. Penso ver isso no conto A Biblioteca de Babeluma metáfora em que mundo e literatura se confundem, segundo algumas interpretações. Assim, ler um texto é tentar decifrá-lo, mas se considerarmos que o próprio mundo está impregnado de linguagem, a própria realidade pode ser considerada como uma grande biblioteca cheia de textos à espera de quem os decifre.
Nas suas obras destacam-se temáticas como a filosofia, a metafísica, a mitologia, a teologia. Mas também aborda a cultura das pampas argentinas e lida com campanhas militares reais, como a guerra na argentina contra os índios, tratando-as como pano de fundo para produção na área da ficção.

Não é a primeira vez que nos envolvemos aqui na leitura deste autor. E não há-de ser a última. Descobrir a sua obra é como fazer uma viagem ao princípio de tudo. Aliás, é um exercício da lembrança possível num mundo ainda por acontecer.

Abraço.

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Imagem-pampa argentina:daqui

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A noite lavava as sombras das suas pálpebras com a aurora

O rei-poeta, al-Mu'Tamid, na grandiosidade das suas palavras. Do seu desterro em Marrocos, triste, roído de saudades, cantava Silves e o Palácio dos Balcões, do modo que se segue:


Saúda, por mim, Abú Bala,
Os queridos lugares de Silves
E diz-me se deles a saudade
É tão grande quanto a minha
Saúda o Palácio dos Balcões.
Da parte de quem nunca o esqueceu.
Morada de leões e de gazelas
Salas e sombras onde eu
Doce refúgio encontrava

À sua amada enviava juras de amor, assegurando-se de que a distância não seria motivo para o esquecimento: 

Invisível a meus olhos,
trago-te sempre no coração
Te envio um adeus feito paixão
e lágrimas de pena com insónia.
Inventaste como possuir-me
e eu, indomável, submisso vou ficando!
Meu desejo é estar contigo sempre,
oxalá se realize tal vontade!
Assegura-me que o juramento que nos une
nunca a distancia o fará quebrar.
Doce é o nome que é o teu
e aqui fica escrito no poema: ‘Itimad.

E que dizer a quem vive dos ardis da paixão ou da ilusão? Ouçamos o poeta, através da voz de Eduardo Ramos e o seu alaúde, aqui

quem vive dos ardis da ilusão
e, assim, se aparta do amigo
poderá encontrar consolação?
I
quando será que estarei
livre de desdém tão fero
cujos fortes esquadrões
me dão guerra que não quero.
desvio, assim, é injusto.
juro pela luz altaneira
que em suas tranças se divisa:
não sou cobra traiçoeira
das que mudam de camisa.
II
de negras madeixas
amo uma gazela
um sol é seu rosto
e palmeira é ela
de ancas opulentas
existe em seus lábios
do néctar o gosto.
ó sede se intentas
sua boca beijar
não o vais lograr.
III
em encanto não tem
rival tal senhora,
e, fora do sonho,
quem tão bela fora?
qual espada seus olhos
lhe brilham e rosas
lhe enfeitam a face
na sombra vistosas
mas se as vais olhar
fá-la-ás murchar.
IV
dá paz ao ardor
de quem te deseja.
contenta o amor
e faz dom de ti,
vamos, sorri,
quando a boca beija.
me disse na hora:
pecar me refreia
respondi-lhe: ora,
não é coisa feia!
V
uma vez era noite
de bem longa festa.
adormeci. me disse
me acordando com esta:
teu sono vai longo
toca a levantar!
então me beijou
e eu pus-me a cantar:
fazem reviver
teus lábios a arder!    [que lábios serão?]

Al-Mu’Tamid





E nestas noites de Junho, em Beja, noites  que se querem cálidas e mágicas, talvez ele, Mu'Tamid,  se materialize no ardor da sua poesia.

Relembremos tão-só o poeta e o mecenas. Do governante e da reconquista cristã se encarregará a História.

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Poemas:Fonte
Nota: A seguir ao último verso, na mesma linha, lê-se:[que lábios serão?]. Desconheço se a expressão faz parte do poema ou se se trata de um aparte de quem o publicou. Por outro lado, tanto se encontra o primeiro verso escrito deste modo "quem vive dos ardis da ilusão" como deste, "quem vive nos ardis da ilusão". Um pormenor que terei de verificar oportunamente. 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A poesia é uma forma de resistência? Sempre, por definição? Ou apenas em determinados contextos - sociais, políticos, culturais? Como pode a poesia resistir e a quê?

Estas perguntas foram colocadas num inquérito a poetas do Brasil, Espanha e Portugal. Do nosso lado são 23 os inquiridos, com muitos nomes sonoros, já conhecidos nossos: 

A.M.Pires Cabral; Adília Lopes; Alberto Pimenta; Armando Silva Carvalho; Daniel Jonas; Diogo Vaz Pinto; Fernando Guimarães; Fernando Pinto do Amaral; Gastão Cruz; Herberto Helder; Inês Lourenço; José Luís Barreto Guimarães; José Emílio-Nelson; José Miguel Silva; José Tolentino Mendonça; Luís Quintais; Manuel António Pina; Manuel de Freitas; Manuel Gusmão; Margarida Vale de Gato; Nuno Júdice; Rui Lage; Vasco Graça Moura.

De entre as respostas escolho a de Armando da Silva Carvalho por um motivo: ele vai buscar Bernardo Soares para documentar o seu discurso, o qual, por sua vez, inspirou um trabalho intitulado, "O Riso Agudo dos Cínicos": Desassossego e Ironia, em Armando Silva Carvalho, da autoria de Joana Matos Frias, Universidade do Porto, em que a autora, a partir de uma reflexão sobre a resposta do poeta à questão “A poesia é uma forma de resistência?” e sobre o seu dictum “O texto não faz nem refaz o mundo”, procura reconstituir na sua obra poética, desde o inaugural Lírica Consumível (1965), os princípios elementares que presidem ao exercício da “expressão desassossegada”, da retórica da ironia e da textualidade paródica que têm singularizado o discurso do poeta no panorama da literatura portuguesa contemporânea.

Da resposta ao inquérito, de Armando da Silva Carvalho, deixo aqui este excerto: 


A RESISTÊNCIA COM BERNARDO SOARES

(...)

A vossa pergunta optou por relativizar a resistência: ela será mais uma atitude a concorrer no trabalho poético. Ou seja, os contextos e a sua diversidade podem levar o autor ( por razões de ética, civismo, ou simplesmente cultura) a subordinar-se a um valor suposta e temporariamente mais alto: a resistência.

E no entanto, o menos que me posso pedir enquanto faço versos, me atolo no magma verbal ou nos dias que escorrem por mim e à minha frente, é que não me faltem aquelas das palavras que sempre me acompanharam na expressão desassossegada da escrita e provocada pela experiência do ser e do existir, pela visão absurda do meu mundo, dos outros, de todos; pela partilha do mal pela ausência do bem, do justo pelo injusto (sem nunca chegar a saber, no fundo, dos dois, afinal o quem é quem no texto), pela impotência frente ao terror, à carnificina, à estupidez imposta a nível mundial e tantos outros lugares cativos e sabidos neste palco global, nesta corrida cada vez mais acelerada a caminho da catástrofe.
    
 E tudo, enquanto vou ficando cada vez mais a sós comigo, guiado pela intuição, essa bússola nos descampados da alma, no dizer de Bernardo Soares, um dos auto-demitidos da vida e que cultivava o ódio à acção como uma flor de estufa.

E é disto, da consciência disto, que surge a resistência, que não tem tempos mortos, nem ocasiões propícias. E talvez com ela surja, como hipótese, a sempre desejada beleza do texto, no seu suposto, frágil, absoluto.

Mas como pode resistir o pobre do poema?

Pela simples razão da sua existência. Não tem outros alicerces. Existência igual a resistência. Se isso, além de se traduzir numa convulsão, inovação, seja o que for, em termos textuais, ganhar também peso na balança da realidade social, da política, do mundo, será já outra história acumulada. Um conjunto de palavras não é nenhuma bomba, o mais que pode ser é um panfleto, um manifesto, uma denúncia, e isto em casos extremos de inflamação contestatária. O pobre do poema, o meu, sempre desconfiou dos travestimentos da fuga em direcção ao nada. Se acaso o deixarem ainda circular, e mais dia menos dia possivelmente não deixam, ele na sua mesquinha, ridícula expressão de singularidade ameaçada, afirmará que resiste contra a sua própria negação. Que no fundo não é mais que a negação da liberdade e da vida.

Porque a história da poesia foi sempre o resistir. Em primeiro lugar, ao próprio acto conformado de resistir textualmente. Depois, ao de resistir ao pai, à mãe, à pátria, ao ferro de engomar padronizado das formas, conteúdos e teorias. O de resistir ao poder da palavra que rebaixa e aprisiona. O de resistir ao definitivo reino do consumismo global, não já ao das coisas, mas também o das almas, do espírito, da singularidade do ser. O de resistir às mais sofisticadas redes de repescar o que vai da mente até aos corpos: o tutano dessa viva e desalterada criatura que é o homem, em processo inexorável de desnaturação. 

E para terminar, peço aos jovens, que passais os dias de hoje a poetar, que olheis essa aventura ou gesta do grande capital contemporâneo. Nunca o sinistro económico se alçou tão despudoramente soberano sobre as nossas cabeças: novas, velhas, pobres, remediadas, mais ou menos inocentes. Aí, nessa aventura, por certo original na forma de destruir economias, países e pessoas, podeis descobrir a epopeia que falta aos tempos do presente mundial. De que estais (estamos) à espera?   

Peniche, Janeiro de 2012


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Igualmente interessantes são as respostas dos outros poetas. Assim, convido-vos, meus amigos, a acederem ao link associado à palavra inquérito no início do presente post. Creio que gostarão de entrar nesse universo mental, privilegiado, que é o da criação poética e a sua incidência no mundo real, no que a estes poetas diz respeito.

Para provocar a vossa curiosidade insiro aqui estas palavras de Manuel António Pina, entretanto falecido:

(...)


"Como pode resistir a poesia?", pergunta-se: dizendo, por exemplo, coisas como "a Terra é azul como uma laranja", "os pássaros são os primeiros pensamentos da manhã", "a filha da manhã, Aurora de róseos dedos", "tapeçaria de homens" (uma batalha), etc.. "E a quê?": ao jornalismo, à televisão, à publicidade, ao linguajar da prosa de entretenimento e a todos os tipos de linguajares e idiolectos que parasitam e empobrecem a língua: o politiquês, o economês, o eduquês, a língua de pau do Direito e das ciências sociais, a língua de manteiga dos negócios e da diplomacia, concebida para enganar, e por aí adiante.


Assim sucedendo, a poesia já é forma de resistência "política" e "social".

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