Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa,
in: Viagem Através de
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa,
in: Viagem Através de
uma Nebulosa
A atitude crítica que permanentemente exercitou sobre a sua própria palavra como sobre a palavra alheia faz de A.R.R. um dos mais esclarecidos críticos portugueses contemporâneos (...)enquanto poeta faz da ignorância e da radical suspensão de todos os saberes e hábitos adquiridos o único método para a eclosão da sua palavra poética. Na verdade, a procura da palavra justa para dizer as «coisas nuas» e a reflexão sobre a realidade e a possibilidade dessa palavra é, talvez, o único tema desta poesia, na qual é, no entanto, possível assinalar diferentes fases: recortando-se duma problemática neo-realista de solidariedade para com o destino dos homens e do mundo, O Grito Claro (1958) e Viagem Através de Uma Nebulosa (1960) utilizam uma linguagem e uma vivência ainda devedoras dessa estética, combinadas com uma imagética herdada do surrealismo. Mais aqui
Boa semana, meus amigos.
Abraços.
Olá, amiga Olinda, gostei muito de ler esse poema de António Ramos Rosa, que, felizmente, pude conhecer por seu intermédio.
ResponderEliminarObrigado pela partilha!
Uma ótima semana com os cuidados com a saúde.
Grande abraço.
Olá, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarTemos adiado o Amor... Ou melhor, temos esperado para manifestação sensível do Amor a alguns que amamos. Por esta razão necessária, estamos sufocando o sentimento que em nós habita e não pode ser ignorado.
Não, não podemos adiar abraços, Amor e coração em hipótese alguma. Estamos indo na contramão da nossa natureza, amiga.
Um poema forte como deve ser a característica do autor que você me apresentou (que me lembre).
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos carinhosos e fraternos
Querida Olinda, que belo poema escolhestes! Gosto muito de frases que se repetem no poema, dá muita força: "Não posso adiar..."
ResponderEliminarTambém não conhecia o poeta António Ramos Rosa - aplausos!
Bela postagem, amiga.
Uma feliz semana pra você,
beijinho.
Uma excelente escolha, amiga Olinda. Adorei o poema.
ResponderEliminarAbraço, saúde e uma boa semana
Poema lindíssimo que me fascinou ler. Gosto muito de ouvir Nininho Vaz Maia. Existem males que vêm por bem. Assim aconteceu com o Nininho.
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
António Ramos Rosa é um poeta de excelência.
ResponderEliminarInfelizmente andamos com muitos abraços adiados!
Abraço
Que linda poesia compartilhada,Olinda! Gostei muito! Que tua semana seja bem linda também! beijos, chica
ResponderEliminarAntónio Ramos Rosa. O poeta fantástico que eu adoro ler e que tanto me inspirou. Este poema é para sabermos de cor e não esquecermos as palavras que nele são ditas. Como adiar os abraços que o coração reclama?
ResponderEliminarCuide-se bem, minha Amiga Olinda.
Uma boa semana.
Um beijo.
Não se pode mesmo adiar o amor.
ResponderEliminarUm poema lindo de um poeta que muito aprecio.
Boa semana
Beijinhos
Uma publicação belíssima! Adorei a musica! 🌹
ResponderEliminar-
Se o mundo rodasse numa esfera colorida
-
Beijo e uma excelente semana...
Bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Há adiamentos impossíveis.
ResponderEliminarExcelente poema de António Ramos Rosa. Vem sempre a propósito.
Não adio, deixo o abraço, querida amiga Olinda.
Este poema de A. Ramos Rosa traduz e essência da vida!
ResponderEliminarNa verdade, não se pode adiar o amor, o abraço, o grito libertador, o coração, a vida! SUBLIME!...
Ramos Rosa, um poeta único no seu estilo no seu registo sempre libertador!
Um abraço!
Beautiful
ResponderEliminarUm grande abraço-
ResponderEliminarQuerida Olinda, eu creio que nós, seres humanos, não adiamos o amor, não adiamos a amizade, quando esses sentimentos são verdadeiros e fortes; eles estão dentro de nós e aí ficam para sempre, mesmo que as pessoas a quem dedicamos esses sentimentos, já não estejam entre nós. O que nós fazemos, Amiga, é " adiar" as manifestações desse amor, desse afecto pelos Amigos; demoramos tanto a mostrar aos outros o quanto são importantes para nós, adiamos vezes sem conta aquela visita a um amigo que está doente, a um parente idoso que há anos está acamado, a outros que, não sendo de familia, também sentem a nossa falta; vamos adiando, adiando, até que chega a triste noticia e aí...vem aquele remorso....
ResponderEliminarA pandemia tem-nos obrigado a adiar os abraços, os beijos, os afagos e até as visitas, mas, o que faziamos antes dela? Adiavamos tudo, com a desculpa de falta de tempo e parece-me que, quando esta " cruz " desaparecer, os adiamentos vão continuar. Sinceramente, Olinda, com todo este confinamento, tenho medo de me habituar a esta distância obrigatória e perder essa vontade tão natural de abraçar as pessoas.
É muito tempo já e o que continuamos a ver é a distância entre as pessoas, por enquanto necessária, que não se cumprimentam e mal se ouvem por causa da máscara Uma situação triste que vai terminar, mas, espero, sinceramente que não acabe de vez com a nossa capacidade de mostrar aos outros o amor que lhes dedicamos. Um poema muito bonito, Olinda que nos deve levar a pensar que o essencial não pode ser adiado
Um beijinho e obrigada pelo belo momento. Um bom fim de semana, com SAÚDE para todos.
Emilia
O amor é lindo. Amar é sublime. Que em todas as "batalhas" vença o AMOR.
ResponderEliminar.
Um domingo feliz … abraço
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Boa tarde, amiga Olinda.
ResponderEliminarAdmiro a poesia de António Ramos Rosa, este seu poema é um apelo, um grito que não devemos esquecer.
Vou finalizar acrescentando, se me permite, uma pequeno texto dele, para mim, a mais bela definição de amor:
"O amor cerra os olhos, não para ver mas para absorver: a obscura transparência, a espessura das sombras ligeiras, a ondulação ardente: a alegria. Um cavalo corre na lenta velocidade das artérias. O amor conhece-se sobre a terra coroada: animal das águas, animal do fogo, animal do ar: a matéria é só uma, terrestre e divina. "
Um beijinho, feliz semana !
Beautiful blog
ResponderEliminarA vida é inadiável, até porque a grande ceifadora é implacável e está sempre à espreita.
ResponderEliminarO poema reflete, também, uma evidente duplicidade, intrínseca a todo o ser humano.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
A passar por cá, hoje, para desejar uma ótima semana!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda