Um grupo de escritores portugueses teve a louvável iniciativa de publicar um livro com poemas seus com o objectivo de o produto da respectiva venda ser entregue à Unicef para minorar o sofrimento das crianças de Alepo que se vêem sem apoio, órfãs e desvalidas.
O livro foi apresentado a 4 de Fevereiro e tem este título: Cinco Lágrimas por Alepo.
Dele vou retirar dois poemas que abaixo transcrevo:
em cada filho, na combustão das valas, onde agora mora.
Já não te pertence o teu sol soalheiro.
Anoitecem-te com o fumo ácido dos morteiros.
Gota a gota te mirram as crianças que em ti cresciam
e que agora atravessam a poeira dos escombros
outrora parte do colo onde adormeciam.
No desnorte do teu horizonte se ergue o teu nome,
escrito com teu sangue, algures no monte.
Na Abóbada que te cobre acolhe-se a Alma de que és parte.
Na potência dos fortes, querem-te sumindo.
Resiste, Alepo.
Só a putrefação serve aos abutres famintos.
Dele vou retirar dois poemas que abaixo transcrevo:
Choro por ti, mártir Alepo.
O teu coração já não bate porque to arrancaram a toda a hora, em cada filho, na combustão das valas, onde agora mora.
Já não te pertence o teu sol soalheiro.
Anoitecem-te com o fumo ácido dos morteiros.
Gota a gota te mirram as crianças que em ti cresciam
e que agora atravessam a poeira dos escombros
outrora parte do colo onde adormeciam.
No desnorte do teu horizonte se ergue o teu nome,
escrito com teu sangue, algures no monte.
Na Abóbada que te cobre acolhe-se a Alma de que és parte.
Na potência dos fortes, querem-te sumindo.
Resiste, Alepo.
Só a putrefação serve aos abutres famintos.
Manuela Barroso (a nossa querida amiga do "Anjo Azul"-clique no nome, p.f.)
pg. 45
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"o medo não podia ter tudo..."
ALEPO
Cidade fantasma.
Destruição, fome, desespero...
São milhares, fogem da guerra
de mãos vazias e as memórias nos escombros.
No rosto vazio, triste e macerado das crianças
há um grito mudo - urge acordar o Mundo!
Só a voz das armas se faz ouvir...
Enquanto houver ditadores, tiranos e fundamentalismo
a humanidade estará em perigo.
José Efe
pg.57
O livro tem 120 páginas. A lista dos contribuidores é imensa.
Em "Notas Iniciais", Conceição Lima diz isto:
Um dia, li no Jornal Público: Em Alepo, contam-se os dias para a morte".
Colei esta frase no meu mural. Choveram poemas, em reação! Tornou-se vaga alterosa, incontrolável, irreprimível! Formou-se uma onda! Há ondas que nascem e se formam, sem que se preveja o movimento em que se desenham e avançam. A Ciência as explica, a poesia as preenche.(...)
António Gaspar deu-me o empurrão!Demos as mãos!
Cá estão elas - AS CINCO LÁGRIMAS POR ALEPO!
Desaguam agora, num grito comum, cumprindo o "dilúvio" que António Gaspar prenunciara...
(...)
E António Gaspar Cunha, também ele poeta, numa reflexão sobre a civilização e a escravidão intelectual que "Os Senhores" do mundo nos querem impor, fala do livro assim, a dado passo:
"O que daqui emana são as almas dos poetas. Almas que choram, que gritam, que clamam esperança e que por vezes sorriem. É um livro de poesia de uma beleza erguida passo-a-passo; são choros, sob a forma de poemas, que se juntam até formar um dilúvio de esperança."
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Título / Cinco lágrimas por Alepo
Autor / Vários autores
Género / Poesia
Capa / António Gaspar Cunha
Paginação / António Gaspar Cunha
1ª edição - Gráficamares, LDA
Já comprei e já li amiga. Tive conhecimento no blogue da Manuela, logo de início.
ResponderEliminarTinha até pensado que o próximo post a seguir ao dia da mulher seria com poema deste livro.
Um abraço e bom fim de semana
Obrigada!!!!As palavras cumprem-se!
EliminarOlá, Elvira
EliminarA divulgação deste livro e da situação destas crianças nunca é demais. Quando fizer o seu post irei aí ao seu blogue inserir o meu comentário.
Bj
Olinda
Soube desta sensível e comovente iniciativa, com magníficos poetas.
ResponderEliminarVim ao seu blog através da Majo. Passarei aqui outras vezes.
Um bom fim de semana.
Beijos.
Bom dia, Graça
EliminarMuito obrigada pela sua visita e comentário.
Também eu irei visitá-la em breve.
Bj
Olinda
Belo contra o medo e a indiferença
ResponderEliminarO medo e indiferença tolhem o mundo no que se refere às boas obras.
EliminarNeste caso, há uma batalha ganha.
Abraço.
Olinda
Iniciativa muito nobre e digna!!!
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana :)
Sim, é verdade, M.
EliminarMuitas vezes ficamos apenas pelos lamentos e nada se faz.
Agora, e também noutros casos de que se não ouve falar, vê-se o resultado do "dar as mãos" de homens e mulheres.
Bj
Olinda
Uma iniciativa muito interessante, num mundo em que tantos silêncios cómodos permitem o horror.
ResponderEliminarBeijinho
Bom dia, Ana
EliminarO silêncio de muitos permite que o pequeno número que segura o poder ponha em causa a dignidade humana.
Beijinhos
Olinda
Aos poucos se constroem monumentos .
ResponderEliminarAos poucos começamos a andar ...
É pouco para este mar de miséria , Olinda , mas penso que é sobretudo a sensibilização , que nunca é demais , para esta cidade mártir e suas crianças .
Então posso informar que se pensa já na segunda edição e a apresentação em Lisboa .
Obrigada caríssima amiga pelo seu contributo e divulgação . E sempre penso que quem faz o bem , é aqui ainda que recebe a recompensa !
Bem haja e obrigada
Beijinho !
Querida Manuela
EliminarNão poucas vezes, o primeiro passo é que é o mais difícil.
Vi que as pessoas responderam com solidariedade e amor na construção deste edifício, que tem condições para se transformar num monumento de grandes proporções.
A 2ª edição do livro, uma excelente notícia! Penso que ao vosso exemplo se seguirão mais iniciativas como esta. Que os intelectuais deste país têm uma palavra a dizer e que através da sua escrita abaterão os muros de incompreensão e horror que se constroem à nossa volta.
Muito obrigada.
Bom fim de semana.
Beijinhos
Olinda
Fico feliz por ver que a solidariedade não é palavra oca...Os Poetas agarraram-na e vão fazer chegar a sua mão estendida às ruas de pó de Aleppo...Obrigada!!
ResponderEliminarCara Conceição
EliminarMuito obrigada por ter tomado nas suas mãos esta obra meritória. Por ter entoado o primeiro grito a que os outros gritos se seguiram, com palavras de dor e compaixão por seres inocentes abandonados no meio do horror.
Bem haja essa linda palavra que é a Solidariedade, que se mostrou não ser uma palavra vã.
Fiquei muito contente com a sua visita. :)
Beijinhos
Olinda
Maravilhosa postagem da publicação que eu não conhecia. Que bela ação benemerente com a robustez hercúlea para acordar mentes acomodadas e de um escopo extraordinário - recursos aos carentes. Parabéns aos poetas e parabéns a ti.
ResponderEliminarQuanto tua adesão ao meu espaço, creio que não ter se efetivada por não aparecer no meu quadro de seguidores. Mas sem problemas. Sempre voltarei aqui e lembrarás de mim. Minha gratidão e cumprimentos por tão honrosa causa em divulgar o feito histórico... Grande abraço. Laerte.
Bom dia, Laerte
EliminarDizes bem, mentes acomodadas. Mentes que fazem do seu quotidiano um reduto e dali não saem habituadas que estão às pequenas coisas, que fazem da vida o seu pequeno paraíso. Entretanto, o mundo vai desabando.
Meu amigo, a minha adesão ao teu espaço efectivou-se, sim senhor. E irei ali demonstrar-to. :)
Abraço
Olinda
... As Crianças, não, Senhor!
ResponderEliminarNão as tomes sem cuidado.
Dá-lhes a Paz e Amor,
Ao seu peito amargurado.
Excelente contribuição para uma causa que se tornou meritória.
Bem hajam todos. Bem hajas, Olinda, pela divulgação.
Beijo
SOL
Olá, Sol
EliminarAs tuas palavras fazem-me recordar outras não menos significativas, as de Augusto Gil, em "Balada de Neve":
"Que quem já é pecador
Sofra tormentos, enfim!
Mas, as crianças Senhor
Porque lhes dais tanta dor?!
Porque padecem assim?!"
Perguntas que ficarão para sempre sem resposta porque, realmente, é impossível conceber-se uma lógica explique o seu sofrimento.
Voltando a Augusto Gil (1873-1929) a sua obra conta com, pelo menos, 10 títulos, mas ele será sempre lembrado pela sua Balada de Neve, onde descreve com alma e coração as atribulações por que passam as crianças. http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/agil.htm
Muito obrigada.
Abraço
Olinda
Conheço a louvável iniciativa e alguns dos poemas contidos na obra.
ResponderEliminarOuço regularmente o programa da Conceição Lima, Hora da Poesia (onde já estive), que faz à 4.ª feira, em direto, na Rádio Vizela, pelas 21:08, sobre a divulgação de poetas (atuais e já falecidos - consagradas ou menos lembrados). O que a Conceição Lima faz pela poesia é único e grandioso.
Bjo, Olinda
Querida Odete
ResponderEliminarTrouxeste-me preciosas informações, que eu desconhecia. Muito me apraz registar que há pessoas como a Conceição Lima que se dedicam à promoção da Poesia, logo, à Cultura. E amanhã é o dia da Poesia. :)
Beijinhos
Olinda