sábado, 26 de novembro de 2011

Encontros


Na vã esperança de cumprir os dez mil passos a que me proponho todos os fins de semana, calcei os ténis, desci as escadas, saí e comecei com passos curtos, alargando-os à medida que avançava na minha caminhada. Não vi o meu amigo amolador, talvez por causa da tosse que lhe ouvi no outro dia ou... 

Passei pelo pequeno mercado de rua aspirando os cheirinhos a ervas aromáticas, olhando para um e para o outro lado, para as bancadas improvisadas em cima de caixotes onde havia talhadas de abóbora, couves, tangerinas, nabos, cenouras.  Passei por duas pessoas que vinham a entrar no recinto, ao ar livre, ela, uma mulher duns sessenta e tal anos e ele, um passo mais atrás, mais ou menos da mesma idade, uma bicicleta com cestinha, pela mão: ela, estou a falar consigo mas nem o conheço... e ele, eu também não a conheço e estou a falar consigo....e perdi o resto da conversa. 

Resolvi subir os três montículos artificiais do jardim, dar a volta e conservar-me mais ou menos na mesma área. Encostados a um muro dois homens de latitudes diferentes mas unidos pelos mesmos ideais ou crenças, já munidos de algumas brochuras, ofereciam a quem passava dias melhores e a esperança de um lugar reservado no dia do juízo final... Reparei nos acenos negativos corroborados pelo não, muito obrigado dos transeuntes. Dei comigo a admirar e a apreciar a disponibilidade destas pessoas que dedicam os seus dias de descanso a um apostolado nem sempre bem-vindo.

Consultei o pedómetro preso à minha cintura, decepção, um resultado que nem digo...andei mais a tomar conta de outras coisas do que a caminhar como devia. Passos perdidos? Bem, amanhã terei de me aplicar... 


Imagem Google         

14 comentários:

  1. Olá, Olinda Querida

    Uma crônica tão pessoal, de fato tão corriqueiro, e com tanta afinidade a mim.
    A gente se distrai, observando os transeuntes. Quantas vezes, não percebo que já passei da loja que pretendia entrar por estar observando pessoas.
    Muitas vezes acontece de eu estar num ônibus, indo para casa, e me distraio observando duas pessoas que estão no banco da frente, a conversar...aí, quando "desperto", já se passaram duas, três paradas da minha...
    Isso é natural, no ser humano, acredito...

    Obrigada Olinda, pelo carinho deixado na Cadeirinha. Minha mudança, será um processo longo. Ainda estou escolhendo uma casa que me
    agrade muito. Vou viver nela...

    Bom final de domingo e uma excelente semana.
    Beijinhos,
    da Lúcia

    ResponderEliminar
  2. Muito obrigada, Jota Ene.

    Um bom domingo

    Olinda

    ResponderEliminar
  3. Bom dia...as vezes, na caminhada da vida, nos distraimos com momentos de percepção as coisas vivas ao nosso redor, apesar de atrapalhar a caminhada, muito é valido, quando estas coisa, sao de excelente admiração...Não podemos é parar no meio do caminho, mas avançar e evoluir sempre...Bjin e fique com DEUS!

    ResponderEliminar
  4. Essas caminhadas nos trazem tantas coisas! Mas a sua mostra que está atenta à vida e às pessoas. Não há, realmente, como ignorar o que está a nossa volta.

    bjs.

    ResponderEliminar
  5. Olinda, bem precisava de entrar num plano do género! Já estive para comprar um pedómetro, mas será mesmo fiável?
    Beijinhos, boa semana!
    Madalena

    ResponderEliminar
  6. Caminhando e vivendo....

    Saudações!

    ResponderEliminar
  7. Querida Olinda, a sua narrativa me levou para o interior dela, acompanhei-te em cada passo, em cada emoção, em cada observação.
    Pontuei o texto a partir da sua respiração, subi e desci os três montes artificiais contigo e nao desperdicei nenhum passo, e, fiquei contente pelo conseguido, se não conseguimos os dez mil passos hoje, estamos nos preparando para alcançá-lo, ao nosso tempo, dentro das nossas condições.
    E incondicionalmente deixo-te beijo e desejo de uma semana maravilhosa!

    ;)

    ResponderEliminar
  8. Querida Lúcia

    O seu comentário fez-me pensar...São realmente coisas simples da vida nas quais, nem sempre, reparamos e que são o somatório da nossa vida comunitária. Parar para ver e ouvir os vários ruídos à nossa volta faz-nos sentir como parte integrante de um todo muito mais abrangente e que se encontra para lá do nosso entendimento imediato. Cada um de nós é um ponto neste imenso Universo e o maravilhoso disto tudo é que fazemos a diferença.

    Beijinhos.

    Olinda

    ResponderEliminar
  9. Bem visto, querida Simone, caminhando e evoluindo,sempre...

    Beijos

    Olinda

    ResponderEliminar
  10. Olá, Marilene

    Tem razão, são caminhadas que não só trazem alguma realização física como bem-estar espiritual.

    Beijo

    OLinda

    ResponderEliminar
  11. Querida M.

    Bem, o pedómetro dá-nos a ideia de que temos um compromisso para connosco... :) Claro que o mais certo é não chegarmos totalmente ao objectivo. Mas o importante é sairmos de casa e andarmos um bocado.. :))

    Beijo

    Olinda

    ResponderEliminar
  12. Olá,@Escritora

    Muito obrigada.

    Beijo

    Olinda

    ResponderEliminar
  13. Canto da Boca,
    Minha querida amiga

    As tuas palavras são do mais lindo que há. Poesia pura! Senti-me realmente acompanhada, um companheirismo feito de virtualidade e, ao mesmo tempo, emocionante pela musicalidade que conseguiste, consegues sempre,
    imprimir na tua forma de expressar. Um talento que esbate distâncias e um incentivo que procurarei aproveitar também em caminhadas em prol da realização de desafios vários que a vida me coloque.

    Muito obrigada.

    Beijinhos.

    ResponderEliminar