sexta-feira, 27 de maio de 2011

A MINHA ALDEIA

Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.


Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.


Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.


Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.

Valências de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem 
no centro da minha aldeia.


António Gedeão

21 comentários:

  1. Lindo....António Gedeão...Bela escolha
    Beijo

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  2. Boa noite, Olinda!
    Gosto muito dos poemas de António Gedeão.
    Este eu não conhecia.
    Obrigada por compartilhar.
    Beijos e bom final de semana.
    Mara

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  3. ..."no centro da minha aldeia"
    onde António Gedeão nos enriquece
    quando sua palavra nos incendeia!
    Obrigada pela recordação
    que chega ao coração!

    Beijo e desculpa o meu desaparecimento, mas ando tão cansada que me leva de vez em quando o vento :)

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  4. Muito harmonioso, sublime e universal.
    Assim é o poeta e sua visão que abrange todos os corações.
    Um primor.
    Um abraço fraterno, beijos.

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  5. Obrigada pela visita e pelos parabéns!
    Adoro António Gedeão!

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  6. Amiga excelente escolha, adoro os poemas de António Gedeão.
    Bom fim de semana.
    Beijinhos
    Maria

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  7. Vamos ver se desta vez o comentário aparece...

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  8. Eureka!
    Então, o comentário que tentei colocar por diversas vezes e não entrava, diz o seguinte:
    Olá, Olinda!
    ;)
    A rima de Gedeão, consegue transformar o mundo numa aldeia, e o Homem em sonho.
    Vamos ver se esse sonho se vem a transformar em vontade e essa, em querer!

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  9. Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Blog rosa solidão. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs

    Narroterapia:

    Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.

    Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.

    Abraços

    http://narroterapia.blogspot.com/

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  10. Olá, Andradarte

    Os poemas de António Gedeão têm sempre qualquer coisa que nos situa no centro do mundo.

    Abraço

    Olinda

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  11. Olá,Mara

    António Gedeão, com este poema, dá-nos a ideia de como é o mundo de hoje: uma aldeia global que poderá ter os seus perigos mas que também nos traz muitas vantagens, nomeadamente, ao nível humano.

    Beijo

    Olinda

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  12. Olá, Olinda!

    Adoro António Gedeão :) e este é dos meus poemas preferidos dele...gosto principalmente da terceira quadra... Diz-me tanto, com palavras tão simples, tão duras, mas tão verdadeiras :) acho que esta quadra é António Gedeão no seu melhor.

    Beijo grande
    Mariana

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  13. Olá, Baila sem peso

    Gostei da imagem de 'me leva de vez em quando o vento'.Leve como uma pluma, não é?
    E é como a sinto, aqui, sempre com mensagens que nos enlevam.

    Beijo

    Olinda

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  14. Olá, Antônio

    É o que adivinho em António Gedeão: um poeta com uma postura universal em todos os seus poemas.

    Abraço

    Olinda

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  15. Olá, Rosa

    Sempre bem-vinda.

    Felicidades.

    Olinda

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  16. Olá, Maria

    Encontra-se sempre nos seus poemas palavras que nos fazem reflectir.

    Boa semana.

    Beijo

    Olinda

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  17. Caro Bartolomeu

    Isso dos blogues tem andado numa confusão só...

    As rimas, a métrica, que tomam uma dimensão mística não é? ;)
    O Homem, o sonho e o querer - um excelente projecto. Saibamos nós dar-lhe o seu devido lugar na nossa vida e nas nossas acções.

    Abraço

    Olinda

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  18. Olá, Fabrício

    Seja bem-vindo e apareça sempre.

    Tem razão. Quem escreve tem, quase, a obrigação de o divulgar. Presentemente, as ferramentas tecnológicas são tantas que seria um contra-senso não aproveitarmos as suas potencialidades.

    Retribuo-lhe a visita, em breve.

    Abraço

    Olinda

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  19. Olá,querida Mariana

    Há quanto tempo!

    Palavras que nos convidam a rever o nosso código de vida.

    Beijinhos

    Olinda

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  20. É um dos meus poemas preferidos. E que bem me soube relê-lo neste final de tarde! Agradeço-lhe a lembrança.
    Um grande abraço.

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  21. Olá,Isabel

    É sempre muito bom ler António Gedeão.Este poema também é um dos meus preferidos a par da 'Calçada de Carriche.

    Beijos

    Olinda

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