(1)
Xaile
Eu tenho um xaile também.
Não é de seda, é de lã.
Não é de seda, é de lã.
Herdei-o de minha mãe.
Foi nele que me embalou
Ao som de uma canção.
É nele que me embrulho
Se estou triste ou sinto frio,
Fica calmo o coração
Mas toda eu me arrepio.
Falta-me ouvir a voz terna
Que me embalava a cantar:
“Papão não faças barulho,
Não me vá ela acordar”.
Ai, falta-me a voz materna,
Doce como um rouxinol,
Quente, como é o sol
Num dia quente de Verão
Alegre como a manhã.
Eu tenho um xaile de lã.
(2)
Os Xailes são abraços
Xailes
são abraços.Pontas sem nós
Sem laços...
Sem laços...
Riscos de seda no ar.
E mesmo sem nós querermos.
Os xailes são danças.
voltas e reviravoltas
de vida,
que ajudam a sonhar.
(3)
O xaile da minha avó
Eu quero andar embrulhada
No seu xailinho de seda
Aquele que a avó sempre leva
Quando vai à descamisada.
E quero levá-lo ao baile
P´ra nele abraçar o meu par
Avó, deixe-me embalar
E adormecer no seu xaile!
(4)
O meu xaile de sonho
Eu tive um xaile de seda
Que em tempos me fez sonhar
lembra-me sempre de ti
de tudo o que não quero largar
Eu tive um xaile de seda
que cheirava a Amor
tinha a cor do meu sangue
e uma ponta de oiro em cada flor
que afinal nunca foi meu
embrulhei-o com força no peito
e no coração que é teu.
(5)
*****
Trago, hoje, a história ou histórias do Xaile de Seda escritas e dedicadas, há um ou dois anos, pelas amigas Maria, Mariana Reis, George Sand e Histórias de Nós. Histórias retiradas do baú das suas recordações e do imaginário, sentimentos de carinho que a visão de um xaile suscita.
Se, nesta Quinzena, que já vai longa contra todo e qualquer calendário, pretendemos tecer um Xaile de Afectos, vide post de 4 de Fevereiro, a verdade é que ele já vem sendo tecido, com o vosso contributo, há uns setecentos e tal dias. Pois é, o doce, prémio cobiçado :) e não alcançado, ficará para melhores dias. Será que o suspense continua?
Meus amigos:
Vêm aí mais poemas e prosas poéticas.
Entretanto, desejo-vos um excelente fim de semana.
Abraço
Olinda
Parte da nossa indumentária de 1950. Depois começou a cair em desuso.
ResponderEliminarLembro que as senhoras levavam um xaile grosso pelas costas quando iam à missa.
A minha mãe tinha uns poucos e eram todos pretos.
Hoje ninguém os está usando.
Era o sitio melhor para adormecer. Os braços da minha mãe e o calor daquele xaile grosso.
Bonitos poemas. Curioso que nunca me lembro de ver a minha mãe de xaile, e ela tinha-o. Decerto porque a memória o associou a algo mau e apagou daela a visão de minha mãe com ele vestido. Explico. Quando minha mãe tinha 57 anos sofreu um AVC tão intenso que a deixou paralizada por 27 anos até à sua morte. E o que lembro é que ela de Verão ou inverno sempre queria quando a sentavamos na cadeira de rodas ou no sofá, um xaile de lã preto com umas riscas bordeaux que tinha em casa. E já velhinho comprei-lhe uma mantinha, mas ele rejeitou-a e continuou a querer o xaile. Penso que esse facto ficou de tal modo gravado na minha memória que apagou tudo o resto.
ResponderEliminarEu tinha um xaile pequenino rosa. O xaile onde me embrulharam no dia do batizado. Há 5 anos atrás dei-o juntamente com algumas roupinhas do tempo em que o meu Pedro era bebé, para uma mãe que precisava. Nesse mesmo ano no Verão a minha sogra deu-me um xaile, que ela fez dum lenço minhoto, acrescentando-lhe uma barra de croché e as respetivas franjas.
Um abraço e bom fim de semana
Muito lindo Olinda.
ResponderEliminarEu tenho um xaile de seda :)
Beijinhos
Ana
Oi Olinda.
ResponderEliminarVenho te felicitar por nos presentear com xales poéticos.
Ao ler os poemas e ver as imagens,lembro de minha irmã quando bem pequena, usando um xale bege.
Por ora, um fraterno abraço e um beijo.
adorei este momento...
ResponderEliminarLágrima
Lágrima marota
Cai no meu rosto
E vai rolando...
De mansinho...
Por toda a cara...
Vai saboreando...
E vai deixando
Um pouco de água
Um pouco de sal...
Sal de amargura...
Mas que é necessário...
E, assim vou ficando
Com o rosto mais doce...
Com o rosto molhado
E vou sentindo...
Lágrima marota.
O teu rolar...
E vou gostando...
Que te sirvas de mim
Para te acostares...
E quando quiseres
Podes voltar!...
LILI LARANJO
Depois de limpar a minha lagrima coloco um sorriso e deixo-te um beijo com muito carinho...
Olinda, venho deixar um abraço, e também deixar um beijo.
ResponderEliminarLindos xales, lindos poemas, que adornam teu blog.
Habita em nós um universo vibrante, apaixonado,
A alma cintila nas energias, e a fonte é o coração.
O corpo desperta um dia, e à luta vai preparado,
Desponta num alvorecer, renasce com toda paixão.
Minha amiga que festa de encanto e charme em xailes e poesia.
ResponderEliminarBom restinho de domingo
Beijinhos
Maria
Além das poesias lindíssimas, o xaile que faz parte de uma grande parte do folclor português. Os de seda são um encanto.
ResponderEliminarDelicioso este seu post, Olinda.
Bji
Olá Olinda,
ResponderEliminarDepois de ver o outro comentario, voltei para dizer que esteja à vontade.
Bji
Sempre gostei imenso de me envolver em capas, écharpes, xailes...e de ser abraçada pelas costas.
ResponderEliminarUm excelente domingo,querida amiga.
O xaile fez desfilar um mundo de recordações!
ResponderEliminar------
Que a felicidade ande por aí.
Manuel
Amiga Olinda,
ResponderEliminarLindíssimo este post onde a poesia e as imagens se aliam na perfeição a essa peça do vestuário feminino que tanto encanto dá à mulher.
Ficarei à espera de mais, tal como foi prometido.
Beijinhos
Olá amiga Olinda!
ResponderEliminarHá um fado que diz " o xaile de minha mãe que me aqueceu com carinho, mais tarde serviu também p'ra agasalhar meu filhinho.."Ora, também eu tenho xailes feitos pela minha mãe e que são um encanto!
Claro que os de seda e bordados têm um ar mais chic. Obrigada pela partihla.
Abraços.
M. Emília
Adorando aqui
ResponderEliminarja seguindo
voltarei com certeza.
Bjins
Catiaho Reflexo d'Alma
E a festa de xailes já começou, Olinda com estes lindos poemas a eles dedicados. Gosto muito de xailes; a minha mãe faz muitos e deu às netas uns feitos de seda e com brilho; ficaram lindos para usar em ocasiões especialis. Eu também já fiz alguns de crochet, mas em lã macia; houve um Natal em que fiz nove para oferecer. Agora...estou muito preguiçosa para trabalhos manuais. E, amiga, vaqmos lá então continuar a festa e ver afinal o que aí vem...." o suspense continua " Um beijinho e boa noite
ResponderEliminarEmília
A beleza da subjetividade, onde cada uma decompõe e traça seu "Xaile" muito particular, onde cada fio no entrançado da vida, vai tecendo a beleza da unicidade, formando essa bela composição! Lindos, lindos, Olinda!
ResponderEliminarBeijo!