quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Que fazer?!

 


***


Que fazer?!
Eu não compreendo o Amor,
eu não compreendo a Vida
Mistérios insondáveis,
Formidáveis,
Mistérios que o Homem enfrenta
Mistérios de um mistério
Que é a alma humana …

Eu não compreendo a Vida:
Há luta entre os humanos,
Há guerra,
Há fome, e há injustiça imensa:
Há pobres seculares,
Aspirações que morrem …
Enquanto os fortes gastam
Em gastos não precisos
Aquilo que outros querem …

Eu não compreendo o amor:
Amamos quem sabemos impossível
Sentir por nós aquilo
Que tanto cobiçamos …

A Vida não me entende,
Eu não compreendo a Vida.
Quero entender o Amor,

E o amor não me compreende!

Amílcar Cabral


***

– “Emergência da poesia em Amílcar Cabral” (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983. daqui


***

Nesta data em que se assinala o Centenário do nascimento de Amílcar Cabral, esta pergunta "Que fazer?" impõe-se. Sim, o que fazer neste mundo tomado pela intolerância e desamor? o Homem que defendia a concórdia encontra-se na escrita deste poema envolvido pela dúvida e descrença. Ontem como hoje, parece não haver evolução alguma no comportamento ou modo de pensar da Humanidade.
Vida e Amor...  




Eneida Marta
Africa Tabanka



Amílcar Lopes da Costa Cabral (Bafatá, Guiné Portuguesa, actual Guiné-Bissau, 12 de setembro de 1924 — Conacri, 20 de janeiro de 1973) foi um político, agrónomo e teórico marxista da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Ver mais aqui


===

Imagem: Net

17 comentários:

  1. Olá, querida amiga Olinda!
    Penso ser a vida como o amor um tremendo mistério.
    Não falo de complicações...
    Digo de que ambos fogem nosso entendimento.
    Estão fora de explicações humanas.
    São dádivas ambos...
    Sabe aquele presente que foge das nossas expectativas todas?
    Assim são os dois.
    Felizes os que os valorizamos.
    Se são bem vividos por nós é uma outra história.
    Gosto do ritmo "todo a seu gosto ".
    Poema muito interessante.
    Gosto dos poetas que falem a verdade do que sentem como o da vez fala.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  2. Me gusto el poema. Te mando un beso.

    ResponderEliminar
  3. Poema deslumbrante, intenso, profundo, que amei ler. Deixo o meu elogio.
    Cumprimentos poéticos

    ResponderEliminar
  4. O poema ilustra bem a razão que levou Amílcar Cabral a morrer por um ideal.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  5. Tantas coisas são mesmo incompreensíveis. Mas vale a pena amar e viver! Linda poesia! beijos, chica

    ResponderEliminar
  6. Lindo poema e tão intenso, a pergunta que fica: O que fazer? Poesia é isto: libertar sentimentos e levar ideias e lutar pelos anseios. Grata pela partilha.
    Deixo o link da nova postagem com desejo de facilitar sua visita. Bjsss Bom dia.
    https://pensandoemfamilia.com.br/poesia/um-escritor-me-inspira-3/

    ResponderEliminar
  7. Grande poeta e grande homem, foi Amílcar Cabral.
    Lutou sempre pelo seu povo e pela liberdade.
    De facto, como diz neste poema, que fazer, perante as injustiças, a guerra, a fome, a miséria!?
    Era uma enorme inquietação que o consumia e atormentava na sua vida.
    Enorme e intenso poema, que muito gostei,amiga Olinda.
    Excelente partilha!
    Continuação de boa semana, com muita saúde e paz.
    Beijinhos, com carinho e amizade.

    Mário Margaride

    ResponderEliminar
  8. Um poema decorrente de uma situação complicada, talvez... quem sabe.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  9. Belíssimo poema, amiga Olinda, penso que o ser humano está cada vez mais difícil para conviver! Já penso que está mais fácil viver do que conviver.
    Falta amor, falta respeito, solidariedade, oportunidades ... difícil esse mundinho! Guerras e horrores que não terminam nunca!
    Maravilha, não conhecia o poeta Amílcar Cabral, obrigada por trazê-lo aqui, amiga!
    Um feliz fim de semana, com tudo de bom que ainda temos!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  10. Um poema para circular e colocar numa moldura, com todas estas inquietações diante de um mundo mau, de gente perdida, gente esquecida, gente sem noção de solidariedade. Que fazer, se nada muda desde que o mundo foi mundo. Parece que Lênin tem algo parecido.
    Bela partilha Olinda neste centenário do pensador.
    Grato por fazer conhecer.
    Abraços e que tenha um belo fim de semana.

    ResponderEliminar
  11. Olá, amiga Olinda
    Passando por aqui, relendo este excelente poema, que muito gostei, e deixar os meus votos de um feliz fim de semana, com tudo de bom.
    Beijinhos, com carinho e amizade

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

    ResponderEliminar
  12. Todos os povos merecem uma vida em liberdade, sem nunca deixarem de ser empáticos e soldários com todos os demais.
    Abraço amigo.
    Juvenal Nunes

    ResponderEliminar
  13. As inquietações de Cabral descritas em boa Poesia, tal como o sentia.
    Obrigado, Olinda por nos trazeres lembranças do que nos arriscamos.


    Beijo,
    SOL da Esteva

    ResponderEliminar
  14. Boa noite, amiga Olinda
    Passando por aqui, para desejar uma feliz semana, com tudo de bom

    Beijinhos, com carinho e amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

    ResponderEliminar
  15. Compreender o amor e a vida não é nada fácil.
    Um grande poema de Amílcar Cabral, dono de uma sensibilidade poética singular.
    Gostei de ler, obrigado pela partilha.
    Boa semana minha amiga Olinda.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  16. Quero juntar-me a Amílcar Cabral na impossibilidade de compreender o mundo, a vida, o amor. Só um homem de craveira superior se interroga assim sobre o que parece ser simples para os outros. Obrigada por divulgar minha Amiga Olinda.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar