DONA LEONOR DE LANCASTRE
- As minhas mãos são jangadas
que se embalam descuidadas
à flor das marés de mim.
Trazem sal e maresia,
distância e melodia
dum navegar sem fim.
As minhas mãos são saudade,
são poentes de eternidade
que rezam o sonho e a miragem.
Trazem as velas ao vento,
nos mastros do meu lamento
ao crepúsculo da viagem.
De gestos e madrigais,
fiz minhas algas e corais
na praia da minha vida.
No silêncio das madrugadas
canto as horas paradas
cheias de melodia perdida.
E quando no cais ancorar
com vagas de solidão que invento,
trago por dentro do Tempo
o pouco de Tudo, o tudo de Nada
que a brisa de minha alma salgada
trouxe do ventre do mar...
-As minhas mãos são jangadas
que se embalam descuidadas
à flor das marés de mim.
Trazem sal e maresia,
distância e melodia
dum navegar sem fim.
Maria de Lourdes Amorim
Poema extraído das páginas 153 e 154 da obra desta autora com o título: "D.Leonor de Lancastre - Grande Senhora do Renascimento".
A dado passo lê-se que Dona Leonor pacificou, modernizou, reformou tudo, numa revolução total: religiosa, assistencial, artística e intelectual, à medida do seu espírito de Mulher de alta cultura, visão atlântica, engenho, arte e poesia.
Para além de ter instituído e organizado a Misericórdia de Lisboa, a Rainha Dona Leonor fundou, dotou e organizou o Hospital das Caldas da Rainha, o Convento da Madre de Deus em Xabregas, o Convento da Anunciada em Lisboa, a Igreja de Nossa Senhora de Merceana, as Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha e sete merceeiras no Convento de S. Agostinho, diz-nos por sua vez Maria do Carmo Romão* no prefácio à referida obra.
-Perdoem-me os meus queridos leitores que já por aqui passarem. Vou acrescentar algumas informações que me parecem de inserir neste post:
Portugal encontrava-se no período áureo dos descobrimentos e, em breve, tornar-se-ia a nação mais rica e poderosa da Europa, reprodução das palavras de Mário G. Viana, "D.Leonor", citado por Maria de Lourdes Amorim. A seguir, a autora continua com palavras suas referindo o espírito aberto e lúcido da Rainha-mecenas sempre atenta ao que a rodeava. E, a propósito, diz isto: Na sociedade portuguesa quinhentista, a galeria ilustre de artistas feita de arquitectos, pintores, imaginários, poetas, trovadores e físicos, recebeu a protecção e o seu inteiro apoio. Foi sua Alteza que "poderosamente contribuiu para revelar ao mundo o génio de Gil Vicente".
Espantemo-nos mais uma vez:
...à volta do seu nome foi levantada, pelo escritor e historiador Anselmo Braancamp Freire, a suspeita de que D.João II fora envenenado a mando da rainha e de seu irmão D. Manuel I.
Voltarei com mais um post.
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Obra referenciada:
D.Leonor de Lancastre - Grande Senhora do Renascimento, de Maria de Lourdes Amorim. Ed.Ésquilo - Chancela da Santa Casa Casa da Misericórdia de Lisboa, V Centenário (1498-1998)
* 21ª Provedora da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa
1ª imagem - Estátua em Beja
2ª imagem - Armas da Rainha, em casada
3ª imagem - Brasão das Caldas da Rainha
Excelente! O cuidado, a informação, a beleza...
ResponderEliminarBj
https://anna-historias.blogspot.com.es/2017/08/las-horas-de-la-vida.html?m=1..
ResponderEliminarTe envio mi hlog pr si deseas visitarlo.
Besos
Olá Olinda
ResponderEliminarVocê nos presenteia com bela poesia e nos agracia esta riqueza de informação
Um beijinho terno
Esta poesia, pelo ritmo e musicalidade , senti-a como uma cantiga de amigo, Olinda! Fresca como as "saudades do verde pino". Leve como as águas a que a rainha D. Leonor, se dedicou nas Caldas da Rainha, a bem do bem-estar do povo. Já nesse tempo o hoje SPA, não era um bem para privilegiados, mas para todos.
ResponderEliminarObrigada por nos lembrar o que por vezes nos passa ao longe.
Boas férias, se for o caso e beijinho!
Bonito poema!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Gostei de passar por aqui e saber um pouco mais da história da Leonor de Lancastre.
ResponderEliminarBeijinho e um bom domingo.
Além do poema lindíssimo com que nos brinda, ainda ficamos a conhecer mais um pouco dessa "Mulher de alta cultura, visão atlântica, engenho, arte e poesia". Estou a gostar imenso de a ler.
ResponderEliminarUma boa semana, Olinda
Um beijo.
Excelente resumo organizado com muito bom gosto.
ResponderEliminarGrata pelo saber partilhado.
Beijinhos, Olinda.
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Bem precisávamos de uma D. Leonor agora!
ResponderEliminarBeijinhos :)
Obrigado pela sua visita.
ResponderEliminarMesmo sem comentar...., vou passando.
Felicidades
Beijo
Mais uma excelente partilha sobre esta rainha mecenas, pela riqueza do conteúdo. Adorei ler!
ResponderEliminarParabéns, amiga