segunda-feira, 10 de julho de 2017

As pombas





Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada.

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.

      1859-1911


Raimundo da Mota de Azevedo Correia, juiz, poeta. Brasileiro.


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Poema - daqui
Imagem - daqui

4 comentários:

  1. Um soneto muito lindo!
    Não deixemos voar os sonhos...
    Até à volta, estimada Amiga.
    Beijinhos
    ~~~~

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  2. As que por aqui nidificam
    alimentam-se do granulado dos cães
    mas são lindas
    as pretas e as brancas
    em liberdade

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  3. Um poeta que desconhecia.
    Um abraço e bom fim de semana

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  4. Um belo soneto para uma temática pouco usual. Desconhecia.
    Bjinho

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