sábado, 8 de julho de 2017

A formidável máquina que é o nosso cérebro




Máquina? Pergunto-me. Talvez não seja apropriado referir-me ao cérebro como uma simples máquina, dadas as suas implicações a nível emocional, da ética, da própria consciência, boa ou má, da mente, esse instrumento poderoso que tanto nos apresenta excelentes direcções como outras menos boas em perfeita simultaneidade e também a possibilidade de optar por uma ou outra.

Até para Alícia, psicóloga, cega, que mede as reacções emocionais dos seus doentes através das pulsações, este é assunto que causa perplexidade. Vejamos como ela se exprime, em dado momento:


-Mesmo depois de todos estes anos - disse Alícia - continuo pasmada com o poder aterrador da mente. Temos esse organismo instalado nas nossas cabeças, o qual, se o deixarmos, pode destruir-nos ao ponto de nunca voltarmos a ser os mesmos... e, no entanto, é nosso, pertence-nos. Não fazemos ideia daquilo que nos assenta nos ombros.*

Tive de parar aqui, na minha leitura, tal o impacto destas palavras que, ao fim e ao cabo, vão ao encontro das minhas preocupações. Vemos a função do cérebro alargada na sua qualidade de órgão que concorre para o bom funcionamento do corpo humano, para a de um autêntico organismo com o poder de vida ou de morte; com o poder de decisões importantes que podem afectar a nossa própria vida como a daqueles que nos rodeiam, dependentes de nós ou não, mas também de indecisões ou falhanços por incúria. 




Que dizer de pessoas que resolvem, por motivos que só elas conhecem na realidade, atropelar outras deliberadamente, esfaquear, atingir com armas letais, agredir de qualquer forma? Ou pequenas discussões que acabam em tragédia, muitas vezes entre amigos? Ou a decisão de encetar uma guerra, uma campanha que envolva a vida de todos, através do poder que o próprio povo confere aos seus representantes? Ou de, quem de direito com a obrigação de zelar pelo bem comum, não decidir coisa alguma, colocando-nos muitas vezes em situações de precariedade e de perigo?

Mas também há o outro lado. Um lado maravilhoso que nos faz sentir orgulho de pertencer a este grupo de seres vivos. Homens e mulheres que se sacrificam, que oferecem o seu bem-estar em prol daqueles que sofrem. Saem das suas casas, adoptam modos de vida sem comodidade para que outros possam ter aquele mínimo necessário à sua sobrevivência. E em situações de crise colocam a sua própria existência em risco para apoiar outros.   

E assim é feito o nosso dia-a-dia. A qualquer momento, a todo o momento, dispomos desta possibilidade imensa de fazer bem ou de fazer mal, de prejudicar ou de beneficiar. E isso só depende de nós. Alguém mais novo que eu já me disse: Da mesma forma que existe o "bem" também existe o "mal". Isso faz parte da nossa natureza. É uma perda de tempo andarmos à procura de motivos para isto ou aquilo

SERÁ?

Que Deus nos ajude!  

Desejo-vos dias abençoados.

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Em itálico:
*Excerto, pg 237, As Mãos Desaparecidas - Robert Wilson
Imagens: Pixabay

8 comentários:

  1. Nós não somos donos do nosso cérebro, ele é que é o nosso dono. Ou seja, nós somos o cérebro. O resto do corpo obedece (desde que possa...).
    E, como em tudo, há cérebros bons e maus...
    Um magnífico texto, que nos leva a reflectir sobre a vida.
    Olinda, um bom fim de semana.
    Beijo.

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  2. Um bom texto, a merecer uma reflexão aprofundada.
    Um abraço e bom fim de semana.

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  3. Concordo com o teu objetivo.
    Bom domingo.
    Beijos.
    ~~~

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  4. Excelente reflexão.
    Todos temos em nós essa dualidade de poder fazer o bem ou mal, espero sinceramente que vença sempre o lado bom de cada um de nós.
    Bom domingo
    Beijinhos
    Maria de
    Divagar Sobre Tudo um Pouco

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  5. Temos em nossa dualidade mas temos o livre arbítrio que nos per mite fazer as escolhas. Esta máquina não age sozinha. Ela necessita de comandos e estes são da nossa inteira responsabilidade quanto aos atos que nós praticamos.
    Uma feliz e abençoada semana Olinda
    Beijos

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  6. Querida Olinda, este texto faz-me lembrar o livro A menina que roubava livros onde a morte era a narradora; dizia ela mais ou menos isto: " enquanto faço o meu trabalho ( acção passada na 2o guerra mundial ) fico muito surpreendida com o ser humano capaz, ao mesmo tempo, dee grandes feitos e actos maravilhosos e de atrocidades tamanhas, verdadeiros horrores " Também no livro de Paulo Coelho, quem matou a sra Prinn ( não sei se o nome está correcto ) ele diz que toda a gente é capz de matar e que fazê-lo ou não depende do auto controle. Por isso, amiga, há os dois lados no ser humano, mas não penso que seja " perda de tempo" procurarmo as razões e fazer de todo para que prevaleça sempre o lado bom, mas como escreve Saramago ( começar de novo ), não as encontramos e muito menos as entendemos . Um belo texto para reflexão, Olinda! Linda homenagem que fizeste à tua mãe! As saudades são sempre muitas, mas nestes dias, com certeza são maiores, amiga. Espero que já não estejas tão triste e que tudo te corra pelo melhor, a ti e aos teus. Um beijinho
    Emilia

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  7. O nosso cérebro é muito misterioso. Têm feito imensos estudos sobre ele, mas ainda há tanta coisa por descobrir...
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  8. Minha amiga: as tuas perplexidades quanto ao poder do cérebro e as suas manifestações, são também as minhas. Sempre que posso, não deixo de ler sobre esta matéria.
    Gostei imenso da tua reflexão.
    Bjinho

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