Grandes perigos nos espreitam. Recordamos o tempo de guerras passadas, de ambição por territórios que dantes a outros pertenciam. Para não irmos muito longe, lembremos, por exemplo, as invasões napoleónicas, a partilha de África, a primeira e a segunda guerras mundiais, situações que trouxeram para os vencedores direitos sobre outros povos e terras. Os ciclos repetem-se, tudo tem vindo a acontecer de novo...
Neste princípio de ano, trago mais um excerto sobre Pensadores Africanos Contemporâneos, com uma introdução idêntica à do post anterior, por ser retirado do mesmo site.
Estes Pensadores saídos da escravização, do colonialismo, da supressão da sua cultura, dos seus costumes, sujeitos a uma aculturação e formatação mentais de séculos, procuram proceder a um sincretismo, fundindo ideias e recuperando alguma da sua forma de vida.
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A filosofia e cultura africanas recebem menos atenção do que merecem, mas têm grande influência no pensamento ocidental. Ao longo da história, pensadores de diferentes regiões de África contribuíram de maneira decisiva para a filosofia grega, principalmente por meio do egípcio Plotino, um dos maiores responsáveis por perpetuar a tradição académica de Platão. Na filosofia cristã, o argelino Augustine de Hippo (St. Agostinho) estabeleceu a noção do pecado original.
Segundo o nigeriano K.C. Anyanwu, a filosofia africana é “aquela que se preocupa com a forma como o povo africano do passado e do presente compreende o seu próprio destino e o do mundo no qual vive”. Conheça alguns dos principais pensadores da modernidade:
Nascido em 1906, Senghor estudou na Sorbonne, de Paris, e foi a primeira pessoa do continente a completar uma licenciatura na universidade parisiense. Foi um dos responsáveis por desenvolver o conceito de negritude e um movimento literário que exaltava a identidade negra, lamentando o impacto que a cultura europeia teve nas tradições do continente.
Em 1960, o Senegal foi proclamado independente muito graças ao apelo que Senghor dirigiu ao então presidente francês, Charles de Gaulle. Ele foi então eleito presidente da nova república, cargo que ocupou até 1980. Senghor morreu em 20 de dezembro de 2001, aos 95 anos, na França.
2) Henry Odera Oruka
-Quénia-
Oruka viveu entre 1944 e 1995 no Quénia e foi o principal responsável por distinguir a filosofia africana em quatro grupos principais. A etnofilosofia, a abordagem que trata a filosofia africana como um conjunto de crenças, valores e pressupostos implícitos na linguagem, práticas e crenças da cultura africana.
A sagacidade filosófica, espécie de visão individualista da etnofilosofia, consiste no registro das crenças dos sábios das comunidades africanas. A filosofia ideológica nacionalista, uma forma de filosofia política. E a filosofia profissional, que seria uma forma mais europeia de pensar, refletir e raciocinar. Ele era do grupo que defendia a sagacidade filosófica, e nos anos 1970 iniciou um projeto para preservar o conhecimento dos sábios de comunidades africanas tradicionais.
3) Cheikh Anta Diop
-Senegal-
O antropólogo e historiador senegalês que estudou as origens dos humanos e a cultura da África pré-colonial é tido como um dos maiores pensadores africanos do século 20. Foi um dos responsáveis por contestar a ideia de que a cultura africana é baseada mais na emoção do que na lógica, mostrando que o Antigo Egito estava inserido na cultura africana e deu grandes contribuições para a ciência, arquitetura e filosofia. Ele viveu entre 1923 e 1986.
4) Ebiegberi Alagoa
-Nigéria-
Entre as teorias do professor da Universidade de Port Harcourt, nascido em 1933, é a de que existe toda uma filosofia baseada em provérbios tradicionais do Delta do Níger. O provérbio “o que um velho vê sentado, o jovem não vê em pé”, por exemplo, serviria para mostrar como na filosofia e cultura africana a idade é um fator crucial para a sabedoria.
5) Wole Soyinka
-Nigéria-
Vencedor do Nobel de Literatura de 1986, foi considerado um dos dramaturgos contemporâneos mais refinados, com textos classificados como cheios de vida e sentido de urgência. Suas obras costumam retratar a Nigéria contemporânea. Soyinka nasceu em 1934 em uma tradicional cidade iorubá, uma das maiores etnias do país.
Embora a sua família se tenha se convertido ao cristianismo, ele manteve-se fiel à visão de mundo iorubá. Soyinka é um forte crítico de governos autoritários, que incluíram o regime de Robert Mugabe no Zimbábue e, mais recentemente, e eleição de Donald Trump nos Estados Unidos (ele possuía um visto permanente norte-americano, mas rejeitou-o após a eleição de Trump e voltou para a Nigéria). Ele chegou a ser preso em 1967 durante a guerra civil nigeriana e ficou em confinamento solitário por dois anos.
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Fonte:
Boa noite de paz, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarTodo povo subjugado ou não valorizado tem seus pensadores exímios que saem da caixinha e levantam a nação aos poucos.
Quem tiver ouvidos para ouvir que os ouça.
Sua série é de boa hora para os acontecimentos doentios mundiais.
Infelizmente os fatos aterrorizantes estão vindo á tona, tudo se repete. numa realidade ingrata e cruel.
Tudo ao nosso redor tem sido catastrófico e a tendência é se continuar não levando em conta os pensadores e guerreando sordidamente.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos
Tenho a impressão que já te disse, mas ando numa fase de leitura; livros que ainda não tinha lido, embora há muito tempo comigo e outros que necessitavam de uma nova leitura. Hoje acabei de ler o Martin Luther King e a sua luta contra a segregação racial nos Estados Unidos . Tudo passou, embora ainda haja muito racismo nessa grande Nação. Hoje, procurando tema para o Começar de Novo e tendo em conta os últimos acontecimentos em Portugal que lembram tempos idos, descobri um escritor Angolano que não conhecia e que nas palavras deles mostra bem o que sempre sofreu o povo africano. Obrigada por lembrares esta cultura que tanto sofreu em todos os aspectos e que, ainda hoje, para vergonha nossa, é tão desprezada, simplesmente por ter uma cor de pele mais escura. És sempre muito pertinente nas tuas escolhas, querida Amiga! Beijinhos e tudo de bom para todos vós
ResponderEliminarEmília 🌻 🌻🌻
Achei muito interessante a sua publicação! Já tinha escutado falar do Cheikh Anta Diop, mas ainda não li obras dele, inclusive esse é um ótimo lembrete para adicionar no Skoob alguns títulos.
ResponderEliminarGarota do 330