A minha alma trema em tuas mãos
debruçada na varanda desta tarde
Silêncio da cor em teus contornos
o adeus do mar dentro de mim
Para além do ilhéu dos pássaros da ilha
o sol morre aos poucos devagar
A minha alma treme em tuas mãos
debruçada na varanda desta tarde
Vejo os barcos ao longe na baía
as lanchas negras dos trabalhadores
a torre da capitania ao lusco-fusco
Lentamente uma a uma na cidade
vão acendendo as luzes da cidade
Na fábrica de bolacha do Matos
na padaria do Jonas depois
Só no cemitério ao lado é tudo escuro...
Branqueiam ainda as campas dos mortos
e os nomes vou ler à hora do sol
mas agora fazem medo à minha infância
Em casa dos meus vizinhos perto
nh´ugénia de Sena e nhã Nê Grande
acenderam os candeeiros de petróleo
(Cambambe, 1969)
debruçada na varanda desta tarde
Silêncio da cor em teus contornos
o adeus do mar dentro de mim
Para além do ilhéu dos pássaros da ilha
o sol morre aos poucos devagar
A minha alma treme em tuas mãos
debruçada na varanda desta tarde
Vejo os barcos ao longe na baía
as lanchas negras dos trabalhadores
a torre da capitania ao lusco-fusco
Lentamente uma a uma na cidade
vão acendendo as luzes da cidade
Na fábrica de bolacha do Matos
na padaria do Jonas depois
Só no cemitério ao lado é tudo escuro...
Branqueiam ainda as campas dos mortos
e os nomes vou ler à hora do sol
mas agora fazem medo à minha infância
Em casa dos meus vizinhos perto
nh´ugénia de Sena e nhã Nê Grande
acenderam os candeeiros de petróleo
(Cambambe, 1969)
Yolanda Morazzo (São Vicente, 16 de dezembro de 1927 - Lisboa, 27 de janeiro de 2009) foi uma escritora e poetisa Caboverdiana de língua portuguesa.
Ver mais aqui
MAR AZUL
Cesária Évora e Marisa Monte
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Imagem:pixabay
Poema: daqui
Adorei a bela poesia escolhida hoje,Olinda! Música linda também! beijos, ótimo fds! chica
ResponderEliminarHavia contrastes nessa época, há contrastes, hoje ainda e parece que as desigualdades aumentam; cada vez vemos mais pessoas a viverem nas ruas, incapazes de suportarem a carestia dos nossos dias. Enquanto uns vivem em mansões luxuosas, tantos abrigam-se debaixo das pontes, com cartões como cobertores. Ainda sou do tempo, em que na minha aldeia não havia electricidade e os candeeiros de petróleo eram a luz que iluminava a nossa modesta casa, modesta, mas feliz; apesar de tudo, considerava-me muito abençoada, pois a pobreza à minha volta era grande. Nas cidades, lá estava o " contraste ",a luz iluminava as casas e também as ruas, embora nos seus arredores se amontoassem os barracos, na completa escuridão. E de muitos mais contrastes poderíamos falar, querida Olinda, pois eles estão à vista de todos, mas fiquemos por aqui....
ResponderEliminarEstamos em 2025, um ano que gostaríamos que fosse verdadeiramente novo, mas, sinceramente, acredito que talvez seja pior que o anterior; as guerras continuam provocando morte, fome e destruição e não vejo os senhores do poder preocupados com isso; eles estão bem, estão protegidos e cada vez mais poderosos; que podemos fazer? Nada! A nossa pequenez não o permite, infelizmente! Amiga, apesar dos " contrastes ", esperemos que a vida se lembre dos mais desfavorecidos e que nos abençoe com saúde para, de algum modo, ajudarmos. Beijinhos a todos
Emília 🙏 🌻
Olá, amiga Olinda
ResponderEliminarPoema muito interessante desta poetisa caboverdiana que desconhecia.
Sem dúvida que Cabo Verde é um país de contrastes, em todas as suas dimensões.
Principalmente na dimensão social.
Gostei muito deste excelente poema.
Ótima partilha, estimada amiga.
Deixo os meus votos de um bom fim de semana, e continuação de Feliz 2025 com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Não conhecia nem a poesia nem esta música em específico, embora seja fã das duas cantoras. Muito bonitas as duas coisas. Um abraço e bom ano!
ResponderEliminarMinha amiga Olinda,
ResponderEliminarA vida é feita de detalhes, percebida em contrastes e construída por pessoas de bem.
A vida precisa de mais fogos de artifício e de menos bombas bélicas. Precisamos acabar com a fome e a pobreza, mas, às vezes esquecemos de respirar e deixamos esta vida de contrastes e despedidas, sucumbindo ao fenecer.
A "montanha-russa" de 2025 já está em movimento...
Um abraço!!!
Muito bom quando trazes algo mágico que não conhecia _ Yolanda Morazzo _ com uma poesia de contrastes que é o que realmente vivemos desde sempre. E o vídeo é também todo lindo num azul profundo com uma letra linda ,um som de mar.
ResponderEliminarBeijos pra ti, Olinda e que tudo transcorra bem para todos nós nesse novo Ano.
Com meu carinho
Um belo poema onde se sente a ambiência Cabo Verdiana e uma descrição cinematográfica.
ResponderEliminarUm abraço.
Me gusto mucho. Te mando un beso.
ResponderEliminarPoema deslumbrante que muito gostei de ler
ResponderEliminar.
Bom fim de semana..
Feliz Ano Novo de 2025
.
Poema: “ Sorriso de Amor “
.
Bom dia de sábado de 2025, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarHoje estou assim:
"O adeus do mar dentro de mim"
Assim ficarei...
O vídeo é lindo. Muito obrigada.
Tenha um novo ano abençoado!
Beijinhos festivos
Se Fernando Pessoa disse que a sua pátria era a língua portuguesa, nada como divulgar a poesia lusófona.
ResponderEliminarAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
Não lembro Yolanda Morazzo, mas sensibilizou-me o seu dizer Poético numa magnífica Obra. Cabo Verde sempre foi lugar de bons Poetas, mesmo os que improvisam, é algo que lhes está na Alma, na terra, no mar...
ResponderEliminarAdorei, também, as melodias que nos premeiam.
Bom seja o Ano de agora.
Beijo,
SOL da Esteva
Bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda