Declaro aberta a Época do Amor. Tal como em duas outras edições, durante quinze dias publicarei aqui no Xaile de Seda poemas ou prosas de amor, pesquisados por mim ou trazidos pelos meus queridos amigos. Uma maratona.
Por minha conta tenho, para já, este pequeno-grande texto de Isabel Mendes Ferreira, publicado hoje*, com a certeza de que procurarei o trabalho desta Autora muitas mais vezes:
Sei que me habitas
sei que me habitas agora mais longe. tão longe que o perto é uma espada. missa de cúpulas irreal submissão à fímbria das pálpebras. sei que me entendes. debaixo da terra onde me cravas.
lá.
onde se desventram segredos fiéis à dor que se estende como o mar dentro da areia. não ao lado fundo bem dentro. catedral agora de tempestades. mansas. imperdoáveis porém. que o tempo é dorso de pedra.
Voltando ao que dizia mais acima, o nosso tema é o Amor - amor amor, amor-amizade, amor aos nossos familiares, amor aos nossos semelhantes. Amores com desfechos lendários de "felizes para sempre" ou amores infelizes como os de Pedro e Inês, de Romeu e Julieta, de Abelardo e Eloísa e de tantos outros.
E como tenho aqui à mão a obra épica de Camões, Os Lusíadas, aproveito para deixar aqui duas das estrofes que ele dedica a Inês de Castro, no Canto III:
Por minha conta tenho, para já, este pequeno-grande texto de Isabel Mendes Ferreira, publicado hoje*, com a certeza de que procurarei o trabalho desta Autora muitas mais vezes:
Sei que me habitas
sei que me habitas agora mais longe. tão longe que o perto é uma espada. missa de cúpulas irreal submissão à fímbria das pálpebras. sei que me entendes. debaixo da terra onde me cravas.
lá.
onde se desventram segredos fiéis à dor que se estende como o mar dentro da areia. não ao lado fundo bem dentro. catedral agora de tempestades. mansas. imperdoáveis porém. que o tempo é dorso de pedra.
Voltando ao que dizia mais acima, o nosso tema é o Amor - amor amor, amor-amizade, amor aos nossos familiares, amor aos nossos semelhantes. Amores com desfechos lendários de "felizes para sempre" ou amores infelizes como os de Pedro e Inês, de Romeu e Julieta, de Abelardo e Eloísa e de tantos outros.
E como tenho aqui à mão a obra épica de Camões, Os Lusíadas, aproveito para deixar aqui duas das estrofes que ele dedica a Inês de Castro, no Canto III:
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.
Quando dos teus fermosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.
Eram tudo memórias de alegria. E sabemos como terminou. Mas nem tudo são tristezas no Amor e o meu primeiro post desta série vai demonstrá-lo. Nele veremos o milagre que é a força de um abraço.
Até já.
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Até já.
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Os Lusíadas (excerto canto III) - Luís Vaz de Camões
Imagem:Pixabay
dificilmente seria possível melhor escolha.
ResponderEliminaragrada-me a associação Isabel Mendes Ferreira versus Camões
e não apenas pela minha amizade com a Isabel, mas porque
ambos falam de amor na exacerbação Palavra
Camões:"Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam";
Isabel: "sei que me habitas agora mais longe/
tão longe que o perto é uma espada"
gostei muito, Olinda
abraço