imagino que sobre nós virá um céu
de espuma e que, de sol em sol,
dizes: põe nos meus os teus dedos
e passemos os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho
do tempo que ardeu sem luz.
sim, cria comigo esse silêncio
que nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto.
diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro.
de espuma e que, de sol em sol,
uma nova língua nos fará dizer
o que a poeira da nossa boca adiada
soterrou já para lá da mão possível
onde cinzentos abandonamos a flor.
o que a poeira da nossa boca adiada
soterrou já para lá da mão possível
onde cinzentos abandonamos a flor.
dizes: põe nos meus os teus dedos
e passemos os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho
do tempo que ardeu sem luz.
sim, cria comigo esse silêncio
que nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto.
diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro.
Vasco Gato nasceu em Lisboa, em 1978, cidade onde vive e trabalha como tradutor. Publicou na viragem do século o seu primeiro livro de poesia, intitulado Um Mover de Mão. A esse volume inicial seguiram-se onze coletâneas em nome próprio e duas recolhas de poesia por si traduzida. Daqui Ninguém Entra é a sua primeira incursão na escrita dramática.
"Daqui ninguém entra" - Um drama pouco dramático, visitado por uma ironia tangível ao absurdo, talvez uma comédia negra. Definir pode limitar e neste cenário não existem paredes. Por um motivo. Neste lugar as barreiras cingem-se ao campo da mente e a porta no centro do palco relembra-nos isso. Aqui E-Cultura
===
Poema: daqui
Imagem: daqui
Poesia de uma intensidade ímpar. Gostei muito de ler
ResponderEliminar-
Tenha uma boa noite
Deixando uma 🌹
Muito lindo o poema e a imagem. E sempre haverá algum verso por escrever pela vida... beijos, linda semana,chica
ResponderEliminarBoa noite de Domingo, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarMúsica linda demais!
Carinho cai tão bem!🥰
"cria comigo esse silêncio"...
O silêncio nos faz ter atenção aos nossos sentimentos...
"põe nos meus os teus dedos"
Que sensação deliciosa de cumplicidade!
Gostei do poema que também não conhecia, amiga.
Tenha uma nova semana abençoada, amiga!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Uma partilha deliciosa no diz me.
ResponderEliminarA poesia está sempre incompleta ao poeta que se inquieta
na procura desvairada do melhor verso que expresse seu sentimento.
Musica linda com o Caetano neste sozinho consigo mesmo.
Linda imagem Olinda.
Carinhoso abraço na feliz semana.
é sempre uma festa para os sentidos
ResponderEliminara descoberta de um novo poeta
e, quando à qualidade se associa a juventude
o prazer é redobrado!
e faço notar, amiga Olinda, que lhe "devo" uns quantos!
bem haja.
abraço
"diz-me que há ainda versos por escrever,
ResponderEliminarque sobra no mundo um dizer ainda puro."
Vasco Gato há-de dizer-nos isso e muito mais. Vou procurar o autor que desconheço. Fiquei interessada. Obrigada minha Amiga Olinda.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Gostei muito do poema e de toda a publicação!!
ResponderEliminar-
Acordo abraçada pela nefasta melancolia
Beijos e uma excelente Semana. :)
Parece uma nova fresta de luz.
ResponderEliminarNa busca está o gozo. Já li o poema algumas vezes e é o que sei dizer.
Beijos, querida amiga Olinda.
Não conhecia Vasco Gato, que aparece aqui representado por um excelente poema, que devolve ao ser humano toda uma confiança e esperança no futuro.
ResponderEliminarObrigado pela partilha.
Saudações poéticas.
Juvenal Nunes
Não me lembro de ter lido algum poema do poeta, mas o poema escolhido é muitíssimo bom.
ResponderEliminarRegisto o nome e vou procurar...
Obrigado pela partilha.
Querida amiga Olinda, uma boa semana. Com saúde.
Abraço.
Parafraseando Saramago, Gato cria originalidade
ResponderEliminar«ofendendo a lógica mais elementar»...
Gostei de ouvir Caetano...
Beijinho, com votos de dias bons.
~~~~~
Interessante, Majo.
EliminarE o que é "a lógica mais elementar" nesta paráfrase ou
no contexto deste poema?
Fiquei curiosa. :)
Bj