Não fora o mar,
e eu seria feliz na minha rua,
neste primeiro andar da minha casa
a ver, de dia, o sol, de noite a lua,
calada, quieta, sem um golpe de asa.
Não fora o mar,
e seriam contados os meus passos,
tantos para viver, para morrer,
tantos os movimentos dos meus braços,
pequena angústia, pequeno prazer.
Não fora o mar,
e os seus sonhos seriam sem violência
como irisadas bolas de sabão,
efémero cristal, branca aparência,
e o resto — pingos de água em minha mão.
Não fora o mar,
e este cruel desejo de aventura
seria vaga música ao sol pôr
nem sequer brasa viva, queimadura,
pouco mais que o perfume duma flor.
Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
Não fora o mar
e, resignada, em vez de olhar os astros
tudo o que é alto, inacessível, fundo,
cimos, castelos, torres, nuvens, mastros,
iria de olhos baixos pelo mundo.
Não fora o mar
e o meu canto seria flor e mel,
asa de borboleta, rouxinol,
e não rude halali, garra cruel,
Águia Real que desafia o sol.
Não fora o mar
e este potro selvagem, sem arção,
crinas ao vento, com arreio,
meu altivo, indomável coração,
Não fora o mar
e comeria à mão,
não fora o mar
e aceitaria o freio.
in "Trinta e Nove Poemas"
Maria Fernanda Teles de Castro e Quadros Ferro (1900-1994) foi uma escritora, poetisa, tradutora portuguesa.
Foi Fundadora e directora da Associação Nacional dos Parques Infantis e da revista «Bem Viver» e de diversas acções em prol do turismo. Escreveu músicas para fado, marchas e canções infantis e, também, argumentos para cinema e bailado. Ver mais aqui
DUNAS
GNR
Uns diazitos ao pé do mar. Sol, mar e dunas. Enterrar os pés na areia e sentir a água rumorejar como se contasse segredos antigos. E mais ali ao lado a arte xávega, ao fim da tarde. Nas horas mais quentes, um livro.
Até breve.
Abraços, meus amigos.
Olinda
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Poema: in citador
Olá, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarAproveite bem o verão. Pés na areia, roupas leves, leveza na alma, muito mais...
O vídeo é uma lindeza, ritmo delicioso.
Não fora o mar e eu já teria me entristecido com tanta coisa...
O mar cura, recupera nossa energia vital.
Ele é meu grande amor aqui pertinho, Amiga.
Boa viagem!
Fico feliz por você.
Tenha dias abençoados e felizes!
Beijinhos fraternos de paz
Enquanto isso Olívia ,fico te esperando com mantas e casaquinhos leves., as vezes até meia nos pés, porque não é sempre, mas tenho inverno do lado de cá. Dias nublados com azuis dando lugar ao cinza e vamos trocando as estações podendo te ver ao sol junto ao mar, sem meias e com os pés molhados e areados. Também me visto desse momento desigual e voltaremos . Brevemente., cantando com Fernanda de Castro:
ResponderEliminar"Não fora o mar e o meu canto seria flor e mel, asa de borboleta, rouxinol,."
Um abraço ,Olivia
Lindíssimo poema, Olinda! Fernanda tem musicalidade nos versos!
ResponderEliminarQuando ao mar, estou ansiosa para chegar o verão por aqui. rsrsr
Abraço!
Lindo poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarBelo poema!
ResponderEliminarNa 3a estrofe o seus talvez seja meus.
Bela canção, também.
Boas férias!
Abraço
Nunca lera nada dela, embora saiba quem é.
ResponderEliminarTambém gostei de recordar a canção.
Querida Olinda, excelentes férias e carinhoso abraço :)
Lindo poema de Fernanda Castro!
ResponderEliminarGostei do vídeo e te desejo lindos dias ao mar. Que afundes os pés nessas areias branquinhas e mates o desejo de ao mar estar! Tenhas lindos dias por lá!
beijos, chica
Que belo tributo este, Olinda. Ritmo e melodia do poema nos seguram buscando o segredo do poetar maravilhoso de Fernanda Castro. Neste poema, a anáfora intensifica a presença do mar como barreira a dificultar o alcance das pretensões do eu lírico, conferindo ao poema uma dimensão artística aos desejos dele (eu lírico).
ResponderEliminarBoas férias, Olinda!
José Carlos Sant Anna
beijinhos,