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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

"Mãos que falam"





Poucas vezes nos lembramos que a Língua Gestual é uma das três línguas oficiais portuguesas, a par com o Mirandês e o Português.

Efectivamente: 

A 15 de Novembro de 1997 a Língua Gestual Portuguesa (LGP) foi reconhecida enquanto língua da comunidade surda portuguesa pela Constituição da República (Artigo 74, n.º 2, alínea h).

Foi também no dia 15 de Novembro de 1995 que foi criada a Comissão para o reconhecimento e proteção da Língua Gestual Portuguesa e a defesa dos direitos das pessoas surdas.

Não é uma Língua universal porquanto cada país tem os seus códigos. No entanto, no século XIX D.João VI chamou a Portugal o sueco Pär Aron Borg que tinha fundado no seu país um instituto para educação de surdos e logo em 1823 foi criada a primeira escola portuguesa com essa valência. Assim, embora os vocabulários das línguas gestuais portuguesa e sueca sejam diferentes, o alfabeto tem uma origem comum.

É usada por cerca de 30000 surdos bem como pela comunidade envolvente formada por familiares e técnicos da área.

Aprendamos, também, um pouco:



Gestinhos - 
Aprendo Língua Gestual Portuguesa



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Leia:
aqui mãos que falam (artigo de 2023)
aqui Língua Gestual Portuguesa

Língua gestual

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Língua Gestual Portuguesa

Em 29 de Janeiro de 2020, produzi uma publicação intitulada Para lá das palavras - gestos e silêncios, em que falava, entre outras considerações, sobre a Língua Gestual Portuguesa, uma das três línguas oficiais do nosso universo, mal sabendo nós da utilização que ia ter durante o tempo todo do nosso descontentamento e infelicidade, assombrados pela pandemia.



Essa Língua, importantíssima para um enorme número de portugueses, teve durante cerca de ano e meio grande visibilidade. Habituámo-nos a ver aquelas figuras de negro com as suas belas e expressivas mãos que faziam chegar a informação a quem dela precisasse. Figuras algo esquecidas, sem grandes esperanças de uma carreira reconhecida, como vi numa entrevista. 

Li que hoje é o Dia Nacional da Língua Gestual. 

O objetivo deste dia é promover a Língua Gestual Portuguesa e garantir o respeito dos direitos das pessoas surdas. Neste dia os programas televisivos podem apresentar linguagem gestual, assim como se podem realizar cursos e outras iniciativas especiais a valorizar esta silenciosa linguagem. Leia mais aqui

Saibamos dar o devido valor a esta língua que, como vimos, foi de fulcral importância num momento aflitivo para todos.

Boa semana, meus amigos.

Abraços


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queira ler, no Xaile: aqui 
imagem daqui

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Para lá das palavras - gestos e silêncios





Precisamos de silêncio. Ao ruído do mundo deverá suceder necessariamente um vazio, direccionado à percepção do que nos rodeia e no qual os nossos pensamentos terão, em princípio, lugar de destaque. Mas a verdade é que nem sempre é necessário ter pensamentos. Deixar-nos vogar e em simbiose fazermos parte do mundo também é preciso. 

E mesmo quando utilizamos palavras, há instantes que deverão ser preenchidos apenas pela ténue respiração de quem fala, dando a quem ouve espaço para assimilar o que lhe é comunicado. Façamos como na música que tem no silêncio um dos seus elementos-chave. Depois de breves momentos de pausa, as notas reaparecem e elevam-se com renovado fulgor. 


Como é óbvio, não se pretende dizer que deve ser sempre assim em todo o lado e em relação a toda a gente. 

Sabemos por demais que o silêncio absoluto ou demasiado longo, quando acontece, leva a maus resultados pessoais e profissionais, causando problemas insolúveis em alguns casos. 

Contudo, há silêncios e silêncios. Por vezes são pura arte. É o que acontece com a Mímica, conhecida de todos, que leva ao mais alto grau o silêncio, complementado por gestos que nos deixam entrever um mundo quase encantado, uma sequência, uma espécie de bailado, que seguimos com admiração e apreço.

Socorro-me de Claire Miquel, que nos diz isto:

Un art a renoncé à la parole pour glorifier le geste: le mime. Il s'agit en effet d'exprimer toutes sortes de sentiments, de raconter des histoires en n'employant que le langage du corps: postures, gestes, mimiques. Cette technique, qui remonte à l'Antiquité, exige de l'artiste une grande concentration, et bien sûr, une remarquable agilité, qui s'apparente à celle de la danse.* 

É comum dizer-se que um gesto é tão ou mais eloquente que mil palavras e, no caso da Mímica, é toda uma série de gestos que conta histórias de forma graciosa e compreensível. 

Noutro nível, também temos um mundo de quase-silêncio que é povoado de sons, esses, inteligíveis através da agilidade das mãos, presque artistique, permitindo que determinada comunidade possa comunicar-se e entender-se. Refiro-me à língua gestual uma das três línguas oficiais a par com a língua mirandesa e a língua portuguesa. 

De algumas das suas características trata o excerto que, a seguir, transcrevo:

Quando se utiliza a expressão "língua gestual", está a referir-se a língua materna/natural de uma comunidade de surdos: uma língua de produção manuo-motora e recepção visual, com vocabulário e organização próprios, que não deriva das línguas orais, nem pode ser considerada como sua representação, utilizada não apenas pelos surdos de cada comunidade mas, também, pelos ouvintes - seus parentes, intérpretes, alguns professores e outros.** 

E pensar que nós utilizadores da fala tal como a conhecemos e praticamos, tantas vezes nos passa ao lado essa realidade. Mesmo assim, precisamos de gestos, sejam eles simbólicos ou físicos. Gestos de amor, de boa vontade, de bem-querer. Gestos facilitadores de diálogo. Também os há de incompreensão e desarmonia que fecham todas as portas. 




No nosso quotidiano existe um sem-número de gestos físicos que, sem necessidade de palavras, nos fazem entender o que o outro quer dizer, indo da alegria à tristeza, da amizade e à falta dela, do humor e à sua ausência... Nesse aspecto somos bastante inventivos. 

Meus amigos, esta publicação vem completar uma outra que produzi em tempos...

Boa quarta-feira.


Abraços.


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*Claire Miquel - Gestes et postures - pg 123 (in Français 2 - Bien et vite)
**Maria Augusta Amaral, Amândio Coutinho, Maria Raquel Delgado Martins - Para uma gramática da Língua Gestual Portuguesa - pg37

1ª imagem - Língua gestual - Ensino ver aqui
2ª imagem - Marcel Marceau - Wiki
3ª imagem - Rafael Bordalo Pinheiro e Zé Povinho no metro do Aeroporto de Lisboa

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Língua Gestual


Soube através da TV, no último sábado, penso, que uma Turma de Famalicão integra no seu programa a Língua Gestual e que os alunos já se comunicam, efectivamente, por meio desta língua no sentido de interagirem com colegas surdos. Pela importância social desta notícia andei a ver se encontrava o video para a documentar aqui no Xaile. Só hoje o consegui. Ei-lo, AQUI


A seguir encontrei neste interessante blog o seguinte poema, que eu não conhecia, de Manuel Alegre a ilustrar um post de 2009 sobre o dia da Língua gestual portuguesa, 15 de Novembro:

As Mãos


Com mãos se faz a paz se faz a guerra.

Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre