Sentada na borda da cama avaliava a possibilidade de não tomar o comprimido. Tinham-me dito minutos antes: Tome este medicamento para ter uma noite descansadinha. Viremos acordá-la às 6h30. Pensava para comigo que preferia ter uma noite insone do que perder o controlo do meu tempo. Contudo, a situação não me permitia estar com esquisitices. Já eram 22h00 e, na realidade, permanecer em estado vígil não me beneficiaria em nada. E lá me decidi. Pareceu-me que tinham decorrido apenas uns minutos quando ouvi: São horas. Tome o seu banho, vista esta bata e ponha estas meias. Não ponha mais nada. Tome este comprimido e deite-se de novo. Depois viremos buscá-la. Fiz tudo o que me disseram, vagamente incomodada com o 'não ponha mais nada'... A partir daqui, ou talvez mais atrás, o tempo deixou de contar. Ouvi um pouco longinquamente: Vamos levá-la...Teremos percorrido um imenso corredor e descido dois pisos, provavelmente mais um corredor, mas para mim não contou, não aconteceu. Senti que descíamos uma pequena rampa (ilusão?) e entrávamos num espaço largo meio às escuras, talvez com uns pontos de luz difusos aqui e ali, com alguns obstáculos, uma espécie de parque de estacionamento aberto dos lados, num piso superior... Ali, disse eu: Isto está frio. Uma voz de mulher respondeu-me: Sim, isto é um bocado frio.Tinha a sensação de estarem ali duas presenças femininas. A seguir senti que me colocavam em cima algo quente, reconfortante. Voltei a manifestar-me: Agora está quentinho. Pareceu-me que avançavam comigo e que parávamos na parte do parque que tinha mais luz, mas sem a ver. (Estranho, penso eu agora). Uma voz, talvez a que me falara anteriormente, disse-me mansamente: Cheire isto. Cheirei...
Pressenti a sua presença ou talvez me tenha falado baixinho. Dos confins de mim veio-me este pensamento: É a minha estrela d'alva... a minha aurora boreal. Esforcei-me por abrir os olhos. Tentei fixá-la e vi tudo distorcido. Tolamente, disse-lhe:
-Tens quatro olhos.
-Duuuh, mãe...
E riu. Riu, no seu riso fresco, entre aliviada e divertida.
Com isto, apercebi-me de que estava de novo no quarto, agora com uns fios que vinham não sei donde e um aparelhómetro à cabeceira.
E a contagem do meu tempo recomeçou...
Imagem: Internet
Pressenti a sua presença ou talvez me tenha falado baixinho. Dos confins de mim veio-me este pensamento: É a minha estrela d'alva... a minha aurora boreal. Esforcei-me por abrir os olhos. Tentei fixá-la e vi tudo distorcido. Tolamente, disse-lhe:
-Tens quatro olhos.
-Duuuh, mãe...
E riu. Riu, no seu riso fresco, entre aliviada e divertida.
Com isto, apercebi-me de que estava de novo no quarto, agora com uns fios que vinham não sei donde e um aparelhómetro à cabeceira.
E a contagem do meu tempo recomeçou...
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