minha alma
chora sua fome de séculos
Meus olhos crescem
e choram famintos de eternidade
até serem duas estrelas
brilhantes
no céu imenso.
E o infinito se detém em mim
Na noite longa
uma remotíssima nostalgia
afunda minha alma
E eu choro marítimas lágrimas
Enquanto meu desejo heróico
de engolir os céus
se alarga
e é já céu
Tenho então
a sensação esparsamente longa
de vogar no absoluto.
chora sua fome de séculos
Meus olhos crescem
e choram famintos de eternidade
até serem duas estrelas
brilhantes
no céu imenso.
E o infinito se detém em mim
Na noite longa
uma remotíssima nostalgia
afunda minha alma
E eu choro marítimas lágrimas
Enquanto meu desejo heróico
de engolir os céus
se alarga
e é já céu
Tenho então
a sensação esparsamente longa
de vogar no absoluto.
(1939-2009)
Mário Alberto de Almeida Fonseca nasceu a 12 de Novembro de 1939, na Praia. Foi professor de Francês no Senegal e administrador e tradutor na Mauritânia e Turquia.
Tem poemas dispersos em revistas, jornais e antologias - Boletim de Cabo Verde, Seló (que fundou juntamente com o poeta cabo-verdiano Arménio Vieira), África, Internacional, Solidarité, Afrique, África, Raízes, Poésie du monde Noir (Presence Africaine d´Expression Portuguese). Das suas obras constam "O Mar e as Rosas", que foi confiscado em Lisboa, em 1964, aquando do encerramento forçado da então Associação Portuguesa de Escritores, pela Polícia Política.
Sob o título "Mon Pays est une Musique" publicou os livros de poesia: Près de la mer, Mon Pays est une Musique e Poissons. Participou das actividades da Associação de Escritores Afro-Asiáticos (Pequim, 1966), no Simpósio Literário Internacional contra o Apartheid (Brazaville, 1987) e nos Estados Gerais do Livro Francófono (Paris 1989).
O poeta foi colaborador e re-writer do Jornal "A Semana" por longos anos e, recentemente vinha colaborando com alguma regularidade o jornal Expresso das Ilhas. aqui
=====
Poema - daqui
Gostei bastante de a ler. Obrigada pela partilha!
ResponderEliminar.
Mundo louco...
.
Beijo, e uma boa tarde!
Você sempre nos traz figuras importantes da poesia e da literatura. Escolheu um lindo poema para homenagear o autor, cuja biografia gostei muito de conhecer. Bjs.
ResponderEliminarMário, oh, Mário...
ResponderEliminarAssim tu me deixas
maluco. Mário, Mariozinho,
Maneco, Manequim. Manequim
deveria ser o teu nome se não
existisse Quintana para servi-lo.
Um beijo e boa noite.
A sério, Sílvio Afonso?
EliminarÉ o que se lhe oferece dizer?
:)
Um poeta que conheço muito pouco e que gostei de ler.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Oi Olinda
ResponderEliminarGosto das tuas escolhas> Um poema intenso que nos amarra no contexto tão lindo
Gostei de ler a biografia deste poeta que eu não conhecia
Beijinhos minha querida amiga
Um poema magnífico!
ResponderEliminarGostei sobremodo de conhecer o poema e o autor. Um 'curriculum' surpreendente!
A noite foi longa para os de cá e para os de além-mar.
A censura policial sobre tudo o que se escrevia foi uma das piores vilanias da ditadura.
Agradeço ter conhecido o Poeta. Lura tem uma voz muito bonita...
Beijinhos, querida Olinda.
~~~~~~
"O infinito se detém em mim"... Só pode ser assim, porque poetas com esta sensibilidade roçam o infinito de todas as emoções. Gostei de conhecer aqui este poeta, para mim desconhecido. Tenho tanto para aprender...
ResponderEliminarUm bom fim de semana, minha Amiga Olinda.
Um beijo.
Grande Poesia de Mário Fonseca, Poeta que não conhecia mas deixas algumas dicas para eu poder fazer o trabalho de casa.
ResponderEliminarTe fico grato, Olinda, pela partilha e alargamento de horizontes que, eventualmente, estão menos abertos.
Beijo
SOL
"fome de séculos" - a alma!
ResponderEliminar"famintos de eternidade" - os olhos
no mundo "sulfuroso", que por vezes vem bater à porta
e em que raras vozes chegam ao céu
o Poeta traça em dois versos
todo um programa de resgate das "marítimas mágoas"
e de conquista do Céu.
gostei muito, Olinda
beijo
Precioso poema de Mario Fonseca, gracias por compartirlo.
ResponderEliminarTe agradezco tu comentario en mi blog.
Besos.
É nas noites longas que a nostalgia mais aperta o coração.
ResponderEliminarLindíssimo poema, desconhecia o poeta, obrigado pela partilha.
Beijinhos
Esparso e absoluto como o pulsar poético.
ResponderEliminarUm poema que nos redimensiona.
A poesia é esta gratificação permanente.
Beijo, querida Olinda.
Poema que expressa enorme sensibilidade, grandioso em expressão!
ResponderEliminarObrigada por compartilhar e me dar a conhecer o autor.
Boa noite e ótima semana.
Beijo querida amiga.
Excelente poema que, apesar da contenção provocada pela nostalgia em que imerge, conduz a uma libertadora ascensão.
ResponderEliminarSaudações poéticas.
Juvenal Nunes
Fabulous blog
ResponderEliminarExcelsa partilha, amiga Olinda, como sempre, aliás!!!
ResponderEliminarPassei para deixar um bjinho e votos de dias harmoniosos, se bem que tudo esteja demasiado ensombrado!