segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Mãe-coragem

Se tivesse de escolher ou optar por uma figura emblemática dos últimos tempos escolheria uma Mulher que me tem impressionado sobremaneira, que tem engolido as lágrimas, fazendo das fraquezas força. Na sublimação da sua dor procura justiça e nessa busca engloba todos os que estão a sofrer uma dor como a sua.  


























Nela vejo todas as mães que perderam os seus filhos naquela fatídica noite de 17 Junho ou nos dias infernais começados a 15 de Outubro, ou em situações similares; aqueles que perderam os seus familiares, os seus amigos, os seus vizinhos; todas as pessoas cujas vozes não se ouvem e que no seu sofrimento vêem os seus dias e noites povoados de fantasmas.

Nádia Piazza é a figura materna que elejo. Ela não se isola, abraçando a sua desgraça. Carrega com ela, quais filhos desprotegidos, todos os que viveram aqueles momentos de horror e pede perdão às vítimas dos incêndios de Outubro, por achar que não cuidou delas como devia

Da mesma forma que fiquei sem palavras aquando dos incêndios de Pedrógão Grande, retirando-me por algum tempo do Xaile de Seda, também agora não me vejo capaz de dizer tudo o que sinto ao ouvir a voz embargada dessa mulher que deseja honrar a memória do seu filho de 5 anos, amando e dando a mão ao seu semelhante.

Bem-haja, Nádia Piazza!

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Imagem: daqui

4 comentários:

  1. Reduzo-me ao silêncio perante a grandeza dessa mulher. Se eu perdesse um filho tão pequenino, não conseguiria sair do casulo da minha dor durante muito, muito tempo.
    Beijinho a todas as mães que sofrem pelo mesmo motivo
    Ruthia

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  2. OI OLINDA!
    HOMENAGEM MERECIDA.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  3. Ninguém, com o minimo de sensibilidade se sente capaz " de dizer tudo o que sente " ao ter conhecimento da atitude desta mãe. Perder um filho é uma dor que acompanhará a mãe até ao fim dos seus dias e, embora não saiba o tamanho dessa dor, o meu coração aperta só de imaginá-la. Não conhecia esta mulher apesar de ter acompanhado os tristes acontecimentos dos incêndios e fiquei muito sensibilizada com o seu amor ao próximo, tendo no coração a maior dor que uma mãe pode ter. À tua homenagem eu junto a minha e, na impossibilidade de lhe dar um forte e sentido abraço, deixo-o aquincom toda a minha admiração e respeito. A ti, Olinda, também te agradeco muito por nos dares a conhecer este lado fantástico de um ser humano, um acto que nos dá esperança numa mudança de mentalidades. A comunicação social perde-se muito a mostrar as desgraças e esquece-se de homenagear esta MULHER e tantos outros heróis anónimos que nos fazem acreditar no ser humano,. E há tantos por aí, amiga, não é verdade?
    Como te disse no e-mail, a tua atitude foi para mim como um forte abraço, o abraço que eu gostaria de poder dar a essa SENHORA. Muito obrigada e que estes grandes " mimos " que dás aos outros te sejam devolvidos em dobro pela vida. Então, aqui fica o meu abraço forte e
    agradecido
    Emília

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  4. há mulheres assim (e também homens) que erguem para além dos limites e, sem o desejarem, se constituem como exemplo e modelo de dignidade e coragem.

    gosto da tua "Mãe Coragem", merecedora de figurar na obra de Brecht, sem dúvida

    abraço, minha amiga

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