Tema que faz sentido. Importante parar e fazer uma viagem introspectiva, recordar um pouco do que se passou durante a Pandemia e ter consciência do que se passa dentro de nós. Todos os momentos aflitivos que nos envolveram, a crença de que a nossa espécie estaria em vias de extinção, apesar de outras pandemias já terem acontecido, tudo nos fez sentir-nos pequeninos e sem capacidade de ultrapassar a situação. Contudo, no meio desse terror vimos pessoas a ajudar, sacrificando-se a si e à privação da família o que nos trouxe a certeza de que no ser humano existe esse belo sentimento que é a solidariedade. Muitos foram atacados pela doença, muitos perderam entes queridos.
Tivemos logo a seguir e eclosão da guerra na Ucrânia que muita dor trouxe aos naturais e continua a massacrá-los. Nessa altura tivemos a oportunidade de constatar que o apoio às pessoas que fugiam também se fez sentir. Dias terríveis de êxodo de milhares, com crianças e pessoas idosas arrancadas do seu torrão natal. Mas também continuam a lavrar conflitos em outros lugares seja da Africa, da Ásia situação que já tive ocasião de assinalar.
Todos os dias sentimos essa espiritualidade que nos envolve nas situações difíceis. É certo que no quotidiano notamos egoísmos e falta de atenção para com aqueles que têm menor sorte na vida. Por vezes temos a sensação de que não evoluímos como deveríamos...
Insiro abaixo um poema de Gastão Cruz, intitulado "O teatro das cidades", mas diria que também envolve os campos e todo o espaço que ocupemos neste nosso planeta:
Festejar o Natal com familiares e amigos é muito bom. Mormente com amigos que ganhamos porque são generosos e desejam dar as mãos e comemorar a vida e o prazer de estarmos juntos. Assim, não interessa se estamos aqui ou no outro lado do Atlântico. Hoje em dia as distâncias são curtas e depressa chegamos uns aos outros, com palavras de amizade e de estímulo.
Assim fez a Amiga Rosélia trazendo-me o convite para participar na "X Interação Fraterna de Natal - Tema: Minha Noite de Natal", o que muito me sensibilizou e, claro, aceitei-o reconhecida. Na minha Noite de Natal estarei acompanhada por familiares, ainda não sei bem se será cá em casa ou se na de outro familiar, mas o importante é estarmos todos juntos e em harmonia. Fiz em tempos um post sobre a Consoada - Natal à Portuguesa e, essencialmente, em termos de iguarias, a minha Noite de Natal não diferirá muito do que escrevi nessa altura. Este ano a pedido dos vários comensais que, para minha alegria, integram a minha mesa, vou fazer bacalhau de alguidar. É um prato que se pode pesquisar na net. Fatalmente aparecerão as tais fatias douradas ou rabanadas e o arroz doce aldrabado, como refiro na publicação. E mais uns docinhos, miminhos de Natal, frutos secos, alguns presentes debaixo da árvore de Natal e uma pequena imagem de José, Maria e o Menino, que comprei há dias na Feira de Natal do Rossio, em Lisboa, relembrando um pouco o tempo em que o Presépio era o centro da casa.
Ali visitei algumas das tendas da Feira e achei engraçada a do Pai Natal, com uma janelinha amorosa, cuja foto vos deixo aqui. Lá dentro havia de tudo quanto é bonecos alusivos à quadra festiva, postais, saquinhos, meias, enfim uma parafernália imensa, aquelas inutilidades que, no entanto, nos fazem sentir imbuídos do espírito natalício. Tempo ainda para registar a visão de Vinicius de Moraes, sobre o que, para ele, seria o Natal: POEMA DE NATAL
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos — Por isso temos braços longos para os adeuses Mãos para colher o que foi dado Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer Uma estrela a se apagar na treva Um caminho entre dois túmulos — Por isso precisamos velar Falar baixo, pisar leve, ver A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço Um verso, talvez de amor Uma prece por quem se vai — Mas que essa hora não esqueça E por ela os nossos corações Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia Para ver a face da morte — De repente nunca mais esperaremos… Hoje a noite é jovem; da morte, apenas Nascemos, imensamente.