Nos dias em que nada vale a pena,
E em que as árvores amigas
São iguais e estão vistas,
A vida é tão parada e tão serena
Que afinal já não há que contar mais,
E prevejo com olhos anormais,
As coisas imprevistas…
Nos dias em que são cinzentos os meus céus
- O de dentro e o de fora –
E é vaga esta noção de um velho Deus,
Que me não manda embora
Deste espectáculo estafado
Em que de cor sei dizer
O que me foi ensaiado
E o que todos vão fazer,
Tenho inveja dos homens convencidos
Que nem sequer sonharam
Que poderia haver paraísos perdidos,
Ainda não decifraramEsta charada em que andam envolvidos
E pensam que, vivendo, triunfaram
Da Vida em que os que sonham são vencidos.
Francisco Bugalho
In: 'Canções de entre Céu e Terra'. Ver :'o poeta que pintou a natureza'
Imagem:Paraíso perdido - net
Bom dia
ResponderEliminarA vida e as cores de que se veste poderão ser ou parecer iguais na nossa caminhada.
Penso que poderão ser diferentes se tivermos e quisermos viver com mais esperança.
...e Deus é nosso amigo.
EliminarCaro Luís
E, na verdade, a Natureza é uma fonte de vida e de cores. Por toda a parte vemos esta festa que muitas vezes não vemos, na nossa preocupação de correr atrás de coisas que nem sempre merecem a pena.Todas as estações do ano trazem a sua magia, cada uma com as suas características próprias o que nos mostra a multiplicidade de que se compõe. Assim como nós, seres complexos. Ao fim ao cabo trazemos no nosso íntimo a solução para muitos dos nossos problemas.
A Esperança, um caminho promissor nesta nossa caminhada.
Um bom fim de semana.
Abraço
Olinda
Excelente escolha...
ResponderEliminarConvida à reflexão pelomuito que diz em pocos versi«os: uma mensagem riquísima de sentidos...matáforas que desvendamos e decompomos devagar....como quem saboreia "paraísos perdidos,"...
BJ
EliminarOlá, BlueShell
Concordo contigo. Penso que o autor permite-nos, com as suas palavras, entrever a rotina de um mundo que não nos levanta do chão. Falta de ideias, falta de sonhos? Desvendando e decompondo metáforas, analisando os dados da nossa vida quotidiana, detendo-nos nos pormenores, talvez cheguemos a encontrar o paraíso perdido dos valores e da ética.
Fernando Bugalho atravessa o tempo e enquadra-se perfeitamente no nosso tempo, através das palavras desta sua mensagem.
Beijos
Olinda
Minha querida
ResponderEliminarUm poema que nas entrelinhas fala tanto e tão actual.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Querida Sonhadora
EliminarÉ interessante verificar como a 'actualidade' viaja através das épocas e, dando razão aos que defendem que vivemos em ciclos históricos,detectamos, quase sempre, em ideias expressas noutros contextos, noutras vidas, algo, alguma coisa que nos diz respeito, que mexe connosco, não é?
Por isso é que os escritores, poetas, pensadores,são tão importantes para nos situarem no tempo e através dele, chamando a nossa atenção, com a sua sensibilidade, para a necessidade de estarmos presentes quando a sociedade atinge níveis incomportáveis de carências espirituais e materiais.
Beijinhos
Olinda
Nossa que intnsidade e é bonito. Olinda vim te abraçar, é bom estar de volta junto as pessoas queridas minhas. Beijão linda!
ResponderEliminar
EliminarQuerida Fernanda
Muito obrigada por ter aqui vindo dar-me parte do seu regresso e, também, por partilhar a sua felicidade com os amigos. Já fui visitá-la e aproveito agora para lhe desejar as maiores felicidades na sua nova vida, na construção da sua história a dois.
Beijinhos
Olinda
Belo poema, profundo e real. É assim que nos sentimos muitas vezes...sentimos que nada vale a pena...que andamos aqui " por ver andar os outros" como se costuma dizer. Andam cinzentos os dias...as almas e frios os corações. Mas não nos adianta pedir à vida que nos afaste disto, pois ela só nos leva quando quiser. Temos que fazer como diz o Oswaldo Montenegre: " pensar em coisas lindas " quando o desanimo chega. Muito obrigada, Olinda por este belo momento. Fica bem, amiga! Um beijinho
ResponderEliminarEmília
EliminarE há tantas, tantas, não é amiga? Li o teu post com a intervenção de Oswaldo Montenegro e deliciei-me com as mil opções de 'coisas lindas' que o optimismo nos apresenta, um caminho que nos favorece em todos os sentidos.
Lembro-me agora de um texto que encontrei na Net com o título, se não me engano, 'As coisas boas da vida são simples' e que, na altura, publiquei. Tive aqui a vossa presença e falámos imenso sobre isso, perante a maravilha que é tudo o que nos acontece de bom, no dia-a-dia, e a que nem sempre prestamos atenção.
E não há dúvida, em relação à vida, é bom mesmo sermos nós a tomar as rédeas do nosso destino, não virando o rosto às dificuldades.
Querida Emília, desejando um excelente fim de semana.
Beijinhos
Olinda
Olá amiga!
ResponderEliminarAntes de mais obrigada pelo cuidado e pela presença solidária no meu blog.
Este é um poema bem actual. Estamos nós também envolvidos nessa charada tão arreliadora!
Um abraço .
M. Emília
EliminarOlá, Maria Emília
Folgo com o seu regresso, sinal de que terá resolvido os problemas relacionados com as tempestades.Felizmente, nos últimos dias, o tempo tem-se apresentado de feição.
Tem razão, charadas quase insolúveis, com um desenvolvimento diário alucinante. Cada dia que passa, um episódio mais completo que o outro.
Um bom fim de semana.
Bj
Olinda
Poemas assim, fazem refletir, profundamente!
ResponderEliminarComo viver sem sonhar, quando é o sonho que alimenta o viver?
Um beijo, Olinda!
EliminarOlá, querida Lúcia
Apetece dizer como o nosso grande poeta F.Pessoa 'Deus quer, o homem sonha, a obra nasce' na sua preciosa obra 'A Mensagem'. É certo que ela foi escrita para assinalar a expansão portuguesa, logo com um intuito definido, mas são palavras que, pelo seu sentir poético, nos remetem para a necessidade de sonhar.
Quase que ouso dizer que o materialismo ou um certo economicismo está a retirar-nos esta capacidade. E o sonho realmente alimenta a Vida; tudo começa pela elevação do pensamento, pelo desbravar de horizontes e debate de ideias.
Beijo
Olinda
Só não vence
ResponderEliminarquem não luta
EliminarPois é verdade, remar, remar sempre, procurando arar o mar e vencer os ventos 'contrairos'.
Abraço
Olinda
Querida amiga
ResponderEliminarTambém sinto
esta inveja...
Que todos os dias
os sonhos nasçam em ti,
como nasce o sol pela manhã...
EliminarOlá, Aluísio
Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida - diz outro poeta da nossa língua comum, António Gedeão.
Obrigada, amigo, por esses votos tão lindos. A capacidade de sonhar mostra que estamos vivos e que conservamos em nós a chama de querer superar-nos e afastar o comodismo.
Abraço
Olinda
Temos que ter mesmo confiança nos novos dias.
ResponderEliminarO nascer do Sol é mágico.
Bom fim de semana.
Bjs.
Irene Alves
Olá, Irene
EliminarA confiança e a fé em nós mesmos de que somos capazes de uma renovação de mentalidade. Estamos, segundo parece, numa fase de transição para uma outra era. Conscientes disto urge viver o presente preparando o futuro.
E o Sol é mágico. Com ele tudo parece mais fácil. Mas também gosto de tempo chuvoso, de algum nevoeiro. Acredita? Trazem-me saudades indefinidas de um tempo já vivido ou que ainda viverei.
:)
Bjs
Olinda
Olinda... A Sabedoria dos que buscam o Paraíso é algo tão maravilhoso, que desperta em mim a vontade de viver, viver, viver, viver...
ResponderEliminarMeu Deus! Quão lindas são as almas daqueles que buscam a verdadeira Sabedoria!
Sem dúvida nenhuma, estão mais próximos do Paraíso do que os que se vangloriam em NÃO SONHAR!
Um abraço fraterno a ti amiga, obrigado por tuas palavras sempre Sábias, e de quem enxerga o mundo com a sapiência dos Mestres.
Um forte abraço, beijos em teu coração.
Meu amigo Antônio
EliminarJá tinha saudades das suas palavras veementes e apaixonadas, aqui no Xaile. Palavras de quem sabe dar valor ao sentido da Vida, sem perder de vista a nossa condição humana, carentes que somos daquele toque de espiritualidade que nos eleva e nos leva a fazer coisas sublimes, não raras vezes.
É o que acontece, penso, com este nosso poeta que nos coloca estas interrogações e nos faz porfiar na procura da Verdade e da Sabedoria.
Foi sempre assim, não é? E assim será, talvez, enquanto o mundo for mundo.O ser humano continuará o seu caminho à procura da Perfeição e do Sonho. Uma necessidade intrínseca.
Um bom domingo.
Abraço
Olinda
Querida amiga
ResponderEliminarAlém de reler este
texto,
passo para deixar
que fique a vontade
para utilizar os
textos que desejares
em teu precioso
espaço de sentimentos.
Para mim,
é um maravilhoso presente.
Aluísio Cavalcante Jr.
EliminarCaro Aluísio
Tão lindo e abnegado o teu gesto! Agradeço-te de todo o coração a permissão que me dás de trazer para o Xaile algumas das tuas palavras. Eu é que me sinto privilegiada com isso.
Aviso-te quando eu lá for, sim?
:)
Abraço
Olinda
Momentos de reflexão poética.
ResponderEliminarMomentos em que os olhos cansados já não alcançam mais que a monotonia dos dias, das horas e das cores ou ainda dos conceitos conhecidos.
Penso que a nossa posição será fugir deste "estado" e sonhar, amar, viver até para lá das estrelas e das coisas nunca vistas...
EliminarCaro Luís
São momentos como este que nos fazem sentir mais próximos porque vamos trocando ideias, indo de tentativa em tentativa ao encontro daquilo que poderia ter sido o intuito dos autores ao escreverem determinados textos poéticos ou prosa.
O Luís disse uma coisa que me fez lembrar Descartes na sua dúvida metódica, 'Discurso do Método', que estou a reler, ao referir-se aos 'conceitos conhecidos'. De facto, ele resolve, no seu percurso, pôr de lado os conceitos e o método adoptados até à altura e tentar um outro caminho, produzindo novas ideias, logo, novos conceitos, a partir das ideias que nos são inatas. Claro que uns anos mais tarde os empiristas iriam contrapor esta tese com a de que todo o conhecimento é atingido através da experiência.
São discussões como estas que nos permitem ir desbravando céus e terra 'para lá das estrelas e das coisas nunca vistas...', e que nos conduzirão, quem sabe, à produção de vias e canais para um melhor entendimento entre as diversas partes que constituem a sociedade.
Meu amigo, foi um prazer, obrigada por este momento.
Abraço
Olinda