terça-feira, 20 de junho de 2023

Oito individualidades memoráveis (1)


A Revista Visão na sua edição de 15/6 a 21/6, apresenta oito escritores/poetas do Século XX, que considera um pouco esquecidos.

São eles:

Aquilino*, Torga, Régio, Sena, Namora, Sérgio, Nemésio* e Fonseca
(são apresentados na capa da revista assim, num primeiro momento, sem o respectivo apelido)

E diz:

Foram no Século XX referências culturais, éticas e políticas, mas hoje são quase ignorados pelas novas gerações. A sua memória não pode cair no esquecimento.

Pela parte que me toca, (no que se refere à divulgação) têm sido todos publicados neste blogue o que não obsta a que continue a fazê-lo.

Assim, todos os meses vou publicar um deles, começando desde já com
Manuel da Fonseca.





Amigo,

tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!

Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.

in "Poemas Dispersos"


Manuel Lopes Fonseca, mais conhecido como Manuel da Fonseca (1911-1993) foi um escritor (poeta, contista, romancista e cronista) português.
...

A 25 de outubro de 1983, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Em sua homenagem, a Escola Secundária de Santiago do Cacém denomina-se Escola Secundária Manuel da Fonseca e as bibliotecas municipais de Castro Verde e Santiago do Cacém, Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca.





Quando um homem quiser
Poema de
Ary dos Santos


Boa semana, amigos.
Olinda


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Poema e imagem - citador
*Aliás, todos são referidos pelos apelidos, exceptuando-se Aquilino Ribeiro e Vitorino Nemésio.

17 comentários:

  1. Olá, querida amiga Olinda!
    É impressionante como a amiga tem desvelo pelas coisas que têm valor.
    A letra da música é muito bonita, ouvindo e refletindo... Natal é quando nasce uma vida...
    "tu que choras uma angústia qualquer".
    Percebo uma grande angústia que leva o amigo a derramar pranto.
    Não se chora por bobagens, pelo menos os sensatos.
    A dor do mundo é muito grande, bem sabemos e é o que nos consola.
    Bonito sentir a dor do outro como um (a) irmão (ã), empatia é o nome de tal sentimento e está no coração do (a) nosso (a) amigo (a) do coração.
    Que Deus nos faça renascer a cada dia!
    Nada como um dia após o outro.
    Uma mensagem muito profunda e oportuna.
    Deus abençoe você e sua família!
    Beijinhos

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  2. Hermoso poema . Te mando un beso.

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  3. Uma boa iniciativa Olinda este respeito aos grandes poetas e tornar viva suas obras em postagens. Um poema forte engajado que me agradou conhecer e ler. Vou gostar de acompanhar esta ideia.
    Grato pela partilha.
    Abraços e feliz semana iluminada.

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  4. Todos grandes poetas sem dúvida. Gosto de ouvir Paulo de Carvalho
    .
    Saudações cordiais … um dia feliz.
    .
    Pensamentos e devaneios poéticos
    .

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  5. Bem escolhido. Saúdo a homenagem a que me associo.
    Um abraço.

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  6. Que linda poesia e é bom "acordar" cada um deles... Uma bela iniciativa. Será lindo acompanhar essa série! beijos, ótimo dia! chica

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  7. Realmente, poemas assim não podem ser esquecidos!
    Maravilhoso!
    Tenha um lindo dia, grata pela partilha.

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  8. Uma ideia fantástica, a tua, Olinda! Cá estarei a acompanhar-te, lembrando estas figuras GRANDES que andam um pouco esquecidas. Gostei muito de recordar esta canção que nos lembra que " somos todos irmãos " e que o Natal poderia ser em qualquer mês do ano; a data será sempre a estipulada, mas a solidariedade que aparece, como por magia, em Dezembro, bem que poderia manter-se em todos os meses do ano, porque em todos eles há pessoas a viverem ao relento, há crianças à espera de um brinquedo, há muitas também sem um tecto que as abrigue das intempéries. Sabes, uma coisa, Amiga,? Há muito que penso que não deveriamos dizer aos pequeninos que é o Menino Jesus ou o Pai Natal a trazer-lhes os presentes, porque, o que pensarão as que não recebem nada ou então apenas um brinquedinho , tantas vezes usado? Portaram-se bem, e afinal o vizinho recebeu uma linda bicicleta e ele um carrinho de plástico que nem sequer pediu. Deve ser uma sensação muito triste e incompreensivel para as crianças. Mas é assim a tradição e continuaremos a mantê-la Como diz o Manuel da Fonseca, vivamos de olhos bem abertos para que possamos ajudar ; acordemos para a vida que não é bela para todos e assim seremos mais felizes; ela é muito curta, Amiga! Obrigada pelo belo post que nos deve levar a uma profunda reflexão Beijinhos e que a saúde esteja sempre presente em todos vós
    Emilia

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  9. Querida Olinda, muchas gracias por estos descubrimientos, amiga. Besos

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  10. Olinda,
    Muito obrigada por
    essa publicação que muito
    mostra e soma.
    Bjins
    CatiahoAlc.

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  11. Penso que qualquer um desses nomes deixou uma obra que já lhes garantiu a imortalidade.
    Aqueles que fazem parte dos currículos escolares estarão na rota de conhecimento dos jovens.
    O valor desses autores é inquestionável, é importante recordá-los e o seu blog está de parabéns por evocá-los.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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  12. Não conhecia Manuel da Fonseca, mas por essa amostra vejo que
    foi um grande poeta. Agradeço, amiga Olinda, pela ótima partilha.
    Uma boa semana, com meu abraço.

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  13. Todos esses escritores/poetas nos deixaram uma obra notável.
    Lindo poema de Manuel da Fonseca, excelente escolha.
    Beijinhos

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  14. Numa altura difícil da minha vida, tive este poema à cabeceira da cama e, todas as noites, antes de adormecer, lia-o como se fosse uma prece. Fez-me bem. fez-me reagir e deixar de ter pena de mim mesma. Fez-me acreditar na vida. Obrigada por o publicar aqui. O Manuel da Fonseca foi um poeta cheio de humanidade. Os seus contos falam da vida. Toda a obra que nos deixou nos lembra o Homem autêntico que era. Não podemos esquecê-lo nunca.
    Tudo de bom, minha Amiga Olinda.
    Um beijo.

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  15. Lindo poema, Olinda.
    Obrigada por compartilhar.
    Um carinhoso abraço.
    Verena.

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  16. Tive o imenso gosto de falar com Manuel da Fonseca depois de uma palestra sua no local onde vivo.

    Extraordinário contador de histórias e um escritor de enorme qualidade : li quase tudo quanto escreveu .

    Tem ainda a seu favor, para mim, ser alentejano .

    Parabéns pela sua iniciativa.

    Querida Olinda, abraço e que seja bem alegre o seu Verão.

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  17. Boa tarde Olinda,
    Tenho em mãos essa Revista Visão para ler o artigo, que em boa hora foi publicado, e ao qual a Olinda dá o devido relevo.
    Gostei imenso do poema de Manuel da Fonseca e da música de Paulo de Carvalho.
    Belo tributo a Manuel da Fonseca.
    Beijinhos,
    Ailime

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